Capítulo 37 Florence Alice

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Já faz algumas horas que estávamos em uma das salas do hospital reservadas para familiares e, ainda nada do médico.

Todos estão falando que eu preciso ter paciência e calma, mas isso fica infundado para quem está sentindo na pele a dor de saber que é um membro da sua família que está lá dentro sendo operado porque levou um tiro no lado esquerdo do abdômen.

A enfermeira nos deu essa informação cerca de quatro horas atrás, só que depois disso... Mais nada. Todas as quatro vezes que fui procurá-la, uma por hora, ela disse não ter mais nenhuma informação para me dar, e ficar sem saber de nada me deixa angustiada.

Me recordo da última vez que falei com o meu pai e fico procurando por algum detalhe que eu deixei escapar naquela conversa. Ele me ligou três dias depois do meu noivado para perguntar como tinha sido e, se eu estava feliz.

- Eu estou muito feliz sim pai. Quer dizer, estaria melhor se o senhor estivesse aqui comigo.

- Me desculpe filha, mas eu vi que tinha que resolver algumas questões aqui em Varese com os seus tios. - me lembro que a voz dele estava segura.

- E não poderia ter deixado isso para outro dia?

- Não, tem coisas que eu já estou protelando a muito tempo e tenho que resolver isso tudo antes que...

- Antes que?

- Há filha, seu pai já não é mais um garoto, não tenho mais o luxo de deixar as coisas para depois. Mas olha, mesmo não estando com você, saiba que eu fiquei muito feliz. Enzo é mesmo um homem de bem.

Me lembro de ter desligado o telefone e ter ficado triste. Não conseguia diagnosticar o porquê, era só uma ansiedade sem razão.

Meu celular vibrou no bolso de trás da minha calça jeans. Pego-o e olho na tela.

Arminda.

- Oi Arminda.

Assim como eu, ela também quer estar perto no momento como esse, por isso pegou o primeiro voo de Gênova para Roma.

- Oi menina, o avião acabou de pousar, vou pegar um táxi e, daqui a pouco estou no hospital. Já teve alguma notícia?

- Não, ele ainda está em cirurgia.

Fazemos silêncio por alguns segundos. - Tudo bem, daqui a pouco estou aí.

- Tá bom. - minha voz sai fraca de mais.

- Alice tenha fé, ele vai ficar bem.

- Espero que sim. - é tudo que eu preciso acreditar no momento mas eu estou me sentindo fraca, e querendo ou não muitas coisas nada boa martelam em minha cabeça.

Arminda suspira. - Já estou chegando.

Desligo o celular e olho para Enzo que me observa com atenção. Ele está sentado no sofá e, ao seu lado Gianni falava alguma coisa muito baixo. Claro que é sobre o que Lucca e os outros estão fazendo lá fora. Eles nos deixaram aqui e foram em busca de alguma coisa, ou mais especificamente, alguém.

Nicolas.

Ainda em Mônaco depois de conversar com Annie, eu vi Lucca em um canto sussurrando enquanto falava com Alessandro, Selene e Hebe e, também vi quando ele colocou a sua arma em sua cintura antes de sairmos.

Não comentei nada com Enzo, mesmo porque, eu tenho certeza de que se ele soubesse sobre os planos do meu cunhado e dos outros, ele não iria me contar.

Eu já estou com coisas demais para me preocupar.

Olho mais uma vez para a porta enquanto ando de um lado para o outro.

EFEITO BORBOLETA - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora