- Tia, eu não vejo necessidade de você surtar assim, Henry é meu amigo.
Já haviam se passado alguns dias do acidente, Henry estava bem e em casa. Tia Johanna havia chegado de viagem com mil pedras nas mãos.
- Anna, você não entende que misturar trabalho com vida pessoal é errado? — Ela bateu com força na mesa. —
- Você não precisa surtar por causa disso, a gente ia pra Highgate e aconteceu.
Eu não reconhecia tia Johanna. Não existiam motivos para que ela ficasse desse jeito. Ela não precisava se exaltar dessa maneira. Eram só fotos. E alguns pontos no queixo de OUTRA PESSOA. Tentei mudar de assunto e ela pareceu incomodada.
- O que foi fazer em Miami?
- Eu... eu fui resolver algumas coisas. — Ela falou meio desconcertada. —
- Enfim, tia... eu estou morrendo de saudade dos meus pais, estava pensando que com o dinheiro que recebi do cachê... nós poderíamos morar aqui em Londres mesmo. Estava conversando com o Henry e ele me contou que existem casas baratas aqui, e que o dinheiro que recebi, posso manter minha família aqui. — Sorri para a tia Johanna, a expressão dela mudou rapidamente. —
- Quanto você acha que recebeu? Milhões? Ele recebeu isso, o dinheiro que temos aqui mal dá para bancar as despesas até o fim das filmagens. Não se iluda com isso. — Ela cruzou os braços e encostou na mesa. — Além do mais, duvido seus pais quererem sair daquele moquifo.
- Eu achei que meu contrato tivesse sido igual o dele. Ele me contou que recebeu 500 mil por filme. Totalizando um milhão e meio.
Ela desencostou da mesa e veio para mais perto de mim.
- Acontece, Anna, que você não é uma atriz renomada em Hollywood. Ninguém iria apostar esse dinheiro em você. — Ela me deu as costas e se dirigiu a porta. — Te vejo mais tarde.
Qual era o problema com tia Johanna? Talvez ela só tivesse estressada do voo. Decidi ignorar tudo isso por um momento. Peguei meu notebook e liguei para os meus pais via Skype.
- Oi mãe! Pai! Que saudade. — Falei enquanto acenava para os mesmos. —
- Oi filha, achamos que você vinha com sua tia para cá. Estamos com tanta saudade. — Minha mãe, com sua voz doce e sorriso branco, sorria enquanto falava comigo. —
- Não mãe, eu tinha de ficar caso precisassem de mim. Como estão as coisas por aí?
Eles se entreolharam.
- De vez em quando vem algumas pessoas aqui saberem sobre você. — Meu pai riu. — Às vezes eles compram alguma fruta, o que é bom, outras vezes pedem para tirar algumas fotos com a gente.
- Você sabe que eu não gosto muito de fotos. — Mamãe fez uma careta. —
- Eu sei... vocês estão conseguindo manter tudo em ordem? Precisam que eu deposite alguma quantia?
Eu estava preocupada com meus pais, quando saí de casa para vir para Londres eles estavam tirando dinheiro de onde não tinham para pagar as despesas da casa e da mercearia.
- Não, Anna. Use o seu dinheiro com algo que te deixe feliz, não se preocupe com a gente. — Meu pai sorriu fraco. —
- Me deixa feliz saber que posso ajudá-los de alguma forma. — Sorri. — Vou pedir para a tia Johanna depositar, okay?
- Não Anna...
- Sem conversa, mãe. Vou fazer isso e pronto!
Fechei o notebook na cara dos meus pais. Mas foi por uma boa causa, se eu continuasse, mamãe iria arrumar um motivo para que eu desistisse. E ela tinha um ótimo poder de persuasão, ela ia de fato conseguir. Meu celular estava vibrando do meu lado, era minha melhor amiga. Como eu pude esquecer da coitada por tanto tempo?
- Desculpa... — Atendi a chamada de vídeo me desculpando, conheço bem a Mia. Ela com certeza iria berrar. E foi o que ela fez. —
- VOCÊ ESQUECEU COMPLETAMENTE DA SUA MELHOR AMIGA QUE ESTÁ COM VOCÊ DESDE O ENSINO MÉDIO! — Ela se jogou na cama que estava com um lençol rosa felpudo. —
Ao contrário de mim, Mia sempre teve um estilo de vida muito bom. Estudou nas melhores escolas (Exceto no segundo ano do ensino médio que o pai resolveu dar-lhe uma lição, a deixando por um ano numa escola pública. E foi assim que nos conhecemos.) Muitas viagens, festas de aniversário e agora, uma ótima faculdade de medicina no sul do país.
- Eu estive tão ocupada, Mia... me perdoa. Não está sendo nada fácil. — Ela sorriu para mim. —
- Eu entendo o quanto deve ser ruim fazer um papel romântico e quente com o Henry Cavill. — Mia deu uma piscadela, me fazendo soltar uma gargalhada. —
- Nem te conto, eu gravei algumas cenas bem quentes com ele. Eu me senti em um cinquenta tons de cinza versão anjos caídos. — Ela gargalhou alto. —
- Eu estou morrendo de saudades de você. Não tem nada para me contar?
Sempre que Mia jogava essa "não tem nada pra me contar?" Eu tinha sim algo para contar, algo que ela sabia, mas preferia ouvir da minha boca.
- Tenho?
- Tem sim. — Ela apoiou o celular na mesa e começou a lixar as unhas das mãos. — Inclusive, estou esperando.
- É sobre as fotos com o Henry, né? — Arqueei uma sobrancelha. —
- Claro que é, vocês são fotografados juntos o tempo todo. — Mia continuava lixando as unhas. —
- E...?
- E aí que a carne é fraca, a alma é safada e o diabo ainda atenta. — Ela parou de lixar e me encarou com seus enormes olhos verdes. Dei uma gargalhada. —
- Sabe.... Eu não sei como tudo aconteceu tão rápido.
- NÃO ENROLA! — Ela berrou. —
- Eu o ouvi rindo — Sorri ao lembrar dele. — Eu vi as covinhas primeiro e depois ouvi o sotaque.
Mia continuava me encarando.
- Dizem que o lar é onde o coração está, mas não é onde o meu vive. Eu estou apaixonada por um cara de Londres e com toda certeza largaria tudo em Miami e moraria aqui. Nem acredito nisso.
- Meu Deus, e você está caidinha. Até frases clichê você está falando. — Ela cruzou os braços e sorriu. — Espero que você tenha sorte dessa vez. E QUE SE LEMBRE QUE O SEU LAR É AQUI EM MIAMI.
- A gente só está ficando por um tempo, enquanto é agradável. Eu não quero pressioná-lo. Por enquanto a única pessoa que sabe é você.
- Você não contou a sua tia?
- Não.
- Fez bem. Não gosto dela.
Mia odeia tia Johanna com todas as forças existentes em seu corpo, porque de acordo com ela, tia Johanna queria explorar o meu sonho. Mas na verdade eu acho que ela tem ciúmes, já que quase sempre que marcávamos de sair juntas, tia Johanna inventava um ensaio ou um teste.
- De uns dias para cá ela está muito fria comigo, sabe? — Olhei para o meu relógio de pulso. —
- Claro que está, você já deu o que ela queria. — Mia revirou os olhos. — Você sabe que pode contar comigo para tudo, não sabe?
- Sei. Preciso ir agora. Tenho uma coisa para fazer.
- Encontrar com o Henry? — Ela sorriu maliciosamente. —
- Meu mundo não gira em torno dele. — Revirei os olhos. — Mais tarde vamos ver o trailer do filme. Vai ser lançado amanhã, inclusive.
- E eu vou fazer questão de assistir.
- Agradeço. Tenho que ir agora. Te amo, a gente se fala. — Desliguei a chamada e corri para o banho. —
"Se eu chegar em trinta minutos, não vão notar que estou atrasada." Falei para mim mesma enquanto entrava embaixo do chuveiro.
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London Boy | Henry Cavill
FanficEm meio a uma trajetória de perdas e desafios no mundo da atuação, Anna encontra uma chance que redefine sua jornada. Ao cruzar caminhos com Henry, um astro admirado, ela descobre um novo universo que promete virar sua vida de cabeça para baixo. Det...