Quatro ✓

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Mas uma Obra original da minha autora preferida  JulieteBs
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Os olhos castanho se abriram cautelosamente, pois os raios fortes de sol atingiam-lhe o rosto. Soltou uma longa respiração e se espreguiçou, levando uma de suas mãos até seu olho esquerdo e o coçando.

Era, deserto, muito cedo ainda; seu relógio biológico soava sempre junto com o nascer do sol, fazendo
-a acordar mesmo se tivesse dormido bem tarde na noite anterior.

O frio era ainda mais intenso do que pela madrugada, Priscilla achava o frio daquele horário do dia o pior de todos os horários. Ela pegou sua escova de dentes e, junto com uma garrafa de água, sua toalha de rosto e um copo plástico, ela saiu do caminhão. Se debruçou sobre a beira da estrada e começou a escovar seus dentes. Resmungou algo quando vestígios de água respingaram em sua roupa e ao terminar sua higiene matinal deu uma olhada no cenário ao seu redor.

-- Bom dia! -- A moça que dormia na cabine, aparentemente, havia despertado, dando um leve susto em Priscilla.

-- Dia! -- Priscilla respondeu cética. -- Se quiser escovar seus dentes eu tenho uma escova extra no meu porta-luvas.

-- Faria mesmo a gentileza de me ceder sua escova nova? -- Naty perguntou contente e Priscilla acenou, indo buscar o objeto. -- Oh, céus, obrigada. -- A garota agradeceu assim que Priscilla lhe entregou a escova de dentes.

-- Desculpe ter esquecido a porta do caminhão aberta. Tenho o hábito de acordar só e...

-- Não se preocupe. -- Naty disse após terminar de escovar seus dentes e jogar um pouco de água em seu rosto. -- Eu já estava acordada, de todo o modo.

-- Certo. -- Priscilla disse, caminhando outra vez para o caminhão. Naty entrou no mesmo e se sentou ao seu lado, esperando Priscila ligar o caminhão, no entanto, ela não o fez.

-- Não irá dirigir agora? -- A garota perguntou curiosa.

-- Não. Esperarei as garotas acordarem. É proibido transportar pessoas na parte de trás. Só faço isso à noite e mesmo assim nem sempre. É perigoso.

-- Oh. -- Naty expressou, vendo Priscila pegar algumas coisas no isopor.

-- Sirva-se. -- Ela disse séria e Naty sorriu sem graça antes de pegar um sanduíche para si e uma garrafinha de suco. -- Dormiu bem? -- Priscila perguntou de repente. -- Eu sei que não é um lugar muito confortável, mas infelizmente é o melhor que posso te oferecer.

-- Dormi muito bem na verdade. -- Respondeu com um sorriso puro.
-- À propósito, não deveria me ceder sua coberta. Acordei de madrugada e te vi encolhida em seu banco, desculpe. -- Disse, dando uma mordida no sanduíche.

-- Não se preocupe, sou mais acostumada do que você a esta vida de estrada. -- Priscilla disse sinceramente. -- Esta noite dormiremos em um hotel; precisamos de uma noite descente de sono e de um bom banho. -- Naty empalideceu ao ouvir aquilo.

-- Será que eu... hm, poderia dormir em seu caminhão? -- Priscila franziu o cenho em confusão.

-- Por que, se estou dizendo que teremos uma cama confortável à nossa disposição?

-- Eu, hm... -- Enrubesceu e olhou para baixo. -- Não tenho dinheiro para pagar um hotel. O dinheiro que eu tenho é para outra coisa.

-- Não posso me dar ao luxo de te pagar um quarto, mas se não se incomodar pode dividir o quarto comigo e com a Ally. Só tem duas camas, mas a gente dá um jeito. Qualquer coisa posso dormir no chão ou...

-- Não quero me aproveitar de sua hospitalidade. Realmente posso dormir aqui. -- Naty disse prontamente.

-- Pois eu me oponho. Você dormirá conosco em um quarto descente. -- Priscila disse solenemente e Naty soltou uma risadinha gostosa. -- Do que ri?

-- Você é sempre tão séria assim? -- Perguntou em um sorriso. Priscilla soltou um resmungo baixo e lhe encarou.

-- Não sou séria.

-- Bem, desde que cheguei só te vi séria.

-- Bem, desde que chegou não tive motivos para rir e que eu saiba eu ainda não bati forte com minha cabeça a ponto de rir do nada.

-- Oh, desculpe. -- Natalie pediu desconcertada pela resposta que ganhou de Priscila. A mais velha suspirou e meneou a cabeça.

-- Não! Me desculpe você. -- Disse ela. -- É que não sou acostumada a falar com pessoas além de minhas irmãs e minha cunhada. Minhas respostas se moldaram à forma como lhes respondo. Eu não tive a intenção de ser rude.

-- Tudo bem. -- Naty respondeu, comendo em silêncio e admirando a bela paisagem através da janela da frente. -- Então, qual é a sua história? -- Ela perguntou após algum tempo.

-- Eu não tenho uma história.

-- O quê? -- Naty proferiu rindo. -- Claro que tem. Me diz! Um ex-namorado que partiu seu coração? Uma família que te espera voltar ansiosamente? -- Priscila torceu a boca e Natalie prosseguiu. -- Vamos lá, todos temos uma história.

-- Qual é a sua? -- Priscila perguntou, vendo Naty sorrir e franzir os olhos.

-- Hey, eu perguntei primeiro. -- Priscila nada disse. -- Se eu te contar a minha você me conta a sua?

-- Talvez.

-- Priscila!

-- O meu talvez é tudo o que você tem, senhorita Smith. -- Natalie bufou e assentiu.

-- Bem, cresci no litoral; fui criada por meus avós grande parte da minha vida; sou solteira... -- Os olhos castanhos analisaram meticulosamente os orbes castanha em busca de tentar reconhecer se aquela informação lhe agradava, no entanto a mulher permaneceu imóvel. -- E estava indo para San Diego visitar o túmulo de minha mãe.

-- Certo.

-- Sua vez.

-- Como eu disse, eu não tenho uma história. -- O risinho nasalado de Naty fez Priscila lhe encarar.

-- Você me enganou.

-- Pelo contrário, te disse a verdade desde sempre.

-- Tudo bem. Dirige desde que idade? -- Naty perguntou, vendo Priscila rosnar algo baixinho.

-- Você faz perguntas demais, Natálie.

-- E você dá respostas de menos.

-- Você não precisa saber da minha vida pessoal. Isso é apenas uma carona; não seremos amigas para toda a vida, daquelas que trocam mensagens após uma longa aventura.

-- Você é bastante mal humorada para uma mulher de vinte e sete anos. -- Naty constatou ainda com um meio sorriso em seus lábios.

-- E você é bastante intrometida para uma de vinte e seis. -- Naty se calou diante daquilo. Não iria arruinar sua única carona por discutir com uma garota teimosa e ranzinza.

A porta foi aberta por uma Emma faminta e calada. Seu bom-humor matinal era nulo e por isso Priscila nada disse.

-- Bom dia, Emma! -- Natálie saudou.

-- Fale comigo depois das dez da manhã. Por esse horário de agora sou movida unicamente a fome. -- Naty se encolheu no banco ao ter recebido uma patada de uma segunda pessoa em menos de cinco minutos. O mau-humor pela manhã naquela família era nítido.

O olhar de Priscilla pousou em Naty ao notar a garota corar diante da falta de educação tanto dela como de Emma.

-- Natalie, eu não quis...

-- Tudo bem, Priscilla. Você tem razão. É só uma carona. -- Priscilla assentiu, mas se sentiu levemente molesta com algo que não sabia o que era.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝐔𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐚𝐢 𝐍𝐞𝐝 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora