☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝐔𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐚𝐢 𝐍𝐞𝐝 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧

Sete ✓

Obra original de umas das minhas autoras preferida JulieteBs

As orbes esverdeadas se abriram aquela manhã com muito esmero. A garota sentia seu corpo ainda muito cansado, consequência de não ter conseguido dormir cedo. Natálie havia proposto algo entre elas, Priscilla tinha certeza, o problema é que ela nunca teve nada casual. Sempre fora a mulher correta que só se envolvia sexualmente com suas namoradas e por isso transou apenas com cinco mulheres, todas elas agora ex-namoradas.

Sexo casual não parecia algo correto a se fazer, mas em seu mais profundo interior ela admitia que com natálie a proposta fora bastante interessante. A garota era bem linda, sexy, doce e divertida e esse era exatamente o motivo de Priscilla ter rejeitado. Seu maior defeito era se apegar rápido demais; ela se sentia uma adolescente em seu primeiro amor, mas nunca conseguira amadurecer esse seu lado e, por esta razão, quando via alguém com potencial para laçar seu coração ela simplesmente fugia.

Natálie iria seguir seu rumo em alguns dias, nunca mais se veriam e, a menos que tivesse mal interpretado as coisas, se ela tivesse aceitado teriam um sexo, provavelmente, delicioso, levando em conta a forma como a garota gostava de provocar, contudo, Priscilla não correria o risco de se apegar àquela garota. Não podia e por isso a evitaria.

-- Bom dia, Priscilla! -- Ally desejou assim que sua irmã saiu do banho.

-- Dia! -- Priscilla respondeu baixo.
-- Onde está natálie?

-- Acordou bem cedo e tomou um banho demorado, depois saiu com Emma e Regina. Devem estar no caminhão. -- Priscilla assentiu e pegou sua mochila.

-- Quando estiver pronta é só sair. Deixarei tudo pago na recepção. -- E saiu.

Depois de ter acertado tudo na recepção ela se dirigiu até o caminhão, não acreditando no que ouvia. A rádio do veículo estava ligado.

Aumentou a velocidade dos passos e adentrou o veículo, desligando a rádio no mesmo momento. Seus olhos estavam acinzentados devido à intensa raiva.

-- O que eu disse sobre não ligar a droga do rádio? -- Ela perguntou de forma ríspida, olhando para natálie com fúria. -- Onde estão Regina e Emma?

-- Disseram que foram te procurar. -- natálie disse levemente assustada.

-- Ótimo, desça do meu caminhão! -- Exigiu. -- A partir de agora você está por sua conta.

-- O quê? -- Perguntou incrédula. -- Priscilla, por favor...

-- Não! Desça já! -- O olhar triste de natálie deu a entender que ela havia entendido.

-- Certo. -- Ela disse baixo. -- Me desculpe pela rádio, eu só achei que não teria problema...

-- Teve! -- O tom firme de Priscilla impediu Natalie de dizer qualquer outra coisa. A mais nova apenas pegou seu vestido azul de onde havia deixado. Os olhos castanho acompanharam a garota descer do caminhão e pegar sua gata junto.

-- Hey... -- Priscilla gritou, fazendo natálie lhe fitar. -- Aonde arranjou esse vestido? -- Perguntou se referindo ao que ela usava no momento.

-- Eu emprestei. -- Ally surgiu ali de repente. -- Sempre uso vestido mais compridos mesmo, como ela é mais alta ficou do tamanho ideal.
-- Disse sorridente. Priscilla apenas assentiu quieta e Natalie suspirou.

-- Boa viagem, Ally. Foi um prazer conhecer você. -- natálie disse, fazendo a mais baixa franzir o cenho.

-- Como assim? Você não vem com a gente? -- natálie negou com a cabeça e sorriu-lhe fraco.

-- Boa sorte em sua jornada. Vou ao banheiro trocar de roupa e já te devolvo o vestido.

-- Não precisa. Seu vestido está molhado e eu realmente prefiro que você fique com esse. -- Ally disse sorrindo simpática.

-- Bem, muito obrigada então. -- E dito isso, foi para a beira da estrada voltar a pedir carona. Um grande vinco se formou na testa de Ally.

-- Eu não entendi! Ela saiu daqui para pedir carona para a mesma direção em que vamos?

-- Eu a expulsei. -- Priscilla disse seriamente. Ally arregalou os olhos e olhou confusa para Priscilla.

-- O quê? Por quê?

-- Não está dando certo viajar com ela.

-- Priscilla...

-- Está livre para se juntar a ela caso discorde de minha decisão.
-- Priscilla disse, batucando os dedos no volante. O rapaz da recepção, de repente, se aproximou de natálie.

-- Você está com um péssimo humor esta manhã, mas isso não te dá o direito de ser grosseira com os outros. -- Priscilla acompanhou Natalie negar algo com a cabeça e o rapaz tocar-lhe o braço gentilmente. Naty voltou a negar e tentou se esquivar do toque, no entanto o garoto não lhe soltou.

"Você não tem nada a ver com isso." Priscilla pensou.

O garoto tentou dar um beijo em natálie e a garota se esquiava, mas ainda sorria fraco. Natálie empurrava com suas mãos o peito daquele homem, tratando de manter distância, mas o mesmo era insistente. Sorria galante e falava algo que Priscilla não podia ouvir. O homem jamais foi grosseiro, ríspido ou algo assim, era só um idiota que não entendia um não. Priscilla bufou e abriu a porta de seu caminhão, caminhando até os dois.

-- Natalie! Vamos. -- Gritou séria e ambos lhe olharam.

-- Ela já já vai. -- O garoto disse simpático. -- Não é, boneca? -- Priscilla se aproximou e segurou gentilmente no pulso de natálie.

-- Vamos? -- natálie lhe fitou com mágoa, mas entre aquele babaca
e Priscilla a escolha era óbvia. Com um breve aceno de cabeça
ela se despediu do rapaz e seguiu
o caminho para o caminhão. -- Sempre terá babacas como esse.
-- Priscilla resmungou.

-- Pode me deixar alguns metros daqui. -- natálie disse, entrando no caminhão. Emma e Regina já estavam lá e Ally já havia lhes explicado o que houve.

-- Você irá conosco. -- Priscilla disse séria e Natalie lhe fitou.

-- Não, obrigada. -- Os três pares de olhos assistiam tudo da boléia. Priscilla suspirou lentamente e encarou Natalie.

-- Olha só, me desculpe ter estourado daquela forma com você. -- As três garotas se cutucaram atrás delas. Priscilla
não pedia desculpas assim, ela simplesmente fazia um longo silêncio e logo tudo voltava ao normal.

-- Certo. -- Natalie disse olhando para a estrada. Priscilla ligou o caminhão e seguiu o rumo. O silêncio era denso, não tranquilo como antes e ela sentia que devia dizer o motivo de ter estourado daquele jeito. Afinal, sair gritando do nada com alguém que sempre foi gentil com você era, no mínimo, algo bem estúpido a se fazer.