1950

Kitsune

As 4 meninas estavam reunidas no quarto que Hirai Momo dividia com a namorada — e agora com Chaeyoung. — essa que por algum motivo que nenhuma delas sabia, havia sumido desde a parte da tarde, já era madrugada e a menina não havia aparecido ainda, Momo se distraia com os comentários das amigas sobre a série que viam, mas não conseguia parar de pensar em onde a namorada podia estar. 

Tzuyu e Sana haviam combinado de que esperariam um pouco até assumir para as amigas que haviam dado uma chance para uma nova relação entre as duas, porém, nenhuma das duas sabia esconder bem, já que dividiam um cobertor no chão, e Sana tinha a cabeça repousando sobre o ombro da maior. Momo e Chaeyoung vez ou outra se olhavam, já que ambas eram talvez as principais responsáveis pelo casal finalmente ter tomado qualquer iniciativa. 

— Meninas, vocês não acham que já tá muito tarde? — Momo pergunta, olhando mais uma vez para o celular em mãos, sem nenhum indício de mensagem ou ligação da coreana mais velha. 

— Tarde tá, mas a velha sabe se cuidar. — Chaeyoung disse despreocupada, pegando mais um pouco de pipoca do pote, voltando a focar sua atenção unicamente a série. 

— Tzuyu.. será que a Nay consegue entrar? Os seguranças aumentam a guarda a essa hora, né? 

— Sim, isso sim, mas a Chae tá certa, a Nayeon sabe se virar. 

Sana estava alheia a conversa das meninas, ela estava maravilhada com a série, e quase não conseguia crer em como algumas coisas pareciam reais demais, como as explosões e as mortes eram reais demais, assim como a atuação dos atores que foi algo que a surpreendeu muito. A japonesa era apaixonada por tudo voltado às artes, e a atuação era uma arte, sendo assim ela não conseguia tirar os olhos da tela. 

— Mas ela não disse nada sobre para onde ia? Ela não foi pra aula, eu acordei e ela não estava, só tinha um bilhete dizendo que ela voltava logo. 

— Parece aquelas histórias de pais que dizem que vão comprar cigarro e somem. — a Son comenta mais uma vez, desta vez sem tirar os olhos da tela. 

— As pessoas somem assim, do nada? — Sana tira os olhos da tela, com a expressão surpresa, fazendo as três ali sorrirem. 

— Não Princesa, é uma desculpa, os homens dizem que vão comprar alguma coisa e nunca mais voltam pras casas, é um jeito de fugir das responsabilidades. 

— Oh, entendi. 

As horas se passaram e as meninas acabaram caindo no sono alí mesmo. Sana e Tzuyu dormiam abraçadas no chão, enquanto Momo lutava contra o sono na própria cama, Chaeyoung dormia serena na cama da Im. 

Com cuidado, Nayeon abre a porta do quarto, ela sabia que havia se atrasado um pouco demais em sua missão, e temia não conseguir manter o disfarce ou levantar alguma suspeita, ela já havia usado tantos feitiços de esquecimento nas amigas, que questionava como elas ainda conseguiam se lembrar de certas coisas. 

Nayeon tinha um segredo, e não podia arriscar que as amigas descobrissem, era perigoso demais. Ter Sana por perto foi algo que ela nunca imaginou, ela nunca ao menos cogitou que alguém próxima a si, de certa forma, fosse estar ligada ao segredo que ela tanto lutava em esconder, mesmo que indiretamente. 

Tudo o que a coreana queria era se ver livre daquela maldição o mais rápido possível, para viver em 2019, ao lado da mulher que amava, sem as imposições e os preconceitos que precisou enfrentar quando vivia em 1930, e tinha que lidar com a constante rejeição da família, fazendo com que a menina não tivesse outra escolha, além de pedir ajuda à bruxa. Ela nunca imaginou que aquela ajuda custaria tão caro, mas ir tão longe a fez conhecer Momo, e disso ela nunca se arrependeria.