capítulo 10

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Marina 🧚‍♀️

Jéssica: E tu, decidiu o que então? Não falou mais nada pro Ds?

Mari: Não falei, mas tô com o plano de sair daqui depois de amanhã. Tá tudo resolvido pra mim.- Ela confirmou, terminando de comer a torta.

Jéssica: Tá bem determinada, ein. Não passou pela sua cabeça que ele vai tentar mover céus e terra dizendo faz de tudo por você e que te ama? - Neguei rindo.- é típico de macho, irmã!

Mari: Passei da época de acreditar nisso, pra mim só serve na prática, falar todo mundo fala. Tanto é que ele me disse da última vez que tava disposto a mudar, não vi caralho de mudança nenhuma, o espaço que ele pediu eu dei.

Davi: Mamãe, "cabei".- Apareceu com a boca toda suja de chocolate, e eu sorri balançando a cabeça e limpando ele que em seguida pediu água.- Quero ver manu.

Mari: Hoje não, Davi.

Ele fez birra mas eu dei o meu não pela segunda e última vez, e só depois que eu expliquei tudo certinho que ninguém podia sair hoje, ele entendeu e ficou quietinho.

Jéssica: Isso aqui fica um caos em dia de operação.- Bufou, lavando as coisas que tinha.- Esqueci de falar mas o meu trabalho no asfalto não deu certo, o jeito é voltar pro trampo de antes.

Mari: Jéssica, não faz isso. Tu prometeu pra mãe que ia se afastar dessas coisas, vai dar pra trás agora?

Jéssica: Não tem o que fazer, Marina. Trabalho não cai do céu não, e eu não posso ficar sem fazer nada. Tu sabe que eu nunca gostei de ficar muito tempo parada, e o que os meninos me oferecem ajuda demais.

Mari: Muita falsidade sua.- Ela negou com a cabeça.- por que não esperou ver se o trabalho dava certo antes de falar pra mãe que se afastou de tudo?

Jéssica: Ai, eu tava emocionada, cara. Tava achando que ia dar certo de verdade, trabalhar sem correr tanto perigo também era meu sonho. Mas fazer o que se eu sou boa no que faço, Th me da a maior moral, e eu ganho muita coisa por ser a única mulher que bate de frente sem medo nenhum.

Mari: Th te dar moral porque tu tá tendo pra oferecer pra ele, o lucro da favela sobe cada vez mais. Dá uma falha pra ver se ele não pisa em você.

Jéssica: Para, Mari. Tu conhece o cara desde sempre, só depois que tu se juntou com o Ds que ficou com essas idéia. Eu dei o papo de me afastar, e ele super me entendeu, confia pra caralho em mim.

Mari: Confia desconfiando né, tu não me disse que ele falou que mulher é otária, fica atrás de poder e tudo do bom e do melhor, e que faz de tudo por isso? - Ela confirmou.- sujo demais!

Jéssica: Falando assim nem parece que sentou duas vezes.- Neguei rindo.- tu fez uma péssima escolha, se tivesse com ele seria patroa agora, mano.

Mari: Pode acreditar que ele é pior que o Ds, quando a gente ficou era bem escroto, imagina agora. O ego dele é bem elevado, em partes minha escolha foi até boazinha.

⏱⏱⏱

Tudo durou quatro horas, e o fim era sempre bem pior que o começo. Geral desesperado querendo saber dos familiares, a tensão é demais, e mesmo eu não tendo a melhor pessoa como marido eu sempre pedia a Deus pro meu filho não crescer sem pai.

A praça tinha muita gente, parecia ser um tipo de reunião ou sei lá. Tinha muitos bandidos ainda armados, e alguns conversavam com moradores.

Respirei fundo andando até o Ratinho que falava com o Th, e pedi pra falar com ele, o outro olhou pra mim sem dizer nada, mas logo depois saiu.

Mari: Muitas mortes? - Ele negou e eu respirei aliviada.- que cara é essa? Cadê o Ds?

Ratinho: Tava ajeitando uns bagulho pra ir falar contigo, ninguém sabe ainda se tá morto ou preso.

Mari: Tá maluco? - Ele negou me pedindo pra ficar calma.- essa é a única coisa que tu não pode me pedir nesse momento, ninguém viu nada? Como assim?

Ratinho: Fora ele mais dois sumiram, vai chegar o aviso, pô. Vai pra casa que qualquer coisa eu te aciono, ninguém vai te deixar no escuro.

Mari: Eu não vou ficar tranquila, tu acabou de dizer que ele sumiu, ninguém sabe se tá vivo ou morto.- Falei com raiva, e de imediato meus olhos já arderam.- não fala de forma normal comigo, tu sabe que o pior pode ter acontecido.- Falei alto.

Ratinho: Tem fé que não, Marina. Muita coisa pode ter acontecido, nós vai te dar toda moral, em menos de 24h nós passa essa meta pra tu.

Eu perdi a paciência gritando com ele novamente quando ele insistiu em me pedir calma, passei a mão no rosto tremendo, sem saber o que falar pro meu filho, já que a primeira coisa que ele iria perguntar quando eu chegasse em casa era do pai.

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