Oito ✓

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Obra original de umas das minhas autoras preferida  JulieteBs



Havia se passado algumas horas desde que o silêncio havia se instalado ali e Priscilla resolveu fazer uma parada de vinte minutos pelo final da tarde para comerem algo. Ela queria que o silêncio se dissipasse, mas mesmo após comerem as garotas não disseram uma palavra sequer.

-- A última pessoa que havia tocado naquele rádio foi meu pai. -- Priscilla revelou baixo, vendo os cílios longos de natálie se ergueram em sua direção. -- E ele faleceu há alguns anos.

-- Eu sinto muito. -- natálie disse baixinho.

-- Eu só queria esperar o momento certo de ligar a rádio. -- As garotas olharam para Priscilla espantadas, ela nunca tocava naquele tema e apenas mudava de assunto caso alguém tocasse.

-- Eu não sabia disso, eu realmente sinto muito, Priscilla. -- Ela disse tocando na mão da mais velha. -- Prometo parar de ser tão curiosa ou intrometida. -- Priscilla encarou o toque de natálie em sua mão e sorriu em sinal de que estava tudo bem.

-- Sabe de uma coisa que você me mostrou? -- natálie negou com a cabeça e Priscilla riu baixinho. -- Descobri que não tem hora certa para ligar uma rádio, então... Obrigada.

-- Isso quer dizer que poderemos ouvir a rádio? -- Emma se intrometeu esperançosa e Priscilla voltou a fechar a cara.

-- Não! -- A risada das garotas ecoou pelo caminhão e Priscilla voltou a ligar o veículo. Natálie retirou sutilmente sua mão de cima da de Priscilla e sorriu mais despreocupada.

-- Escuta, Pris... Por que nunca nos disse sobre esse lance? -- Regina perguntou. Priscilla apenas deu de ombros, mas alguns minutos depois sua mão direita foi para o botão da rádio, ligando-a e aumentou o volume no último.

As garotas abriram as bocas chocadas e Natalie sorriu de forma contida, desviando seu olhar para Priscilla disfarçadamente. Emma sorriu baixinho ao perceber algo: A nova companheira de estrada tinha uma espécie de reação positiva sobre Priscilla.

-- Priscilla? -- Emma cutucou o braço da caminhoneira, pois o volume estava realmente alto. -- Preciso fazer xixi. -- Ela confidenciou, tendo se inclinado e falado no ouvido da garota. Priscilla baixou o som do veículo para lhe responder.

-- Não podemos parar agora. Deveria ter feito xixi antes de sairmos. -- Disse séria. Natálie cruzou as pernas e se moveu inquieta, fazendo Priscilla bufar ao constatar que a garota deveria estar segurando há muito tempo.
-- Assim que der eu paro. -- A risada de Emma preencheu a audição de todas as garotas, que olharam para ela em confusão.

-- Não posso mais rir? Eu hein! -- Ela disse ao ver que a atenção estava toda sobre ela.

Alguns minutos se passaram e Priscilla finalmente pôde estacionar, pegando um rolo de papel higiênico e entregando à garota. Natálie agarrou o papel e desceu correndo, fechando a porta às pressas.

-- Acho que você deveria ter dito a ela. -- Emma disse rindo.

-- Ela não me deu tempo. -- Priscilla explicou, desviando o olhar do retrovisor ao ver natálie se agachar ali. -- Tudo bem, quero todas olhando em outra direção!

-- Se ela tivesse nos dado tempo teríamos dito a ela que o retrovisor pega a imagem de onde ela está.
-- Regina disse, soltando uma risada anasalada.

-- Diremos quando ela voltar. Agora não quero ninguém olhando. -- Priscilla repetiu e Emma se inclinou, dando três batidas no ombro de Priscilla.

-- É, irmãzinha, você está ficando frouxa. -- Priscilla rosnou baixinho e lhe olhou feio.

-- Só estou impondo respeito. A garota não sabe que podemos vê-la daqui. Seria errado bisbilhotá-la.

-- Priscilla, ninguém aqui tem interesse em olhar a vagina da garota, fica tranquila. -- Priscilla ficou muda e Emma riu baixinho.
-- Ou será que tem?

-- Voltei. -- natálie disse após abrir a porta. -- Obrigada por isso, eu realmente estava prestes a morrer. -- Priscilla apenas assentiu com a cabeça e lhe entregou um vidrinho de álcool em gel. Natálie agradeceu baixinho e passou álcool em suas mãos. -- E aí, do que falavam?

-- Bem, você não nos deixou avisar que onde você foi dava para te ver daqui. -- natálie enrubesceu com a informação de Ally. -- Mas não se preocupe, ninguém olhou.

-- Então onde eu deveria ir? Atrás ou na frente do caminhão os carros que vêm e que vão me veriam. -- natálie perguntou.

-- Desse lado do caminhão mesmo, mas embaixo do retrovisor. -- Priscilla explicou e Natalie assentiu corada. Os olhos castanho rolaram pelo caminhão e ela alçou uma sobrancelha ao achar o que buscava. -- Espere! Quem lavou meu boné? -- Ela perguntou, vendo o mesmo pelo retrovisor, localizado no canto de trás da boléia. -- REGINA!

-- Não olhe para mim; Eu apenas disse que ele estava imundo. Não tocaria naquilo nem com luvas. -- Regina respondeu e Priscilla se reclinou, pegando o boné e o colocando sobre a cabeça.

-- Eu não lavei. -- Ally disse.

-- Eu não desperdiçaria o meu tempo com essa velharia. -- Emma alegou.

-- Tudo bem, fui eu. -- natálie disse baixinho, temendo ter feito algo errado outra vez.

-- Por quê? -- Priscilla perguntou.

-- Eu vi que precisava ser lavado e como você me deu a carona eu quis retribuir de alguma forma. -- Confessou desviando seus olhos para suas próprias mãos. -- Desculpe.

-- Eu... Agradeço. -- Priscilla disse. Natálie lhe olhou e Priscilla sorriu contido. -- Ele precisava urgentemente ser lavado, mas eu sempre me esquecia. -- Disse e Natalie sorriu-lhe. -- É meu boné preferido.

-- Eu adoro bonés, mas nunca sequer experimentei um. -- Confessou rindo e Priscilla retirou o boné, agora limpo, de sua cabeça e colocou em natálie.

-- Não seja por isso. -- Falou sorrindo.

-- Gostei. -- natálie disse, fitando a si própria no retrovisor.

-- Impressionante como fica linda de qualquer jeito. -- Priscilla disse mordendo seu lábio inferior.

-- Como?

-- Oh, nada. -- Priscilla disse rapidamente ao perceber que havia pensado alto demais. Emma riu e se inclinou para dizer algo no ouvido de Priscilla.

-- Como eu disse, frouxa.

-- Cale essa boca, ora. -- Resmungou, ligando o caminhão e olhando de soslaio para natálie, que ainda olhava para o próprio reflexo e fazia caretas. Parecia uma criança.

Priscilla riu baixinho e negou com a cabeça, voltando a olhar pra frente e a levá-las para San Diego. 

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝐔𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐚𝐢 𝐍𝐞𝐝 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora