"Milhares de pessoas no mundo e eu te reconheci na confusão."
Povoado de São Gabriel,
Brasil. 2018.》◆《
O cheiro de café fresco e das rosas desabrochando fez Jimin sorrir. Caminhava pelos campos da fazenda tendo como auxílio a sua guia, que ajudava-o a trilhar um caminho seguro.
A manhã estava fria, havia chovido durante a noite e o sol brando não estava sendo suficiente para deixar tudo aquecido outra vez. Jimin sentia a temperatura na pele, fazendo-o imaginar a paisagem diante dos seus olhos inúteis.
── Irmão, já disse para não andar sozinho. ── Helena chegou de repente. Estava com a respiração acelerada, parecia ter corrido uma maratona. ── Está tudo bem com você?
── Sim, não encontrei o papai ainda. ── O rosto de Helena foi tomado por uma profunda tristeza e ela abraçou o irmão mais velho.
── Não ligue para o nosso pai, ele é um tolo.
── Quem dera se eu conseguisse não ligar para ele, Lena.
── Esquece isso. Vem, vamos caminhar um pouco e tirar o mofo que você vem acumulando. ── Jimin riu, uma risada gostosa, que raramente acontecia.
── Você é péssima, Lena.
── Mas você me ama mesmo assim.── Ela soltou o irmão e enganchou o braço ao dele, iniciando a caminhada pelas terras úmidas. ── Fiquei sabendo que haverá uma festa na casa do doutor Lafir, mamãe recebeu o convite.
── Que bom. Vá e divirta-se, irmã.
── Gostaria que você fosse, Ji.
── Não. Você não precisa de um cego para estragar sua noite. ── Helena cessou os passos e se pôs diante dele, aninhando o rosto bonito em suas mãos.
── Ser cego não impede que você viva, Jimin. Sabe muito bem que há muitas pessoas como você, pessoas que são felizes mesmo não enxergando. Por que age desta forma? Sua vida é tão valiosa, meu irmão, você é tão valioso. Não abandone tudo.
── Minha vida acabou há quinze anos, Lena. ── Ele levou as mãos às dela e se desfez do toque da irmã. ── Agora vamos continuar, pois tenho que voltar ao meu quarto antes que o papai me veja.
── Você sente medo dele.
── Não estou a fim de apanhar. ── Sabendo que era inútil discutir com o irmão, Helena voltou a pegar no braço dele e seguiram com a caminhada.
Ao chegarem na estrada de terra que separava a fazenda Mariana da Lago Azul, o som de cavalos foi ouvido pelos irmãos, que se viraram.
── Quem está vindo?
── São os três filhos do doutor Lafir. Parecem estar apostando uma corrida. ── Jimin não podia ver, mas riu ao imaginar.
── Há um vencedor?
── Uma vencedora. Ela está quase aqui. ── O barulho se tornou mais próximo e de repente cessou.
Os cavalos bateram os cacos no chão e relincharam. Jimin acompanhou tudo com atenção.
── Bom dia, vizinhos. ── A voz feminina dona de uma rouquidão sensual, despertou os sentidos dele a um nível extremo. Ele nunca tinha sido arrebatado de tal forma.
── Bom dia. ── Helena respondeu.
── O que fazem por essas bandas?── Acabei de chegar de viagem, estou desenferrujando um pouco. Conhece meus irmãos? Este é Mateo e este é Lucca. ── Ela apontou para os homens fortes ao seu lado. Helena acenou brevemente para eles, que sorriram em resposta.
Mateo Lafir era dono de belos olhos verdes e cabelos negros, que junto ao seu corpo forte, arrancava suspiros das mocinhas da região. Já Lucca também possuía olhos verdes, mas escondia tal beleza atrás dos óculos de grau. Seu corpo também era mantido oculto e sua timidez se tornara um charme admirado por muitas.
── E a senhorita, qual seu nome? ── A voz de Jimin pegou todos de surpresa e arrancou um olhar curioso da moça, que desceu do cavalo e caminhou até ele.
A primeira coisa que ela reparou foi nos olhos, cheios de doçura e azuis como o céu. Ele era magro, mas não de uma forma feia, suas roupas folgadas pareciam esconder um bonito corpo, bem arquitetado em sua altura. Os cabelos negros chegavam um pouco abaixo das orelhas e caíam como camadas sedosas, contornando carinhosamente seu rosto de pele alva e macia, dono de feições orientais. Ele era um belo e exótico espécime masculino.
Ela desejou tocá-lo, seus dedos coçaram para que erguesse a mão e deslizasse dos cabelos até o pescoço imaculado. Beijá-lo se tornou um desejo intenso também, e ela precisou sacudir a cabeça para espantar aquela loucura que estava se apossando do seu corpo.
── Me chamo Corinne. E você? ── Ele permaneceu com o olhar perdido na direção em que vinha a voz dela. Corinne franziu o cenho e logo entendeu o problema.
── Você é cego... ── Ela sussurrou baixinho, mas ele ouviu e corou. ── Me desculpa pela indelicadeza, não foi intencional.
Ela falou rapidamente, tentando esconder o constrangimento, mas foi inevitável.
── Vamos, Cori, temos que encontrar o papai. ── Lucca chamou e Corinne deu as costas para os vizinhos, mas antes que chegasse ao seu cavalo preto, ouviu outra vez a voz dele.
── Jimin, me chamo Jimin.
Aquele belo rapaz que despertara sua atenção, agora tinha um nome pelo qual ela poderia chamar
E pela primeira vez em anos, enquanto olhava para ele, ela sentiu uma calma silenciar a tempestade em seu interior.
E gostou disso.
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Notas: Olá!
Como vão?
Gostaram do prólogo?
Resolvi trazer essa ideia de volta, mas totalmente remodelada.
Calma e Ventania agora é uma obra que se passa nos dias atuais, mas que ainda guarda sua essência.
Creio que tudo acontece por uma razão e faz quase uma semana que esse enredo não deixa minha mente kkkkk
Ps: O lugar onde tudo se passa (São Gabriel) é um local fictício, que será no Brasil. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
Então, estou dando mais uma chance e desejo muito que possamos chegar até o final do romance entre Jimin e Corinne.
Beijinhos ♥
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Calma e Ventania (Fanfic Version • PJM)
RomanceApós uma queda de cavalo, Jimin perdeu a visão e passou a ser odiado pelo pai. Cresceu sendo humilhado, menosprezado e oprimido. Solitário, mas dono de uma doçura encantadora, ele desperta o interesse de Corinne, herdeira do império Lafir. Ela é for...