IV

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Amberle

            À Tarde, caminho ao lado de Wil Ohmsford um tanto inquieta, estou aqui, mas os meus pensamentos está lá na sala do trono neste exato momento.

- Fico feliz que tenha conseguido um horário para mim, Amberle. - Wil diz

- Não tinha nada melhor pra fazer.

Ele ri da brincadeira, assim como eu.

- Mas você está um pouco avoada. Algum problema? - ele questiona

- Não te incomoda estarem decretando o seu destino neste exato momento?

- A mim incomoda. - Ouço uma voz feminina e vejo Lyria vindo na minha direção - É por isto que não consegui ficar trancada no quarto.

- E o que pretende? - questiono

- Bem, já tenho alguém da minha total confiança lá dentro. Saberei de cada palavra lá dita.

Procuro pelo corredor atrás de si e concluo.

- Eretria.

Seu olhar é de confusão, talvez tenha me revelado cedo demais, mas ao mesmo tempo é bom vê-la ser cautelosa.

- Não seria traição à sua rainha? - questiono

- Era a pergunta que eu iria fazer. - Wil diz

- Seria... se a princesa de Arbolon não tivesse feito o mesmo. - Lyria prossegue

- Não sei do que você está falando.

- Ah, com essa pinta de garota independente, acha mesmo que eu vou acreditar que você não tem alguém infiltrado?

- Por que os comandantes estão lá, afinal, se nem mesmo nós podemos? - Wil questiona

- Estão fazendo a segurança pessoal do rei e rainha - concluo - já que ambos os reinos não confiam totalmente em Arbolon.

Encaro a princesa de Leah nos olhos, mas ela não se intimida.

- Um reino forte e estabelecido é um reino precavido. - Ela diz

- Eu concordo, Princesa.

Ela força um sorriso e eu retribuo, Wil apenas observa a tudo com uma expressão engraçada. Ao que posso ver aqui, nenhum de nós três queria realmente estar aqui, mas devido aos deveres, fomos obrigados, assim como somos obrigados a não revelar tal pensamento, mesmo que saibamos que ninguém está aqui porque realmente quer, afinal, o reino e seus interesses vem primeiro. O destino pode ser cruel e nos pregar peças, e se não tivermos cuidado, podemos cair e nunca mais voltar a nos reerguer.

- A princesa de Leah aceita o passeio? - Wil finalmente quebra toda a tensão que se instalou no ar

- Por favor, me chame de Lyria. E eu aceito, sim.

Ele sorri cordialmente e voltamos à nossa caminhada.

- Então, os boatos são reais? - Wil questiona a Lyria

- Sobre o quê estão falando? - questiono, ansiosa para saber se ele se referia ao que descobri na outra noite

- Que a princesa Lyria fugiu do palácio por diversas vezes e só voltou porque a rainha Tamlin enviou o melhor caçador de recompensas dos quatro reinos atrás dela pra trazê-la de volta.

E ai está uma informação preciosa. Por que a princesa fugiria dos seus deveres? Ou seria da sua mãe, rainha Tamlin? Quais os seus motivos e porquê mudou de ideia e está aqui hoje? Isso me leva a crer que a rainha sabe do seu caso com a comandante e que isto a faz permanecer no castelo, por algum tipo de troca ou... ameaça.

- As pessoas falam demais.

É tudo o que ela diz, mas eu não me dou por satisfeita com sua resposta.

- Não haveria fumaça se não houvesse fogo.

Ela me olha nos olhos, seu olhar é nada menos que desafiador, então, torna a olhar pra Wil.

- A rainha Tamlin pode ser muito rígida quando quer. Pra uma garota de dezoito anos, na época, era demais pra tolerar.

- Posso imaginar - ele diz - meu pai é um homem afetuoso e ainda assim quero fugir, em alguns momentos.

Eles sorriem, até que Lyria se dirige a mim.

- E a princesa Amberle? Nunca quis fugir?

- Não só quis como o fiz. - não tardo em responde-la - ser desacreditada por ser mulher não é algo que eu possa me acostumar, felizmente o meu tio, rei Ander, sempre esteve ao meu lado. Já que minha mãe morreu quando eu era muito nova, meu pai morreu em um ataque por gnomos, meu avô era o rei e meu outro tio só almejava a coroa, tio Ander e eu nos unimos como um só.

- Quer dizer que vocês... - Wil faz uma careta e faz gestos com os dedos, tentando arranjar uma forma de não ter que colocar isso em palavras

- O quê? Não! Tio Ander e eu sempre fomos amigos, isto que você cogitou é doentio. Ele me treinava quando preciso, me contava história de combates que não pude presenciar, entre outras coisas. Éramos os mais novos da casa, se nós não olhassemos um pelo outro, ninguém olharia.

- Intenso. - Lyria diz

- A única batalha que pude participar foi contra Rovers que tentaram saquear o castelo, não foi grande coisa e eu não senti prazer nisto. - Wil revela

- Ah, Rovers. Meu tio Ander diz pra nunca acreditar na palavra de um deles, que eles sempre querem algo a mais de você. E graças a seu conselho estou viva hoje, já que o pus em prática quando esbarrei com um Rover quando fugi do Castelo. - comento

- Talvez se os Elfos não tivessem tomado tudo o que os rovers tivessem, eles não precisariam roubar... - Lyria comenta

Direciono toda minha atenção pra princesa de Leah, toda minha boca já entrava num estado de dormência quando a confrontei.

- Então o grandioso reino de Leah deveria ter confrontado os elfos, abrigado sua espécie com amor e empregos no palácio. Por que será que não fizeram isso? Ah, deixe-me ver... - me coloco de frente pra ela - porque nem a sua mãe e nem mesmo você pensam desta maneira, nunca pensaram em sequer um dos rovers que estão lá fora e pensam o mesmo que eu, que são desprezíveis e que nada poderia levar alguém a roubar e matar. Posso ver isto nos seus olhos, princesa. Então, não tente impor sobre os elfos a culpa de qualquer coisa, nós nascemos numa terra de humanos e criamos nosso lar. Fomos bem sucedidos enquanto os humanos não foram porque, como sempre, estão ocupados demais destruindo uns aos outros.

- Princesa Amberle. - Ouço a voz de Catania logo ali, do meu lado

Eu não havia notado a presença dela ali, mas sua voz fora tão baixa que eu pude compreender que talvez eu tenha excedido o limite. Vejo Eretria ao lado dela e noto sua expressão, parte de mim se arrepende das minhas palavras, mas outra parte sabe que estou certa. Só que, além destes pensamentos, um ainda maior me preenche toda a mente: O fato de que Lyria não suporta e não conhece os rovers ficou estampado em seu rosto, o que significa que ela não sabe sobre o passado de Eretria, mas como? A comandante diria um segredo tão facilmente assim? Talvez a rainha saiba, talvez isto a mantenha no castelo. Toda essa história novamente se enrola num grande mistério e a cada vez que eu penso, só pioram as minhas hipóteses. Há algo de muito errado com o reino de Leah e eu descobrirei o que é.

-

Não sei vocês, mas a saudade da minha Amberle tá grande hoje! Não vejo a hora de postar logo todo o desenrolar da história, fico ansiosa!

Ps: esta é a mesma Amberle, diferente pela mudança dos acontecimentos na vida dela, mas mesma essência. Isto vale para todos os personagens.

Até o próximo capítulo!

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