Capítulo 11 - Luigi

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De volta à casa de Luigi, sentei no balanço e fui mandar notícias para minha família e meus amigos. Luigi sentou ao meu lado.

- Falei que você precisa desintoxicar dessas tecnologias.

- Ah, eu concordo, mas meus pais ficam preocupados se eu não mando notícias. E eles estão tão felizes com as fotos que mando. Mas você tem razão, isso é um vício. E vou começar a desintoxicar agora. Vamos lá, deixa eu ver aqui. Pronto. Apaguei minha conta do Snapchat.

- Snap o quê?

- Chat. É um aplicativo em que a gente posta fotos com filtros fofinhos. Menos uma rede social.

- Excelente! Vinho para comemorar?

- Sempre!

- Vou buscar. Espere aqui.

Enquanto ele foi buscar o vinho, apaguei também minha conta do Instagram. Mas deixei o Facebook. Não tive coragem de apagar. Ainda não. Pequenos passos.

- Aqui está. Saúde.

- Apaguei o Instagram também.

- Nossa! Que ótimo! Vou trazer um queijo. Merece uma celebração!

- Seu bobo!

Ele riu e entrou para pegar o queijo. Fiquei me perguntando qual teria sido a história que ele não me contou no dia anterior. Será que tinha sido enganado como eu? Luigi era um cara muito legal. O que quer que tivesse acontecido, ele não merecia.

- Pronto! Só falta me dizer que apagou o Facebook. Aí vou ter que sair para comprar um presente.

- Não, seu bobo! Ainda tenho o Facebook.

- Ah, que pena!

- Onde estão seus pais e Nonna?

- Foram à cidade levar alguns produtos. Às vezes eles vão fazer entregas e aproveitam para passear.

- Então estamos sozinhos? – Resolvi provocá-lo para ver qual seria sua reação.

- Sim.

- Que perigo, hein, signor Luigi. – Dei um tom sensual na voz.

- Ahn... é... Perigo por quê?

- Você sozinho comigo, acompanhado desse vinho sexy e delicioso. – Continuei minha provocação e cheguei mais perto dele – Acho que não vou me comportar.

De repente vi Luigi parecer um menino tímido se sentindo pressionado para sua primeira vez. Então cheguei para trás e ri.

- Seu bobo. Estou provocando você. Não precisa se sentir constrangido.

Ele riu.

- Constrangido? Imagina! Eu sei que sou irresistível.

Rimos.

- Ei, quando você vai me contar a história que não contou ontem?

- Para que estragar o momento? Estamos bem aqui.

- Sinto que não conheço você por completo, quer dizer, claro que não conheço, nos conhecemos há poucos dias, mas a sensação que tenho é de que conheço você durante toda a vida. E você tem sido incrível, mas sei que tem alguma coisa aí dentro te incomodando.

Ele suspirou.

- Bem, há alguns anos eu trouxe uma namorada aqui. Eu a conheci em um bar em Roma. Ela parecia ser uma pessoa incrível. Saímos algumas vezes e aos poucos percebi que ela gostava das mesmas coisas que eu, lia os mesmos autores, ouvia as mesmas músicas, era incrível! Parecia um conto de fadas. Começamos a namorar e, após três meses de relação, eu a trouxe para conhecer meus pais. De cara, Nonna não gostou dela. E Nonna não esconde as coisas. Enquanto ela esteve aqui, Nonna não falou com ela. Mamma também não gostou, mas foi educada. Eu não tinha entendido o motivo da implicância das duas, achei que era ciúme. Levei ela para conhecer a vinícola e as plantações. Ela passou um fim de semana aqui. Voltamos para Roma e tudo ia bem, apesar da minha família não aprovar a relação. Mamma e Nonna falaram inúmeras vezes que ela não estava me levando a sério, que ela não gostava de mim, que era mentira. Até meu pai chegou a falar comigo algumas vezes, e eu briguei com todos por causa dela. Fiquei meses sem vir aqui. Disse coisas horríveis para minha mãe e a proibi de se meter na minha vida. Nonna ficou muito triste e ver minha avó triste é insuportável para mim, mas eu estava totalmente cego por ela, Dani me enlouquecia, era linda, sensual, o sexo era cena de filme, o que poderia dar errado? Minha família teria que aceitar.

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