Capítulo 2 - A viagem

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No dia seguinte, fui com meu pai ao apartamento buscar o restante das minhas coisas. Michel estava no trabalho, então não teria problema. A essa altura imaginei que ele tivesse até mesmo trocado a fechadura. Qual não foi a minha surpresa quando descobri que não. Na verdade ele conseguiu que o chaveiro fizesse cópias da chave com o molde da fechadura que eu havia trocado. Acho que ele acreditou que em algum momento eu voltaria, já que não tinha levado tudo.

Foi muito duro entrar ali. Ver fotos, lembranças. Parecia que já tinha passado um século desde aquele tempo em que éramos um casal feliz, embora fossem apenas algumas horas. Peguei o máximo de coisas que pude, coloquei no carro e voltamos para casa. Em seguida fomos à loja de viagens. Pela manhã Rodrigo mandou mensagem, falando que a prima dele ofereceu estadia gratuita, no quarto simples do hotel em que ela trabalhava. Pelo que ele me explicou os funcionários tinham direito a um desconto especial e o quarto em questão fazia tempo que não era alugado. A única coisa que ela pediu era que eu escrevesse uma resenha positiva no site do hotel e no Google, para aumentar a publicidade, então estadia não seria um problema. Levamos a programação que fizemos pela internet e a consultora de viagens fez um pacote com um desconto bem interessante e acrescentou alguns pontos para passeio. Na verdade, para me hospedar no hotel da prima do Rodrigo, eu não teria como ir com o pacote da agência, que já incluía hotel. Então o que a consultora fez foi orientar com relação a alguns pontos turísticos e agendar a passagem de avião, com desconto, claro.

No final, foi um dia delicioso. Passeei com meu pai como quando eu era criança. Compramos a mala para a viagem, almoçamos juntos e até brincamos no Play-Toy. Foi incrível. Chegamos em casa com passagem, mala e muitos planos. Mamãe estava trabalhando e só ia chegar bem tarde. Rotina de restaurante é muito confusa, até hoje não sei como ela aguenta, mas ela adora. Minha passagem estava marcada para daí a dois dias, tempo suficiente para eu arrumar tudo e pouco tempo para não me arrepender de fazer uma loucura dessas.

O dia seguinte foi bastante corrido. Tivemos que ir trocar o dinheiro por Euros, separar as roupas que iria levar, sapatos... não queria levar a mala muito cheia. Era para ser uma viagem leve. Para virar a página. Uma viagem de reencontro comigo mesma e de recomeço.

Papai estava bastante ansioso. Pediu que eu não ficasse sem o celular nem um segundo para que eles ficassem tranquilos, sabendo que eu estava bem.

- Você sabe que são cinco horas de diferença, né, pai? Eventualmente não vamos conseguir nos falar pela diferença de horário.

- Eu sei, mas você avisa quando for dormir e quando acordar e enquanto estiver acordada.

- Certo, pai. Não se preocupe. Se tiver algum problema você não vai poder fazer nada daqui mesmo, eu vou à polícia, à embaixada, pode deixar. Não se preocupe.

Ele ameaçou contestar, mas viu que realmente não fazia muito sentido. Mas eu sei que eles não ficariam sossegados sem saber de mim a cada cinco minutos, estando do outro lado do mundo, por isso prometi que estaria sempre online no WhatsApp e, caso não pudesse estar, avisaria.

Quando mamãe chegou, comemos, falamos sobre os últimos detalhes da viagem e fomos dormir. O avião sairia no dia seguinte às dez horas da noite.

O dia seguinte passou voando. Fiquei o dia inteiro no computador visitando sites de turismo. Assisti videos no YouTube sobre Roma, revisei a mala, revisei os documentos, conversei com o Rô. Ele estava tão empolgado que parecia que ele é que ia viajar.

- Você tira um monte de fotos, viu? E arruma um romano lindo pra mim também! Pode trazer na mala, eu pago a bagagem extra.

- Rô, você é o melhor. Muito obrigada por tudo que está fazendo.

Flores como EuOnde histórias criam vida. Descubra agora