Capítulo 7 - Roma

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Dormi tarde e acordei por volta das 9h na segunda-feira. Julieta havia me mandado mensagem para tomarmos café na praça e depois ir passear. Encontrei com ela meia hora depois. Quando a vi, me dei conta de que também havia me apaixonado por ela. Acho que Roma tem esse efeito nas pessoas. Ela veio com um papel e uma rota de passeio turístico. Falei que tinha ido à Fontana di Trevi no dia anterior, então ela cortou esse ponto do passeio, mas deixou o Coliseu, a Basílica de Santa Francesca Romana, o templo da deusa Vesta e terminaríamos com Forum e Capitólio. Não dava para fazer muitas coisas em um dia, pelo que ela falou, por causa das filas e porque os lugares eram tão incríveis que precisavam de tempo para serem admirados adequadamente. Na verdade, eu tivesse achado o itinerário dela bem grande. E faríamos tudo a pé.

Voltei ao hotel para pegar algumas coisas para passar o dia, como garrafa de água e uns pacotes de biscoito, protetor solar, calcei tênis confortáveis e saímos. Primeira parada: Coliseu. Tinha passado de carro em frente a ele e já tinha sido impressionante. Parar ao lado dele foi magnífico, o local emana poder. Claro que ali aconteceram algumas das piores cenas da história. Ocorria de tudo: cristãos versus leões, gladiadores se matando, julgamentos e execuções. Ainda assim, a imponência da construção fazia você se sentir parte da história. Após algum tempo na fila do ingresso e para entrar, consegui conhecer o interior. Havia opção de visita guiada, mas Julieta parecia conhecer tudo como a palma da mão. Mostrou-me detalhes da construção que nenhum guia mostraria, contou histórias que ouviu de sua avó, encantou-me de muitas formas. Contou-me uma história de amor entre uma escrava e um gladiador. Eles haviam se visto quando foram vendidos para os aristocratas e apaixonaram-se imediatamente. Ele lutava regularmente e vencia. Ao final de cada combate, sua amada esgueirava-se pelos porões e ia vê-lo, cuidava dele. Arquitetaram um plano para tirá-lo dali e fugirem. No dia combinado, ela roubou as chaves do porão onde ele estava e o libertou. Ainda era madrugada quando fugiram. Ao chegar nos limites da cidade, no entanto, os guardas os viram e os perseguiram. Ele era um grande guerreiro e conseguiu lutar contra os soldados. Sua amada, no entanto, foi vítima de uma flecha envenenada. Ao vê-la caída, o guerreiro parou de lutar, largou sua arma e deixou-se ser morto pelos soldados.

Quando ela terminou de contar a história, eu estava encharcada de lágrimas. Parece que a Itália, apesar de ter paisagens tão belas e românticas, não era muito afeita aos finais felizes. Vide Romeu e Julieta.

Saímos do Coliseu e caminhamos até a Basílica de Santa Francesca Romana. Era uma construção muito bonita, com algumas ruínas ao redor, alguns templos antigos que, segundo Julieta, eram de quando os deuses ainda reinavam em Roma, mas o que realmente me chamou a atenção foi a decoração do teto. Os artistas italianos sabiam fazer tetos como ninguém. No altar havia uma abóbada incrível. Fiquei imaginando como o artista teria conseguido fazer aquilo. Só de olhar para cima já me dava uma certa vertigem, imagine ficar o dia inteiro em uma escada trabalhando em todos aqueles detalhes e cores. E que riqueza de detalhes, aquelas expressões nos rostos dos santos.

Em seguida, fomos ao templo de Vesta. O caminho até lá é incrível. Senti como se estivesse séculos antes de Cristo. Todas aquelas ruínas um dia haviam sido construções espetaculares, e os romanos viviam aquilo diariamente. É como viver em uma obra de arte. Toda aquela arquitetura herdada dos gregos, a cultura, a religião. Mágico. Uma viagem no tempo. Sentei um pouco e fiquei apenas admirando o local. Julieta sentou ao meu lado e fez o mesmo que eu. De repente vi ao longe o mesmo homem que havia visto no metrô no outro dia. Dessa vez vestia uma calça jeans, uma blusa branca e um terninho por cima. Acompanhei sua caminhada, ele estava comendo um sanduíche. De repente percebi que eu mesma estava com muita fome. Quando o perdi de vista, perguntei a Julieta se podíamos almoçar, já passava das 15 horas. Caminhamos por alguns atalhos internos e chegamos ao Largo Corrado, onde almoçamos.

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