Capitulo 8

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Whit

        Passo correndo pelas ruas, procurando loucamente por uma saída desse mundo triste e trágico. E parece loucura tentar chegar a um lugar por onde ainda perambulam os mortos. Ao Submundo. À Terra das Sombras. À Célia, o amor da minha vida, presa entre os Perdidos.

        Não consigo tirar as palavras da Pearl, “até ela morrer”, da cabeça. Ah, se eu conseguisse encontrar Célia de novo, sei que ela me diria o que fazer. Ela foi brutalmente assassinada pela Nova Ordem, mas às vezes ainda vem me visitar. Como espírito. E ela já ajudou a mim e a Wisty tantas vezes antes.

        Ela saberia o que dizer. Não é verdade?

        Sei lá. Preciso ver Célia agora, e nada mais me importa. O perfume doce dela, seus braços reconfortantes, a voz dela sussurrando palavras de encorajamento para mim. Não posso ficar sozinho agora.

        Como já tinha feito tantas vezes antes, ando em direção a uma parede de concreto no final de um beco e bato meu ombro nela com toda a força, esperando encontrar algum sinal de vulnerabilidade que não consigo ver, uma dobra no tecido dessa dimensão que dá passagem para a próxima. Já tínhamos usado esse atalho antes, na época em que parecia sempre haver um portal para a Terra das Sombras por perto. Mas a influência do Único está crescendo, e muitos portais desapareceram ou foram bloqueados.

        Como esse.

        Só encontro a dor e caio no chão, totalmente derrotado, querendo ver Célia, meus pais, e a galera que deu a vida pela Resistência. Eu já perdi quase tudo, e agora vou perder minha irmã, também.

        As palavras ruminam no meu ouvido como um eco em uma concha: “Até ela morrer...”.

“        Não. Ainda não.” Eu me arrasto do lixo da rua.

        “Não vou deixar minha irmã morrer.”

Bruxos e Bruxas - O FogoWhere stories live. Discover now