Dezessete ✓

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Obra original de umas das minhas autoras preferida JulieteBs



-- Por que ela teve que sair na chuva? -- Emma perguntou ao olhar o rosto quase sem cor da garota que dormia no banco de trás. Ally usava um pano molhado para colocar sobre sua cabeça, com a intenção de diminuir a febre que havia aumentado drasticamente.

-- Eu não tenho dinheiro... -- Natalie murmurou, respirando com certa dificuldade. -- Ainda não...

-- Ela está delirando. -- Regina disse preocupada e Priscilla sentiu-se ainda mais culpada pela noite passada.

-- Estamos quase chegando. -- Priscilla informou.

-- Na farmácia? -- Regina perguntou e Priscilla resmungou algo somente para si.

-- No hospital, Gina. Febre muito alta é perigoso.

-- Você saiu totalmente fora do seu caminho para levá-la ao hospital?
-- A branca perguntou surpresa e ao mesmo tempo orgulhosa.

-- Não. Ainda estou na estrada e é você que está alucinando ao invés de natálie. -- Priscilla respondeu rudemente.

-- Mamá... -- Natalie voltou a murmurar e Priscilla se concentrou em orar para que a pobre moça ficasse bem.

Meia hora depois elas chegaram no hospital e Priscilla estacionou do outro lado da rua. Emma pegou Natalie no colo e a colocou no colo de Priscilla do lado de fora do caminhão com todo o cuidado do mundo.

-- Tranquem o caminhão. -- Priscilla disse antes de adentrar o local com o pequeno corpo em seus braços. A mais velha fez uma nota mental de comprar algumas peças íntimas para Natalie, já que a garota estava sem calcinha e só tinha aquela que usara na noite anterior.

O médico não demorou a atendê-las e disse a Priscilla que ela fez o certo em levar Naty urgentemente ao hospital, pois a garota beirava os quarenta e um graus de temperatura corporal e havia muitas pessoas que morriam com tal número.

Após os cuidados necessários, Natalie ficara em observação pelo restante da noite e acordara pela madrugada, confusa e perdida, contudo, seu coração se acalmou ao ver o corpo branquelo esparramado em uma cadeira ao lado de sua cama. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao ver que a mão de Priscilla estava entrelaçada com a sua.

A menor começou a acariciar os cabelos de Priscilla com a outra mão e, em um pulo, Priscilla despertou.

-- Heey, calma! -- Natalie pediu rindo, sentindo seu nariz funcionar muito melhor naquele momento.

-- Naty... -- Priscilla pronunciou, erguendo as orbes castanho na direção da menor. -- Lhe comprei calcinhas! -- Natalie lhe olhou surpresa, erguendo ambas as sobrancelhas e segurou o riso.

-- Oh...! Obrigada? -- Ela disse um tanto sem reação. Priscilla corou ao perceber o jeito que havia proferido aquilo.

-- Oh céus... Eu não quis dizer isso não, diacho! -- Ela falou e Natalie sorriu pela forma arrastada que Priscilla havia proferido e puxado a fala. -- É que, bem, você só estava com aquela e o doutor disse que você precisava colocar essa roupa aí... -- Começou, meio embaraçada. -- Pedi que ele se retirasse da sala e fui comprar calcinhas pelas redondezas. As enfermeiras te vestiram.

-- Expulsou o médico da sala? -- Natalie perguntou rindo.

-- Você não ia fazer nenhuma cirurgia, não havia necessidade de ele te ver nua. -- Priscilla disse séria e Natalie riu ainda mais.

-- Priscilla, ele trabalha com isso. Está acostumado.

-- Não havia necessidade de ele te ver nua e fim. -- Priscilla disse tocando sua própria nuca em uma massagem.

-- Certo! -- Natalie disse sorrindo.
-- Dores por dormir aí?

-- Estou acostumada a dormir em qualquer canto, não se preocupe.
-- Disse ela, meio sem jeito.

-- Me preocupo sim. Deite-se aqui comigo. -- Natalie pediu.

-- Não precisa...

-- Por favor? -- Como raios aqueles olhinhos castanhos cintilantes tinham tanto poder sobre Priscilla?

-- Certo. -- Respondeu em um murmúrio antes de retirar os sapatos e se deitar ao lado de Natalie. Naty se ajeitou sobre o peito de Priscilla e acomodou uma de suas mãos na barriga da maior.

-- Onde estão as meninas? -- Naty perguntou, sentindo Priscilla começar a afagar seus cabelos sem sequer perceber.

-- Em um hotel. Queriam ficar na sala de espera, mas as dispensei. Só é permitido a permanência de uma pessoa para passar a noite e pensei que seria bom elas descansarem.

-- Desculpe te causar problemas.
-- Natalie pediu em um suspiro pesado. -- Sei que não gosta de gastar muito em hotéis e que isso irá te atrasar ainda mais.

-- Não seja tola. Hoje eu comprei calcinhas. -- Priscilla disse rindo.
-- Se não fosse por você eu jamais teria feito isso na vida.

-- O quê? -- Natalie perguntou confusa. -- Quem compra suas calcinhas?

-- Emma. Ela sabe todos os meus números e compra, não só calcinhas, como roupas também. Do meu agrado, claro. -- Priscilla explicou. -- Eu odeio, do fundo da minha alma, comprar roupas. Não tenho paciência!

Natálie sorriu ao imaginar as caretas e os resmungos baixos da mulher caso fosse em um loja. Natalie já estava se adaptando ao jeito sério da garota. A menor apoiou seu queixo no peito de Priscilla e a fitou sorrindo. Seu dedo indicador pincelou o topo do nariz da maior de maneira doce e suave.

-- Você é muito mimada por suas irmãs, mocinha. -- Natalie disse e Priscilla quase sorriu; natálie só percebeu isso porque o canto direito da boca de Priscilla se repuxou minimamente.

-- É uma rotina nossa. -- Priscilla disse. -- E eu, particularmente, adoro seguir à risca a minha rotina.

-- Oh... Aposto que é por isso que você se incomoda tanto comigo. -- Natalie disse sorrindo. -- Estraguei a rotina de sua viagem. -- Priscilla lhe olhou séria por um instante antes de lhe responder.

-- Posso ser meio teimosa, mas devo admitir que ver você bagunçar a minha rotina foi, a princípio, assustador. -- Priscilla disse, rindo no momento seguinte. -- Mas fazia anos que eu não nadava em um rio ou tomava um banho de chuva. -- Priscilla revelou. -- Especialmente nadar pelada.

Natálie riu alto ao ouvir aquilo e abraçou com mais vontade o corpo abaixo de si.

-- Durma, morena! Amanhã teremos um longo dia. -- Priscilla disse e Natalie assentiu, desejando um "Boa Noite" e enterrando sua cabeça na curva do pescoço de Priscilla.

Natalie sorriu ao constatar que, após dias, ela não iria dormir excitada.

No lugar da excitação tinha outro coisa: Uma sensação de estar protegida; de bem-estar; uma sensação que aquecia seu peito. Natálie não conseguia entender ou sequer explicar aquele sentimento, mas não precisava: Sentir lhe bastava.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝐔𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐚𝐢 𝐍𝐞𝐝 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora