Às 17 horas, tomei banho e troquei de roupa para ir encontrar Michel. Havia chegado o momento. Para isso, me vesti de forma adequada: calça jeans, tênis e camiseta colorida, estilo hippie. Nada de salto, nada de roupa de marca, calça social. Não. Visual leve, como eu estava me sentindo. Às 16 horas, peguei minha mochila, coloquei os papéis do divórcio dentro, e saí. Não era muito longe, mas eu iria de ônibus, então achei melhor sair com folga no horário.
Fazia tempo que não andava de ônibus na minha cidade, mas se ia vender o carro, precisava me acostumar.
Cheguei um pouco mais cedo que o combinado, então aguardei. Às 17 horas, toquei a campainha. Michel abriu a porta com um sorriso de uma orelha à outra.
- Olá, Lili! Como você está, meu amor? Que saudade! Você está ainda mais bonita com esse cabelo! – Michel me abraçou, mas eu logo o afastei.
- Olá, Michel.
- Venha, entre. Sente-se. Vou trazer um suco para você. Fiz o seu favorito: abacaxi com hortelã!
- Não, obrigada. Será que podemos conversar?
- Claro! Tenho muitas coisas para te dizer. Esse tempo todo que você desapareceu foi angustiante. Pensei em você todo o tempo. Você precisa entender, eu cometi um erro.
- Doze.
- O quê?
- Você cometeu doze erros. Não foi um só. E isso só que eu consegui contar. Fora os erros menores, com os quais você não usou o cartão de crédito, nem guardou recordações.
- Eu entendo, Lili, mas foram erros. Você é meu único acerto. A única mulher com quem eu quero passar o resto da vida. Foi com você que eu casei.
- E quantas das suas amantes estavam no nosso casamento? Quantas riram da minha cara?
- Nenhuma, meu amor. Ninguém riu de você. Lidia, seja razoável. Nunca te faltou nada aqui. Eu nunca deixei você de lado, nunca tratei você mal. Mesmo você passando a maior parte do tempo fora, trazendo trabalho para casa, sem ter tempo para mim.
- Tem razão. Apenas lembrando que eu pagava a maior parte das contas, incluindo a prestação do apartamento. E, devolvo para você, nunca te faltou nada aqui.
- Faltou você. Você não estava. Estava sempre trabalhando. Eu me sentia só.
- Certo. E antes do trabalho? E na faculdade? Qual era a desculpa?
- Não é uma desculpa, é a verdade. Na faculdade você estava sempre estudando como louca, sempre fazendo estágios.
- Então, se estava tão ruim, por que continuou? Por que não terminou o relacionamento, simplesmente? Por que você sequer reclamou? Não! Manteve as aparências e me traiu durante todo o tempo! – Nesse momento, me exaltei e não consegui segurar, as lágrimas começaram a rolar.
- Porque eu te amo! Porque não posso viver sem você! Eu me apaixonei por você no início da faculdade. Isso não mudou. – Ele começou a chorar também e ver essa cena me fez sentir uma raiva tão intensa que senti que iria explodir.
- Isso não é amor, Michel! Tudo o que vivemos, tudo isso aqui, nosso casamento, esta casa, tudo é uma farsa, um cenário e você o grande ator da peça. Só que eu achei que era real, achei que vivíamos bem e felizes, mas você me enganou todo o tempo. Você comemorou aniversário de namoro com as outras! Quão canalha você consegue ser?
- Perdão, Lili, me perdoa! Eu me deixei levar. Eu fui um idiota. Mas se você voltar, tudo vai ser diferente. Nada disso vai acontecer novamente! Eu juro!
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Flores como Eu
Roman d'amourApós descobrir a traição de seu marido, Lidia parte em uma viagem de reencontro consigo mesma. Na Itália, ela conhece pessoas que a fazem repensar sua vida e rever suas prioridades. Em um mágico encontro com a natureza e as pessoas, Lidia descobre q...