Capítulo 11

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KAYURI

Seguimos os lobos pela floresta, tínhamos apenas mais alguns minutos de caminhada quando ouvimos os primeiros gritos, seguidos por tiros, rosnados, uivos e mais gritos. Corremos em direção ao que só poderia ser outro ataque. Quando nos aproximamos da alcatéia fiquei na forma humana e gritei para que todos ficassem ali, que eu ia com os lobos ver o que estava acontecendo, não esperei por uma resposta apenas fiquei novamente como lobo e corri atrás dos outros. Chegamos no meio da batalha com tiros sendo disparados, alguns apenas com tranquilizantes e outras armas com munição de verdade, lobos atacando, humanos desmembrados pelo chão, os humanos estavam perdendo o ataque, pois ouvimos alguns gritarem desesperados por mais munição e receberem em resposta que não tinham mais, viram que não tinham chances com mais quatro lobos se juntando a luta, e então um deles deu a ordem de retirada, com certeza esse é o líder, o responsável pelos ataques. Corri em direção a ele que já estava subindo no helicóptero, mas senti uma pressão em meu peito quando estava quase o alcançando, o tiro de tranquilizante me desestabilizou na hora, e por alguns segundos tudo ficou preto.
Abri os olhos já na forma humana, arranquei o dardo que estava preso no meu peito, estava com muita dor de cabeça, a visão turva, não entendia o que estava acontecendo, a minha volta todos pareciam andar em câmera lenta, não via mais o helicóptero, mas esse parecia o único som que eu conseguia distinguir, se o ataque não deu certo por que ainda estava ouvindo o som ritmado que ele emite? Como um clique lembrei da minha alcatéia a apenas algumas centenas de metros dali e corri na direção deles cambaleando entre as árvores. Não tinha mais ninguém onde os vi pela ultima vez, eu mandei que ficassem aqui, eles não sairiam sem ter motivos, tentei me concentrar nos rastros deles, mas estava difícil de me concentrar em qualquer coisa.
Estava desorientado no meio da floresta, tentando farejar alguma coisa, qualquer coisa, quando Lyake apareceu me puxando pelos ombros, gritando, querendo chamar minha atenção, não estava conseguindo escutar o que ele estava falando, só estava ouvindo o som do helicoptero, que agora parecia ainda mais perto, MAIS PERTO!

- Kayuri!!! Me escuta, alguns humanos desceram do helicopero bem em cima de onde estávamos, não sei como acharam a gente, a Thainá mandou correr em grupos, cada grupo pegou um filhote e saiu pela floresta. Todos os outros já se encontraram, mas falta o grupo dela, ela está com seus irmãos.

- Mande todos os outros irem para a alcateia, vou procurar por eles e depois encontro vocês lá.

A adrenalina deve ter amenizado um pouco o efeito da droga, eu ainda estava me sentindo tonto, mas conseguia focar em algumas coisas agora, logo senti o cheiro de Thainá e o segui, senti também o cheiro de humanos. Segui o rastro que deixaram, a alguns metros a frente vi Lukai, o irmão mais velho de Thainá, estava deitado no chão com três dardos tranquilizantes no peito, os arranquei mas não tinha mais o que eu podia fazer por ele e continuei o caminho, escutei o choro de um bebê, que só podia ser Keny, sai correndo em direção ao choro, pode não ter sido uma boa ideia, assim que eu cheguei perto deles, caí de joelhos vomitando um liquido preto.

- Olha só, temos um peladão aqui!

Os outros riram como se fosse algo engraçado. Eu só conseguia ver a minha família encurralada, Temari estava caída a alguns metros com vários tranquilizantes, Mayah estava assustada com Keny no colo e Thainá estava a frente deles, a loba acinzentada tinha um tranquilizante no peito, então não ia conseguir empedi-los por muito tempo. Eram seis humanos que estavam ali, todos com um tipo de óculos grande na cabeça, dois com as armas tranquilizantes e os outros com um tipo de cassetete. Um dos que estavam com o bastão se aproximou deles.

- Primo? Não é melhor dar mais um tiro antes de se aproximar? Ela só esta com um tranquilizante.

- Não precisa Júlio, quando eu encostar isso nela, ela vai dormir!

Disse olhando para o bastão em sua mão. Consegui reunir forças para levantar.

- Não encoste nos meus irmãos!

- Olha, o peladão sabe falar!

- O chefe! Vê se ele não parece o Arnold Schwarzenegger, no filme do Exterminador do Futuro andando pelado desse jeito ai!

- Não consigo entender esses selvagens.

- Veja pelo lado bom chefe, as mulheres também andam peladonas. Olha essa ai!!

Um deles disse apontando para Temari, fazendo os outros rirem, ainda não consigo entender a parte engraçada, pelo menos a atenção não estava nos filhotes. Senti que Thainá não ia conseguir ficar consciente por muito tempo, precisava fazer alguma coisa, e rápido.

- Mayah, corre!!!

Na mesma hora que gritei isso, já me trasformei e pulei na garganta de um dos homens e o joguei sobre os outros, que caíram no chão, Thainá não conseguiu me ajudar a atacar mas ficou com o corpo na frente do caminho por onde Mayah fugia, e levou mais um tiro de tranquilizante antes de eu arrancar o braço do humano que estava com a arma e o jogar longe, o outro com a arma conseguiu disparar contra mim uma vez só, vi ele tentando disparar mais vezes, mas os dardos tinham acabado, depois não consegui pensar em mais nada, tudo estava girando. Fui aos tropeços até Thainá, que já estava na forma humana caída no chão, deitei perto dela e coloquei o focinho em suas costas. Ainda conseguia ouvir ao longe o que eles falavam.

- Não estamos muito longe da cidade, é uma cidade minúscula e o helicóptero chamará muita atenção. Então eu e Julio vamos com eles e voltamos com os carros para pegar vocês. Vocês dois vão atrás da menina e mantenham contato direto pelo rádio.

Dois dos humanos saíram correndo.

- Então Mogli, vou atrás dos seus irmãozinhos, mas não precisa se preocupar, faço questão de deixar eles juntinhos com a mãe, adoro uma reunião de familia.

Rosnei para ele e como resposta recebi um choque do bastão no fucinho, e então desmaiei.

Enfim LobosOnde histórias criam vida. Descubra agora