Capítulo 17 - Pistas

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Yang Mi Narrando

— Tudo bem, são no máximo umas sete e pouca. — Falei para eu mesma enquanto descia a escada. — Não há ninguém em casa e nada ligado. Se alguém chegar, provavelmente ouvirei. — Concluí tentando manter a calma.

  Revistar a casa não estava em meus planos, mas acabei por ter a ideia assim que soube que poderia ficar sozinha.

Ninguém queria me contar o que diachos eu fazia ali, e bem, eu tinha uma vida fora de Nébola, mesmo que não fosse lá grande coisa como a dos vampiros, eu gostava de onde cresci. Eu tinha meu irmão também que me esperava em casa, e eu ansiava em vê-lo novamente.

O escritório de Hérus foi o primeiro lugar que entrei. Revirei a escrivaninha, liguei o computador atrás de alguma coisa, de alguma pasta com alguma informação, porém nem pasta ele tinha ali, parecia mais que o aparelho era novo, pois não tinha histórico, não tinha arquivos baixados... Nada.

— Legal. — Disse me referindo ao oposto.

Desliguei a máquina e passei os olhos novamente nos livros ali. Só haviam em boa parte livros históricos, fossem sobre antes do apocalipse, fosse sobre vampiros, sobre romances velhos, bruxas e outras coisas que não me diziam nada.

— Tudo bem, nada por aqui. — Olhei para cima. — Quarto.

E foi para o cômodo que fui.

Ao parar diante da porta do quarto de Hérus que me dei conta de que nunca havia estado ali, nem mesmo em qualquer quarto de vampiro, e por isso, eu não sabia o que encontraria depois daquela porta.

O cômodo estava escuro, pois a luz estava apagada. Encontrei o interruptor ao lado da porta e assim o quarto se iluminou.

  Primeiro avistei a cama, uma grande grama com tecidos e mais tecidos negros em cima, fosse nas cobertas, fosse nas fronhas e na manta. Havia uma mesa de madeira escura toda detalhada ali também com livros e mais livros pelos cantos dessas, compartilhavam espaços com papéis, velas, canetas e até um tinteiro.

— É incrível como eles adoram essas coisas antigas... — Sussurrei vendo tudo aquilo.

Até mesmo a lareira tinha um ar antigo, era grande, maior do que a do quarto que eu estava, tinha livros e mais livros em cima dela, assim como um quadro enorme do que parecia ser uma lua vermelha mal iluminando o céu tomado pelo escuro da noite, sendo que essa parecia derramar um fio de luz da mesma cor que ia até o fim do quadro.

  Era um quadro bonito, ainda que estranho. Aproximei-me ao ponto de notar que era composto de pinceladas carregadas de tinta a óleo. Era uma obra original e estava assinada com o nome de Sun Hee no alfabeto Hangul, o alfabeto coreano. Passando os dedos na tela, eu lembrei da mesma me contando sobre a lua de sangue que se derramava na boate onde visitamos. Era engraçado pensar que uma casa de festas noturna era palco de um ritual a cada dez mil anos.

Deixando de lado os pensamentos e assim me afastando do quadro, fui em direção a mesa, mexi em alguns dos papéis com o maior cuidado possível para não alterar muito a visão que se tinha ali. Fiz uma careta ao notar que ali só tinham coisas relacionadas aos negócios de portos e outras coisas relacionadas aos vampiros. Nem mesmo os livros dali tinham relação com o que eu procurava, eram mais sobre contos de escritores portugueses e franceses.

Olhei a janela que estava logo a frente da mesa por um momento vendo as árvores balançarem ao longe com o vento e continuei minha busca. Atravessei o quarto pisando pelo tapete enorme que ocupava seu centro, era preto com desenhos em dourado. Havia uma estante num canto, tinha alguns objetos por ali, como pedras brilhantes, pequenas esculturas de monumentos históricos, um porta canetas cheio das mesmas, mais livros e uma caixinha vinho fechada, que foi exatamente o que me chamou a atenção ali. E ao tirar a tampa do objeto, acabei por me surpreender.

Entre Vampiros: Do Outro Lado Da MuralhaOnde histórias criam vida. Descubra agora