Capítulo II

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      Passei o resto do dia apreensiva. Nem sequer me importava mais com o frio que reclamei o dia inteiro. Eu só queria saber se estava aprovada ou não. Deitei de bruços na cama e peguei meu celular. O Twitter era a única coisa que poderia melhorar meu humor naquela hora. Entrei nas notícias e parecia que o mundo conspirava contra mim.

- Henry Cavill, sério? — Revirei os olhos. — É impossível ficar calma sabendo que ele é um dos que vai me julgar.

Joguei uma almofada na minha cara e levantei da cama. Eu não podia ficar parada esperando uma resposta. Eu tinha que ocupar a cabeça, mais com o que?

- Não quer conhecer Londres? — Tia Johanna parece uma fada madrinha, sempre na hora certa. —

- Tudo para não pensar sobre o teste. — Dei de ombros. — Vamos.

Londres é uma cidade encantadora, apesar de fria demais para o meu gosto. A arquitetura da cidade é belíssima, acho que uma das únicas cidades que acho tão bonita. Por um momento pensei o quanto poderia conhecer ainda mais Londres caso fosse aprovada no teste.... Suspirei fundo.

- Você não precisa se preocupar com isso, Anna. — Johanna me entregava um hot-dog. —

- Eu odeio hot-dog, tia. — Olhei para o mesmo com uma cara não muito agradável. —

Uma das coisas que eu mais odeio é hot-dog. Não acho que pão combina com salsicha e molho. Que coisa mais esquisita. O resto do dia foi agradável, se passou rápido que já era fim de tarde, fomos para casa depois de deliciar algumas comidas típicas da cultura inglesa. Abri a Netflix e dei de cara com um pôster enorme da nova série da Plataforma, The Witcher. ESTREANDO QUEM? ELE MESMO. Que saco, esses dias vão ser longos...

- Se tudo me faz lembrar, então vou entrar dentro do assunto. — Falei para mim mesma. Abri meu notebook e pesquisei sobre o livro que fiz a audição. — Certo, um livro de romance, best-seller, milhões de fãs... óbvio que não vou conseguir. — Fechei o notebook com força. — Os dias serão longos... — sussurrei para mim mesma. —

E literalmente foram longos até demais. O prazo de quatro dias pareciam ser quatro anos. Eu mal saí do hotel. Minha rotina era: cama, Netflix, Twitter. Eu estava quase entrando em depressão. Até que recebi um telefonema.

- Anna Fitzgerald? — Uma voz simpática perguntou. —

- Sim, sou eu. — Falei, meio nervosa. —

- Oi Anna! Desculpe me se te incomodo, liguei para falar sobre o resultado da sua audição. —

Nesse momento coloquei o celular no viva voz, para que Johanna também escutasse a ligação. Ela fez um gesto eufórico e silencioso com as mãos.

- Ah, claro, pode falar. — Eu estava sentindo que a qualquer momento minha voz ia fraquejar. —

- Anna, você foi uma das primeiras a fazer a audição, certo? — Ela falava enquanto um barulho de papel era perceptível, provavelmente ela estava checando minha ficha de inscrição. — Anna, infelizmente você não foi aprovada. Aqui consta que você nunca fez nenhum trabalho na TV ou cinema, apenas no teatro. Infelizmente precisamos de atores com um histórico para avaliarmos, você fez a audição muito bem, mas precisamos a ver em cena.

Aquelas palavras me mataram. Eu não sei por qual motivo tia Johanna ainda apostava em mim. Era óbvio que eu não iria passar. Eu uma novata, que nunca sequer apareceu em um comercial de TV, competir com atrizes que inclusive já fizeram trilogias e sagas era impossível. Segurei o choro.

- Anna?

- Sim, estou ouvindo. — Minha voz falhou. —

- Agradecemos pela inscrição, tenha um bom dia. — Ela desligou. —

Encarei Johanna enquanto sentia minha vista embaçar.

- Tudo bem, vai ficar tudo bem. — Ela veio em minha direção e me abraçou. —

- Eu não sei porque tinha tanta expectativa. — Enxuguei uma lágrima. Johanna sorriu. —

- Expectativa é sinal que você ainda acredita. — Ela sentou ao meu lado na cama. —

- Agora vamos para casa e esquecer esse sonho besta de ser atriz. — Levantei. — Vou procurar uma faculdade e me empenhar nela, quem sabe nisso eu não fracasso. — Sorri de leve. —

- Você não fracassou, eles que perderam uma ótima atriz. — Johanna levantou e ficou em minha frente. — Ainda temos três dias aqui.

- Por mim eu ia embora agora.

- Vamos curtir um pouco a cidade, você vai esquecer isso. — Johanna saiu pela porta me deixando sozinha. —

Nunca quis tanto um papel como quis aquele.... Eu realmente criei algumas expectativas com isso, mais tudo bem, as vezes algumas coisas não são para ser mesmo. Passei o resto do dia encarando o teto, recebi algumas ligações de amigos e dos meus pais, que lamentaram eu não ter conseguido o papel, o que me fazia sentir pior ainda. Liguei a TV e fui para um canal aleatório com notícias.

- E já sabemos os atores principais para a renomada saga "A queda de um anjo". — Uma das apresentadoras falou. —

- Porra. — Falei mentalmente. —

- Quem vai fazer o papel principal como anjo caído é ninguém menos que o queridinho da DC, Henry Cavill. — Ela sorriu e a outra apresentadora abriu a boca formando um O perfeito. —

- Não acredito que vamos ver Henry Cavill com asas de anjo, dando jus ao seu rosto perfeito. Eu mal posso esperar por isso. — Ela se abanou com uma das mãos. Revirei os olhos. — E quem vai fazer o papel de Catherinne? A Nephilim que vai conquistar o coração desse anjo fazendo-o cair da graça?

- Deveria ter sido eu. — Revirei os olhos e continuei assistindo. —

- Ninguém menos que Zendaya, que recentemente fez Euphoria e também os dois filmes do Homem Aranha. Parece que vamos ter um encontro entre DC e Marvel. Vamos amar ver isso. — A apresentadora que parecia mais animada que tudo, sorriu. —

Eu estava competindo com a Zendaya, é óbvio que eu não tinha chance. Desliguei a TV. O resto da semana inteira tive que aturar buzz em cima desse filme que eu nem sequer sabia que era tão famoso assim. Bom para os dois, tem três filmes garantidos. Abria o Twitter e via montagem deles como anjos, ou deles juntos, as pessoas estavam realmente empolgadas. Acho que se eu fosse a escolhida, nem teriam fotos para colocar, eu nem sou famosa. —Dei uma risadinha enquanto via as fotos. — Johanna percebia o quanto eu estava mal com tudo, ela tentava me animar, mas nós duas sabíamos que sempre foi assim. Não era aprovada = duas semanas inteiras sem sair de casa. Já era típico. Meu telefone tocou.

- Anna Fitzgerald?

- Sim, é ela. Quem é? — Perguntei, com a sensação de ter ouvido aquela voz antes. —

- Oi Anna, que bom que não perdi seu número. — A mulher pareceu aliviada. — Isso custaria meu emprego. —

Permaneci em silêncio.

- Anna, você teria interesse em fazer parte do elenco de " A queda de um anjo" como irmã da protagonista?

Senti meu corpo inteiro estremecer. 

Notas finais
Obrigada pelos favoritos e comentários, vejo vocês no próximo capítulo <3


London Boy | Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora