Ponto de vista de Minatozaki Sana
Senti seus lábios delicados se unirem aos meus, de início foi um breve toque de lábios, mas não demorou muito pude sentir ela pressionar novamente seus lábios macios nos meus. Instintivamente fechei os olhos aproveitando o contato, logo senti ela pedir passagem pra aprofundar o beijo, assim ela fez.
Estava tão perdida em aproveitar aquele momento que não conseguia pensar em mais nada a não ser nos lábios da menina nos meus, aquilo era bom, muito bom.
Mas como em um estalo de consciência, empurrei Tzuyu pelos ombros, me afastando dela, levando minhas mãos até minha boca, eu não podia ter gostado daquilo, por mais que eu tentasse, minha cabeça ainda não conseguia processar as mudanças do mundo, pra mim, aquilo ainda não estava certo.
- Princesa, me desculpe, eu não sei o que me deu, desculpe! - vi Tzuyu sair pela porta mas não tive coragem de dizer nada, estava muda.
Vesti minhas roupas anteriores - que eram da taiwanesa - e sai do provador, carregando o resto das peças, eu não havia provado quase nada, mas agora não tinha mais cabeça pra isso.
- E aí, Sana - Nayeon abriu um sorriso pra mim assim que apareci perto delas. - Com quais você vai ficar?
- Eu..
- Com todas, ficaram ótimas nela. - Tzuyu tinha os braços cruzados enquanto estava encostada no balcão, sua expressão era seria e até me dava um pouco de medo. Eu não queria que ela ficasse brava comigo, ou achasse que eu ficaria brava com ela pelo beijo, eu nunca faria algo assim.
- Não é difícil também, a modelo ajuda! - Momo passou o braço por cima de meus ombros, me acompanhando pra outra parte da loja.
Não vi mais Tzuyu, Nayeon e Chaeyoung até as três aparecerem cheias de sacolas, eram as minhas sacolas. Eu sabia que alí eu não era uma Princesa, eu era uma pessoa normal, elas não precisavam fazer as coisas por mim, eu precisava ajudar e sobretudo me encaixar.
- Dê-me cá algumas dessas sacolas, deixe-me ajudar. - estendo as mãos pras meninas, mas elas apenas negam com a cabeça.
- Nada disso! Você é uma Princesa. - Chaeyoung fez uma reverência desajeitada, quase caindo pela quantidade de sacolas que segurava.
- É sério meninas, não quero ser um peso em seus vidas, se fui mandada a está década, quero aprender e ajudar nas coisas, talvez se eu conseguir voltar um dia, o que eu aprendi aqui, pode ajudar meu país.
Tzuyu expressou uma reação pela primeira vez após o nosso... beijo.
- Se é assim que você quer, pegue essas. - ela me estendeu 4 sacolas, elas não estavam pesadas ao menos.
Fizemos o caminho até o colégio caminhando, eu sentia meus pés formigando, não estava acostumada a andar por tanto tempo assim. Eu estava suando, acho que em toda minha vida as únicas vezes que suei foi quando era pequena e corria pelos corredores, com a Sakura e Miya tentando me alcançar. Ao menos foi em situações divertidas.
Quando finalmente chegamos ao quarto da Chou, me sentei na ponta da cama, respirando fundo, e tentando de alguma forma me fazer sentir menos calor do que estava sentindo.
- Se você tirar o moletom ajuda. Eu vou tomar banho, você pode ir depois, tudo bem?
Concordei com a cabeça e acompanhei a porta se fechando até ser trancada. Me levantei caminhando um pouco pelo quarto, vendo todas aquelas sacolas por lá, onde eu iria guardar tudo aquilo? Retirei uma por uma e as dobrei, colocando em cima da cama, esperaria as ordens de Tzuyu sobre onde guarda-las.
Felizmente não demorou muito para que a mais alta saísse do banheiro, ela tinha os fios molhados e já estava vestida, mas algo nela estava diferente, eu não sei explicar o que era.
- Oh, você pode colocar suas roupas no meu lado do guarda-roupa, eu separei algumas peças pra doação então tem muito espaço.
- Muito obrigada, Tzuyu!
- Se quiser, pode ir tomar banho, eu faço isso por você.
- Não quero incomodar, já disse-lhe isso.
