Capitulo 13

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Whit

        O tempo para, e cada músculo de meu corpo fica tenso quando centenas deles vêm para cima de mim como um cardume de piranhas sedentas de sangue, prontas para me comer até restarem apenas os ossos.

        — Você não é o... Brandon Michael Hatfield? — uma mulher pergunta, com surpresa na voz.

        Solto a respiração e faço que sim com a cabeça. Tinha me esquecido do feitiço.

        Meu alívio dura só um segundo, pois o próximo som que ouço é um assobio. De canto de olho, vejo um furgão estacionar e, assim que registro o que as palavras pintadas na lateral — ESQUADRÃO DE SANEAMENTO DA N.O. — querem dizer de verdade (esse saneamento está mais para desaparecimento... é um dos malditos Esquadrões da Morte do Único), um cassetete atinge minha têmpora direita.

        Minha visão volta bem a tempo de eu ver um coturno com ponta de aço atingir meu abdome. Perco o ar e sinto como se fosse vomitar um rim.

        Ou meus dois intestinos, o grosso e o delgado.

        A multidão passa por mim enquanto um homem de bigode preto e engordurado, e lábios bem finos, que pelo jeito deve ser o líder, me pega pelo cabelo. Seus olhos frios ficam a centímetros de meu rosto.

        — Por ordem do Único — ele cospe, lendo um papel que parece oficial —, toda a escória deve ser eliminada dessas ruas em Ordem, incluindo praticantes das artes das trevas ou expressivas, todas proibidas, os indivíduos previamente conhecidos como celebridades, e todos os outros que representem ameaça à integridade da Nova Ordem. — Ele faz cara feia, estudando meu rosto de Brandon Michael Hatfield, que, aparentemente, é tão ofensivo quanto minha verdadeira identidade. — E isso inclui você, seu verme.

        Consigo dar uma boa catarrada nele para me vingar, mas vou me arrepender de ter feito isso nos próximos cinco segundos.

        Os outros caras do Esquadrão da Morte se aproximam e é aí que a festa começa de verdade.

        Um deles prende meus braços em minhas costas enquanto os outros dois se revezam e transformam minha cara em massa de pizza, e o sangue escorre do meu nariz como molho de tomate. Tudo acontece rápido demais e não consigo registrar a dor de cada golpe, mas, quando caio de lado, definitivamente, sinto que meu ombro, já capenga, está deslocado. Uma dor aguda me atravessa como um machado.

        Poderia até tentar mandar um feitiço para cima deles, ou talvez tentar impedi-los, mas algo me diz que minha vida pode ficar muito, muito pior se descobrirem quem eu sou de verdade. Tento me concentrar em algo além dessa chuva de murros, mas só consigo ver a multidão assassina além do círculo de soldados ao meu redor.

        Uma mulher com estola de pele de marta e batom berrante grita para os caras “Acabem logo com ele!”, e a imagem da bruxa queimada fica piscando em minha memória.

        Mas ainda não estou pronto para ser “finalizado”. Mesmo se Célia estiver esperando por mimna Terra das Sombras.

        Célia. Pensar nela é como levar outro chute no estômago, porém imaginar seu sorriso tão doce e o calor de seu corpo, e me lembrar exatamente de quem a roubou de mim para sempre, é o bastante para que alguns feitiços de vingança brotem em minha mente.

        Não tenho outra escolha a não ser apelar para a magia, o que é bem, vamos dizer, estressante, se eu considerar que ultimamente esse lance não tem funcionado muito bem comigo.

        Cé, acho que vou encontrar você mais cedo do que imaginava.

Bruxos e Bruxas - O FogoWhere stories live. Discover now