1950

onde está o espelho?

— Eu tenho minha resposta, Tzuyu.

— E qual é?

1950

Mina esperou a noite cair para voltar até a cabana, ela queria reunir mais informações que talvez fossem úteis para Sana, em sua busca pelo portal que a traria de volta do ano de 2019. Antes de sair, mesmo com os pedidos de Yuta para ela não ir, Mina pediu que caso ela não voltasse a tempo, o irmão mostrasse os desenhos que havia feito das anotações das bruxas no espelho.

A Myoui ainda achava aquilo tudo uma das coisas mais loucas que já aconteceram em sua vida. Como um portal para um ano tão distante assim esteve ali por todo esse tempo e ninguém soube? Como as bruxas chegaram até ele sem que ninguém percebesse? E a pergunta que rondava a cabeça de Mina por todo o tempo desde que soube, como deve ser 2019?

69 anos a frente. Tantas coisas devem ter mudado nesse período, ela esperava que as coisas estivessem melhores, para todos, mas especialmente para as mulheres. Mina desejava que o fato de terem que se casar apenas por obrigações familiares, ou o fato de não poderem fazer o que gostam para seguir a linha de mulheres belas, recatadas e do lar, já não existisse mais. Mina odiava isso. Tudo o que Minari queria era ser livre, ela não queria se casar, não queria ter filhos e muito menos cuidar de uma casa, então se tivesse tido a oportunidade, ela adoraria ter sido ela no lugar de Sana. A japonesa torcia que a ciência tenha avançado muito também, torcia que a guerra tivesse acabado de vez, e que o Japão estivesse livre das garras dos Estados Unidos, e que os mesmos tivessem pagado pelo que fizeram em suas cidades.

Se esgueirando pelas árvores, Mina viu que haviam algumas tochas acesas ao redor da cabana, mulheres ao lado da porta segurando cada uma, uma tocha, vestidas com capas pretas. As vozes que vinham de dentro do local eram indecifráveis para japonesa, ela não entendia nenhuma palavra que estava sendo dita alí, mas logo um clarão se fez presente dentro da casa, um pequeno estrondo que fez Minari se jogada alguns metros pra trás, tonta, e sem entender o que havia acabado de acontecer. Myoui tenta se levar rapidamente, tentando não fazer nenhum barulho, sentia uma dor horrenda nas costas devido a pancada, mas tentou ficar de pé. Ao levantar a cabeça, viu que já não havia mais ninguém, a cabana estava escura como anteriormente e as duas mulheres que outrora estiveram à frente da porta, já não estavam mais.

Mina se levanta, se apoiando em uma árvore e ao tentar se aproximar mais do casebre, a garota sente uma mão ao redor de sua boca, impedindo que ela gritasse ou falasse qualquer coisa, segurando seus braços com o outro braço. A figura de estatura média pedia em seu ouvido que ela não se debatesse, ou ela morreria. Assim que a Princesa parou, a figura que Mina descobriu ser uma mulher, impulsionou seu corpo sobre o da menor, fazendo Mina cair de joelhos. Ainda tendo sua boca tapada, Mina viu duas das bruxas voltarem até a casa, entrando na mesma.

— Fique quieta, alteza. — assim que as bruxas saíram e tomaram seu rumo, Mina foi liberta, se afastando ainda sentada no chão.

— Quem é você? — a mulher se levantou retirando o capuz que cobria seu rosto, impedindo que Minari anteriormente visse seu rosto.

— Me chamo Im Nayeon. Preciso partir agora, sugiro que a senhorita faça o mesmo, mas se assim desejar, eu posso acompanhá-la.

Nayeon estende uma mão a Mina, ajudando a menina a levantar-se. A Myoui ainda estava um pouco atordoada pelos últimos acontecimentos.

— Não, eu- eu não posso partir agora.

— Ficar seria perigoso, venha comigo, por favor.

Mina passou as mãos pelo vestido que agora estava sujo pela terra, se virando em direção a cabana, sem dar ouvidos a maior.