Flores como Eu

Capítulo 16 - Seguindo em frente

Acordei me sentindo bem. Escolhi uma das minhas roupas novas, me arrumei, quando cheguei à sala para comer, meus pais ficaram surpresos comigo.

- Nossa, filha! Como você está diferente. Adorei a mudança no visual. Você já era maravilhosa antes, agora está ainda melhor!

- Obrigada, pai!

- Também achei que ficou melhor. Está mais adulta, mais "clean", como vocês falam. O que vai fazer com todas aquelas bolsas de roupa?

- Acho que vou levar para alguma instituição de caridade. Ou vou ligar para o Exército da Salvação. Preciso vender meu carro, também. Pai, você já vendeu seu carro antes, pode me ajudar com isso?

- Claro. Você vai ficar sem carro?

- Acho que sim, por um tempo. Na verdade, preciso de dinheiro para alugar ou dar entrada em uma casa para mim. Depois que eu me estabelecer novamente, se for o caso, compro outro carro. Um menor, menos dispendioso. Hoje vou fazer a última mudança que falta, meu trabalho. Eu estava trabalhando demais para manter todas essas coisas, casa, carro, roupas. Quero diminuir meu ritmo. Quero ter mais tempo para mim, para vocês, para meus amigos. Acho que vou entrar para algum curso de canto, ou vou aprender a tocar piano, não sei.

- Você não precisa sair daqui agora, filha. Pode ficar o tempo que for.

- Obrigada, mãe, mas eu preciso de um canto só meu. E eu quero um quintal, quero ter plantinhas, quero adotar um animal de estimação.

- São muitas mudanças ao mesmo tempo, não é?

- Sim! Acho que estava precisando disso. Vai ser bom diminuir a velocidade. Quero também viajar de novo em algum momento também, conhecer outros lugares, outras pessoas.

- Certo. Boa sorte, então! Que corra tudo bem lá no trabalho! Sabe que estamos aqui por você sempre, não é?

- Sim, mamãe! Claro! O que seria de mim sem vocês? Agora, com licença, vou escovar os dentes e sair. Nos vemos à noite. Amo vocês.

Peguei o metrô para ir para o trabalho. No caminho, me dei conta de que eu realmente não precisava ir de carro para todos os lados. O metrô estava sempre cheio, mas não era um problema tão grande assim. E eu poderia ler durante a viagem, ou jogar no celular, ou mandar mensagens para uma certa pessoa que estava do outro lado do oceano e que, por sinal, já tinha respondido a mensagem que eu mandara na noite anterior.

"Como está, bella?"

"Bem melhor do que eu esperava, na verdade."

"Estava preocupado com você, mas eu sabia que você ia conseguir vencer sua batalha."

Parecia até que ele tinha estado no mesmo sonho que eu.

"Sim. Está quase acabado. Estou levando os papeis para o escritório, vamos dar continuidade ao processo, apenas mais algumas burocracias, e amanhã buscarei o restante das minhas coisas. Agora a vida melhorar."

"Tenho certeza de que sim. Você é muito forte e corajosa, vai conseguir tudo o que quiser na vida. Não tenho a menor dúvida."

"Obrigada! Fico feliz de ouvir, ou melhor, ler isso. Como estão todos por aí?"

"Todos bem, Nonna pergunta sempre por você. Sentimos sua falta. Eu sinto sua falta."

"Eu também."

"A que horas você chega? Podemos marcar para falar por Skype."

"Eu saio do escritório às 18 horas, no horário daqui. Devo chegar em casa cerca de uma hora depois. Já vai ser meia-noite aí."