- Não é incomodo, vá tomar seu banho e eu arrumo isso.
...
Já era noite, estava deitada na cama de Tzuyu, enquanto a taiwanesa pesquisava algo em um aparelho que descobri se chamar Notebook, a taiwanesa me disse que era parecido com um celular em algumas coisas, mas não fazia ligações, apenas chamadas de vídeo, que era quando uma pessoa podia ver a outra através da uma câmera. Tudo isso era tão fascinante, haviam tantos meios de se comunicar hoje em dia.
Eu me sentia um pouco angustiada, não conseguia prestar atenção no que Tzuyu falava sobre a pesquisa que estava fazendo. Ela estava tentando achar na internet algo sobre espelhos mágicos em 1950, mas pelo que entendi, tudo parecia muito confuso e a Chou não conseguia entender.
Segui em direção ao banheiro e deixei a porta aberta mesmo, eu só queria jogar um pouco de água no rosto pra tentar afastar aquela angustia de mim.
Permaneci com a cabeça abaixada alguns minutos mas logo me pus a me observar no espelho, por mais que eu quisesse voltar pra casa, alguma coisa me prendia aqui. Além de que, desde o momento em que Tzuyu me beijou, eu não consegui tirar a sensação de ter os lábios dela nos meus da minha mente. Eu nunca havia beijado alguém antes e a primeira vez que me aconteceu, foi com outra mulher. Quando que eu conseguiria imaginar que isso estaria me acontecendo? Era louco demais até pra mim, que amava viajar em meus pensamentos, imaginar outras situações de vida ou outras realidades, isso nunca passou pela minha mente.
Algo estranho estava acontecendo, a imagem do espelho estava ficando embaçada, meu olhos se arregalaram, dei dois passos pra trás.
- Tzu-Tzuyu... Tzuyu-ah
Minha voz estava trêmula, a menina veio apressada ao meu encontro, ela parecia nervosa apenas pôr me ouvir chamá-la dessa forma.
- O que foi, Princesa?
A imagem que o espelho refletia já não era minha, muito menos de Tzuyu.
Minha prima estava alí, Myoui Mina estava alí, era a sua imagem que o espelho estava me mostrando.
- Mas o que- Quem é essa pessoa?
- É a Mina! Tzuyu, essa é a Mina, minha prima! Tzuyu é minha prima!
- Mas como isso é possível? Será que ela consegue ver a gente?
Tzuyu se aproximou do espelho e tocou no mesmo, deu duas batidas de leve, tentando chamar atenção da menina. Mina estava sentada na mesinha do.. meu quarto? Mina ainda estava no castelo, isso séria bom, tomara que ela consiga nos ver.
Felizmente, talvez a sorte estivesse ao meu lado agora. Mina olhou diretamente para o espelho, sua boca se abrindo em surpresa. A menina veio rápido em direção ao espelho, tocando o mesmo como quem tentasse achar uma forma de me tirar dalí.
- Mina? MINA! MINA, VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO?
Eu via sua boca se mexendo, mas não conseguia ouvi-la, e pelo visto ela também não me ouvia.
Da mesma forma que aconteceu aquela coisa estranha, sua imagem sumiu, e dessa vez eu que fui em direção ao espelho, tocando o mesmo, já sentindo as lágrimas correndo por meu rosto.
- Ela estava tão perto, Tzuyu. - a taiwanesa veio até mim, me acolhendo em um abraço apertado.
- Ao menos agora, talvez isso seja uma pista, vamos procurar outros espelhos e ver se isso se repete, tudo bem? - assinto com a cabeça e sinto um beijo ser deixado no topo de minha cabeça.- Você acha que iremos conseguir falar com ela novamente?
- Eu queria poder te garantir que sim, mas eu não sei...
Tudo o que eu queria era poder falar com Mina, ou com Jihyo, até mesmo com Yuta. Eu sentia falta de todos eles, eu sentia falta de meus pais, eu sentia falta da minha vida.

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1950
FanfictionO ano era 1950. Sana desde o dia em que nasceu teve toda sua vida planejada, desde como vestir, se portar, falar, até com quem deveria falar ou com quem iria se casar. A vida de princesa não era o que a jovem Minatozaki queria, ela se sentia estranh...