Vinte e quatro ✓

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[Fantic do dia 6/2020]

Obra original de umas das minhas autoras preferidas JulieteBs




-- Demoraram... -- Emma não resistiu em zombar, afinal, se Priscilla tinha tido a ela que convidou Natálie para um jantar deveria aguentar as consequências.

-- Houve um problema com o pagamento na recepção. -- Ela disse, vendo Natálie abrir a porta do outro lado e entrar. As três garotas fingiram acreditar naquela mentira deslavada, afinal elas estavam mais empolgadas em comer em um restaurante. Amavam viajar com sua irmã, mas não aguentavam mais comer bobeiras, precisavam de comida de verdade.

O caminhão andou por cerca de uma hora até desviar da rodovia principal e adentrar uma pequena cidadela no Kansas. Mais vinte minutos foi o tempo que precisaram até chegarem no restaurante o qual Priscilla havia mencionado.

-- Como conhece este lugar? -- Natálie perguntou, vendo Priscilla estacionar do outro lado da rua.

-- Já tive que fazer algumas entregar por esta cidade. -- E, sem dizer mais nada, desceram do caminhão, o trancando com uma pequena passagem de ar no vidro para Cristal não ficar sem ar. Lauren deu a volta no veículo e parou ao lado de Natálie. Seus olhos desceram para sua mão e então ela sorriu. -- Posso? -- Natálie sorriu tímida e assentiu, sentindo Priscilla entrelaçar seus dedos nos dela.

Três suspiros bobos soaram e Priscilla revirou os olhos, olhando no momento seguinte para as garotas.

-- Vocês não deveriam ir para qualquer lugar longe daqui? Para o inferno, de preferência. -- Emma riu e assentiu.

-- Só por isso vou pedir tudo do mais caro. É você quem vai pagar mesmo. -- Emma disse atrevida, enlaçando seus dedos nos de sua namorada e puxando Ally pelo braço. A risada suave de Priscilla penetrou os sentidos de Natálie, fazendo a menor sorrir.

-- Eu amo essas doidas. -- Priscilla confessou, se dirigindo à entrada do restaurante ainda de mãos dadas com Natálie. Foram atendidas por um senhor de meia idade, que as conduziu até uma mesa um pouco distante das demais.

-- Este lugar é lindo. -- Natálie comentou, admirando os detalhes das paredes, todas trabalhadas em uma obra de arte antiga; no centro do lugar havia um enorme lustre com luzes amareladas, no entanto, no lugar onde estavam estava mais escuro. O homem que lhes atendeu acendeu duas velas em sua mesa e lhes entregou dois Menu's de capa preta.

-- Quando decidirem o que irão pedir é só apertar o botão sobre a mesa que virei em um instante. Com licença, senhoras. -- O homem disse e se afastou. Natálie abriu o menu e corou; não conhecia nada do que tinha ali. Priscilla, por outro lado, era experiente em vários pratos ao redor do país.

-- Você disse que não era chique o lugar, todavia, eu não conheço nada daqui do menu. Onde estão as batatas fritas? -- Natálie brincou no final, tentando descontrair.

-- Confia em mim o seu pedido? -- Priscilla perguntou e Natálie sorriu.

-- Nada cru e nada gosmento, por favor. -- Natálie disse rindo e fechando os olhos. -- Sim, confio em você.

-- Perfeito. -- A maior disse, chamando o rapaz e fazendo o pedido. O vinho foi o primeiro a chegar e o garçom lhes serviu na taça antes de se retirar.

-- Querendo me embebedar para tirar a minha pureza, senhorita? -- Natálie brincou, rindo no momento seguinte.

-- É para apreciar e não para... -- Priscilla corou e suspirou. -- Quer beber outra coisa?

-- Eu estava brincando, Priscilla. -- Natálie disse como se fosse óbvio e a maior voltou a corar. -- Onde está a Priscilla séria e rabugenta que conheci?

-- Eu só estava usando um escudo. Desculpe se fui muito, você sabe, grosseira. -- Priscilla disse entortando o canto de sua boca. -- É que você é toda...

-- Toda o quê?

-- Perfeita. -- Priscilla confessou.

-- Eu não sou perfeita e para que precisava de um escudo? -- Natálie perguntou bebericando um pouco do vinho.

-- Porque é fácil demais, bem, me apaixonar por você. -- Disse sem olhar nos olhos de Natálie. -- Eu não queria correr o risco, já que você vai embora em poucos dias. -- Natálie suspirou e mordeu seu lábio interior, sem jamais colocar alguma expressão em seu rosto.

-- Estou com vontade de atravessar esta mesa e te beijar. -- Natálie sussurrou e Priscilla sorriu, se levantando e se inclinando sobre a mesa para dar um beijo em Natálie antes de voltar a se sentar.

-- Então, Karla Natálie... -- Priscilla disse se ajeitando em sua cadeira. -- O que faz na Florida?

-- Bem, atualmente eu não estou trabalhando, por isso arrumei um tempo para ir visitar o túmulo da minha mãe. -- Natálie disse.

-- Ela morava na Califórnia ou apenas foi enterrada lá? Desculpe se eu estiver sendo inconveniente. Só quero saber um pouco sobre você. -- Priscilla disse e Natálie sorriu-lhe fraco.

-- Não tem problema. Bem, ela morava sim em San Diego. Nós não nos falávamos muito havia vários anos.

-- Sinto muito. -- Priscilla disse sinceramente.

-- Obrigada. -- A menor respondeu.

-- Como se mantinha na Florida sem trabalho? Tem parentes lá? -- Natálie corou e abaixou o olhar.

-- Eu, huh, não tenho parentes lá. Estou desempregada há quase meio ano, tem sido um ano difícil para mim. -- Ela disse. -- Promete não rir?

-- Por que eu riria? -- Priscilla perguntou e Natálie voltou a corar.

-- Nada. Melhor falarmos de...

-- Não, me conta. Eu não vou rir. -- Priscilla se apressou em dizer.

-- É que é embaraçoso dizer isso.

-- Naty... Não precisa ter vergonha de mim. -- Priscilla disse docemente.

-- Eu juntava recicláveis para vender. -- Disse corando fortemente, olhando para baixo. Priscilla se levantou e andou até a cadeira de Natálie, se abaixando perto dela e tocando seu queixo, fazendo a menor lhe fitar.

-- Não há nada de vergonhoso, embaraçoso ou desonroso nisso. Eu admiro muito você pelo que fazia. -- Natálie sentiu uma lágrima escorrer de seus olhos e a enxugou prontamente.

-- Minha mãe faleceu e me deixou uma dívida gigantesca no hospital. -- A menor disse, sentindo Priscilla entrelaçar seus dedos nos dela e começar um carinho de leve com seu polegar. -- Larguei meu serviço quando ela adoeceu e fui visitá-la, mas ela não foi muito receptiva nem mesmo doente. Ela nunca me aceitou por causa da minha sexualidade.

-- E aí suponho que não conseguiu arranjar outro emprego. -- Priscilla disse e Natálie assentiu.

-- Eu não tenho faculdade ou coisa assim, fica mais difícil. -- Ela confessou. -- Mas eu não vim jantar com você para falar dos meus problemas de vida. -- Priscilla sorriu e se inclinou, tocando seus lábios nos de Natálie suavemente.

-- Vim jantar com você para conhecê-la melhor e isso envolve seus problemas de vida.

-- Mas eu não quero falar de coisas tristes. -- A menor falou, encostando sua testa na de Priscilla.

-- Então que tal se falarmos de como você é cheirosa mesmo sem passar perfume? -- Priscilla disse, fazendo Natálie rir.

Da outra ponta do restaurante havia três garotas suspirando bobamente. Era, com certeza, irrefutável o fato das duas morenas combinarem. Elas eram muito fofas juntas e havia uma conexão, como se elas se conhececem de longa data. Também havia o brilho no olhar de ambas e naquele momento, Natálie parecia ter entregado seu mundo nas mãos de Priscilla.

-- É uma pena a garota ter que ir, Priscilla parece ter, realmente, gostado dela. -- Emma lamuriou.

-- Sim, Emma. -- Ally concordou e suspirou tristemente. -- É uma pena.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝐔𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐚𝐢 𝐍𝐞𝐝 𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora