Capítulo XXIX

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6 meses depois...

- Anna! Anda! Você vai se atrasar! — Mia estava gritando do quarto de hóspedes da minha casa. —

O grande dia havia chegado. Após um ano e dois meses, finalmente eu iria me ver pela primeira vez em cena. Quando vi o trailer do filme pela primeira vez eu nem acreditei. Parecia um sonho. Eu havia assinado contratos não só com plataformas de streaming... também havia assinado com marcas famosas. Meu rosto estava estampado em muitas revistas. Era como se eu fosse a nova queridinha de Hollywood. E eu era.

          Paguei todo o dinheiro que Henry havia ajudado os meus pais. Ele não queria aceitar, mas meus agentes praticamente o obrigaram. Durante esse tempo eu não troquei uma palavra com ele. Minha agenda está lotada. A situação financeira da minha família havia ido de zero a mil em pouquíssimo tempo. Saímos do subúrbio de Miami e estamos morando em um condomínio em uma área luxuosa daqui. Os meus três milhões haviam se multiplicado quatro vezes. Era um sonho. Mas como todo sonho, tem uma parte ruim. Eu não tenho privacidade. Adeus shopping no fim de semana, adeus praia pública, adeus cinema. Aliás, se eu quiser ir ao cinema, eu preciso ir de madrugada e quase não sou flagrada. Isso mesmo, quase. Sempre tem alguém com um celular no meio da sessão.

       Dei uma última olhada no espelho. Aquele sem dúvidas, foi o melhor vestido que já usei. Desci as escadas e todos já estavam prontos. Decidi levar Mia e meus pais para a première. Eles estavam tão ansiosos quanto eu. Seguimos até o carro, mas antes, Mia me parou.

- Anna, você sabe, ele vai estar lá. — Ela estava séria. —

- Eu sei. — Falei com a voz um pouco trêmula. — Mas não posso superar uma coisa se tenho medo de vê-la.

- Ele ainda te escreve. Todos os dias. Esse foi o último e-mail que ele te mandou. — Mia me entregou uma folha de papel ofício, o e-mail estava impresso nela. —

          Ela agora fazia parte da enorme equipe por trás do meu nome. Mia trancou a faculdade por causa disso, seus pais não ficaram muito satisfeitos, mas ela disse que queria se aventurar em algo novo. Comecei a ler a primeira linha.

São 03:00 da manhã e estou lembrando o quanto fui idiota. Eu poderia estar aí, ou você aqui, mas olha o que estamos fazendo.... Estou remoendo sobre todas as palavras horríveis que te disse naquele dia, enquanto você me ignora com todas as suas forças. Fico questionando o que posso fazer para reverter essa situação. Talvez eu devesse pedir perdão, mas acho que sua caixa postal não suporta mais essas palavras (ou talvez porque estou bloqueado de todas as suas redes sociais). Vamos tentar novamente; eu e você outra vez, juntos na mesma sintonia. Volta para casa, para mim, para Londres, por favor.

— Com amor, Henry

- Anna... se você não falar com esse cara, ele vai continuar mandando e-mails para o seu contato comercial. Eu não aguento mais, todos os dias ele manda alguma coisa. — Mia revirou os olhos. —

- O meu silêncio diz tudo o que ele precisa ouvir. — Voltei a caminhar até o carro. —

- Até parece.... Você sempre teve um problema com ciclos. Nunca conseguiu encerrá-los. Com você são sempre vírgulas. Nunca pontos finais. — Mia me ajudava com a cauda do vestido enquanto falava. —

- No próximo e-mail manda ele se foder. — Fechei a porta do carro com força. —

- Anna... — Minha mãe me repreendeu. —

- Desculpa, mãe. — Revirei os olhos. —

Chegamos em um dos cinemas mais famosos do país, no meio da Madison Square. As luzes, os fotógrafos, os fãs do livro... estavam todos fervorosos e eu, ansiosa. Sorri para as câmeras e senti alguém envolver um braço na minha cintura. Olhei para o lado e suspirei aliviada por ser John.

- Você está magnífica. — Ele sorriu. Foi uma das poucas vezes que o vi ser gentil. — Os ingressos da estreia desse fim de semana estão esgotados. Todos os horários. Parabéns. — Ele beijou minha testa e saiu. —

- Anna, você pode falar com a gente por favor? — Uma repórter gritou por mim. Ela estava espremida no meio da multidão de câmeras. Fui até ela. —

- Claro. — Sorri enquanto arrumava a barra do vestido. —

- Você está linda hoje. — Um fotógrafo ao lado me elogiou. Sorri. —

- Obrigada.

- Então Anna, como foi gravar o filme? É o seu primeiro, não é? — Ela apontou o microfone para mim. —

- Sim. Foi incrível. Eu estou muito ansiosa para assistir o resultado final. — Fui interrompida por John, ele estava gritando e acenando do outro lado do tapete vermelho. Ele estava com Henry, que estava lindo em um terno preto. —

- VEM CÁ! — John continuava acenando. —

- Com licença. — Sorri para repórter, que sorriu de volta. —

Me esforcei para não tropeçar nos meus próprios pés enquanto ia na direção de John e Henry. Henry me encarava descaradamente e eu torcia para que ninguém estivesse percebendo. Se bem que eu sofri durante dois meses após voltar pra Miami. Todos já sabem que tivemos um breve relacionamento, mas não sabem o motivo do fim. Olhei para os meus pais e pra Mia, que estavam no canto apenas observando tudo e bem longe dos holofotes. Eles estavam apreensivos. Mia deu um sorriso amarelo.

- Oi. — Abracei Henry, o cheiro dele me fez voltar a Londres em segundos. Assim que desfiz o abraço, evitei encará-lo e me posicionei ao lado de John. Tiramos a foto. —

- Você está muito bonita. Henry falou enquanto sorria. —

- Obrigada, você também. — Sorri. —

- HENRY, ANNA! UMA FOTO SÓ OS DOIS! — Os paparazzi gritavam, atendemos o pedido. —

    Tirei algumas fotos com Henry. O silêncio entre nós dois era constrangedor.

- Sua tia vai ser presa amanhã. — Henry sussurrava enquanto ainda sorria para as câmeras. —

- Que porra é essa? — Também continuei sorrindo para as câmeras. —

- Depois conversamos. — Ele me abraçou e saiu. Me deixando sozinha. —

Após algumas entrevistas, fotos com fãs e esbarros constrangedores com Henry, finalmente entramos no cinema. A ordem era que os protagonistas sentassem juntos. Então eu iria passar duas horas ao lado dele.

- O que você quer dizer com minha tia vai ser presa amanhã? — Sussurrei para Henry enquanto o prólogo do filme se iniciava. —

"Desde criança, minha mãe me falava sobre uma profecia... Que um dia, os anjos do senhor desceriam do céu para matar os descendentes de Lilith..., mas eu não sabia que eu seria um deles..."

   A tela ficou preta e a logo do filme apareceu.

- Fala logo, Henry. — Sussurrei um pouco mais alto, fazendo a pessoa que estava ao meu lado me olhar feio. —

- Quando o filme acabar. — Ele cruzou os braços e se apoiou na cadeira. —

London Boy | Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora