VII

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          Amberle já estava em sua sétima volta, o suor percorria por suas mandíbulas, sua respiração já era pesada e não mais apreciava as belezas ao seu redor. O sol castigava sua cabeça, estava um tanto baixo, mas imenso no céu, e tudo estava quieto. Até que o som de seus passos ganharam mais um par de audíveis pisaduras pesadas, revelando que alguém se aproximava ao seu lado... alguém totalmente inexperiente no assunto.

- Tente não pisar tão forte, a tensão só te enfraquece. - Amberle falou

- Há quanto tempo está aqui, princesa?!

- Bem, tudo era num azulado mesclado, onde acima estava como num profundo oceano e embaixo como em sua borda nas areias da praia.

- Não era mais fácil dizer que estava amanhecendo? - o tédio era visível em sua fala

- O que faz aqui, Wil?

- O quê mais? Vim caminhar com você, já faz um tempo desde a última vez.

- Antes de ontem.

- Quem está contando?

Amberle sorri.

- Achei que você estivesse.

- Não, eu acho que estava procurando uma maneira de dizer que um dia já é o suficiente pra me fazer desejar estar próximo de você  novamente.

Então Amberle finalmente para, não por suas palavras, mas porque o som pesado do mestiço e o jeito atrapalhado com que corria a estava dando nos nervos. Wil aspirou fundo e apoiou as mãos nos joelhos, afim de recuperar o fôlego.

- Então o Príncipe sente saudades. - Amberle disse ao esticar a coluna com as mãos nos quadris e respirar fundo

Wil girou os olhos até encontrar os olhos de Amberle, não levantando a cabeça. Ela puxa os lábios rapidamente e torna a puxar o ar até inchar seus pulmões. Então soltá-los.

- Vamos andando, Wil.

- Ah! Bem melhor.

O mestiço estica o tronco e torna a segui-la, ficando ao seu lado.

- O que te incomoda?

A pergunta chega aos ouvidos de Amberle como um choque, fazendo com que ele ganhasse toda a sua atenção.

- Ah, qual é?! Você acorda antes das cinco, corre não sei quantas vezes ao redor deste castelo, vê o dia nascer e não para nem por um instante? Com certeza algo te incomoda, Amberle.

- Não estou aqui há tanto tempo assim. Deve estar em torno das cinco e meia ou seis da manhã.

- Não fuja do assunto. Sabe que pode falar comigo, sou mais do que o seu pretendente. Sou seu amigo.

Amberle bufou e pensou por um momento, não podia contar o que preenchia seus pensamentos, até porquê desconhecia a maioria deles. As vezes sentia sua mente cheia, sentia-se sufocada, mas não fazia ideia do que era. Acontecia. Mas, aquilo que sabia, não podia contar.

- Eu sei, desculpe. - respondeu - é complicado.

- Complicado vai ser disputar o abdômen com você se continuar assim.

Ele sorria, era uma piada, mas Amberle apenas o olhou com as sobrancelhas unidas ao meio. Seus olhos tentaram identificar nos dele alguma coisa que realmente fazia sentido.

- Ok. Não foi legal, continue.

Amberle respirou fundo e tornou a olhar pra frente.

- Bem, por mais que você seja um bom rapaz e tenha meu afeto, eu não queria ser obrigada a me casar agora. Também não quero ver meu tio com aquela princesa fujona. Além disto, parei meus treinos com a espada... Pelo menos os treinos que realmente me acrescentaram algo.

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