ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 1

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— Então, é isso? Estamos morando juntos? — Anne pergunta.

— É. 

Os dois se entreolham até que Anne começa a rir nervosamente.

— Olha, nós somos amigos e podemos continuar sendo. A única diferença é que estamos casados e vamos morar na mesma casa. — Gilbert diz.

— Mas e a escola?

— Vejo problema nenhum também. Continuamos agindo normalmente sem contar sobre o casamento.

— Certo... — Anne diz pensativa. — Poderiamos contar para a senhorita Stacey e Diana? Eu acho que seria um pouco mais fácil se elas soubessem.

— Tudo bem.

— Vamos então ao segundo dilema mais importante. Quem cozinha? — Anne pergunta com um olhar presunçoso.

— Olha, eu não me importaria de dividir as tarefas. — Ele diz tranquilamente. — Mas é importante lembrar que sou um desastre na cozinha. — Dá uma risadinha e Anne o acompanha.

— Temos que sair cedo também para ir a escola? Porque eu sempre me encontro com Diana pela manhã para irmos a escola, se eu não fosse ela iria desconfiar.

— Eu também me encontro com Moody pela manhã. Faremos isso então, sairemos mais cedo. — Gilbert concorda. — Mas, na volta pra casa depois que você se separar de Diana, estarei lhe esperando para virmos para casa.

— Tudo bem. — Anne diz com uma pequena revirada de olhos. — E alianças apenas em casa e perto dos que sabem sobre o casamento. Antes de sairmos poderíamos colocar elas na caixinha e deixá-la dentro da  gaveta daquela cômoda que fica perto da porta.

— Boa idéia.

🍂🍂🍂

Gilbert chega em casa do seu turno de aprendizagem médica. Anne está na cozinha,  cozinhando rissóis de porco com uma receita que Mary a ensinou. Faz dois meses desde o casamento e as coisas estão calmas.

A pior parte disso foi definitivamente quando procuraram a Srta. Stacey e Diana para contar sobre o casamento e elas confirmaram que guardariam segredo e informaram que sabiam que eles estavam apaixonados um pelo outro. " Eu percebia os olhares.", dissera elas com uma piscadela e Gilbert engasgou.

— Encontrei Matthew na cidade. Ele disse que Diana deixou isto para você. — diz Gilbert quando entra na cozinha. Ele a abraça, brevemente, pela cintura, e Anne trabalha para não enrijecer o desconforto com o toque, seguida de uma carta com o nome dela escrito na frente em uma linda letra cursiva.

Gilbert começa a cozinhar os rissóis quando Anne abre a carta. Eles ficaram melhores nesse tipo de coisa; cozinhando um para o outro e um com o outro, revezando-se no banho, revezando-se nas compras. Eles podem antecipar as necessidades uns dos outros cada vez melhor com o passar do tempo. A frente em que estão lutando é o toque físico, sem se assustar.

O que não quer dizer que Anne não o tocaria de bom grado se ele pedisse, é que eles precisam passar da pergunta. Ela não sabe se ele está lutando com isso ou não, mas pelo menos está fazendo um esforço para ela se acostumar com seus toques.

A carta, como se vê, é um convite para uma festa na casa de Tia Josephine.

 —Eu não acredito. — diz Anne animada.

— O que houve? — Gilbert pergunta, olhando ociosamente por cima do ombro para ela.

Anne mostra o cartão cuidadosamente impresso. 

— Terá uma festa na casa da tia de Diana e ela deixou-me um convite.

Gilbert fecha os lábios e volta para a panela na frente dele. 

— Precisa que eu vá com você?

— Sim. — Anne murmura, levantando-se no balcão oposto. — Não! Quer dizer, se você quiser é claro. Mas se fossemos, iríamos de aliança?

— Anne, se você disser que quer que eu vá, eu irei. Diana já sabe, então não vejo mal em irmos de alianças já que ela será nossa única conhecida. — diz Gilbert, tirando os rissóis cozidos do fogo. Ele empurra as pernas dela para que ele possa alcançar o armário em que estavam penduradas na frente para recuperar os pratos.

— Tem também Cole e Tia Josephine. — Anne responde. Ela pega seu copo de água e toma um gole, e o cutuca no ombro. — Eu não contei a eles ainda.

— Será uma surpresa para eles então. Nós estamos indo, não estamos? — Ele pergunta a ela. Ele coloca os pratos ao lado de onde ela está sentada e tira o convite dos dedos. 

— A festa ainda está a um mês e meio de distância. — Anne fica de mau humor, ao ver a data. 

Ele faz beicinho zombando dela: " Trágico."

— Deus, os dias vão se parecer anos até o dia da festa. — Anne murmura para si mesma, bebendo sua água novamente.

— Que triste. — Gilbert diz com ironia, carregando os pratos para servir. 

— Pare de ser irônico. — Ela revira os olhos. Ele a encara. — Não use esses seus olhos bonitos para me intimidar, Gilbert Blythe. 

— Você está flertando comigo, Anne Shirely? — Ele engasga, dramaticamente, com a mão segurando a espátula em seu peito.

— Para você é Anne Shirley Cuthbert. — Anne responde, apontando para ele com autoridade.

— Espere. — Ele faz uma pausa, o humor deslizando repentinamente de suas feições, substituído rapidamente por uma genuína confusão. — Você não pegou meu sobrenome?

ɱɑʀʀiɑgɛOnde histórias criam vida. Descubra agora