XV

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Eretria

       Cheguei a cansar minhas pernas de tanto andar por esta cela, estou aqui há um dia, como um cão abandonado junto à poeira. Lyria e Tamlin não apareceram, o que indica que realmente me deixaram para trás. Como era previsto. Mas meu coração se partiu ao perceber que Lyria realmente não viria por mim, algo que eu tentei negar a mim até o último instante.

       Fui condenada a morte, mas ninguém apareceu. Talvez esperem que eu morra de fome ou por me privarem das minhas necessidades fisiológicas. Típico dos elfos, nunca sujar as mãos.

      Havia examinado o local e o único meio de sair é pelo mesmo lugar que entrei, pelo visto a minha única estratégia é lutar quando tentarem me remover. O que, pelo visto, iria demorar.

****

      Já estava no fim da tarde, podia ver pelas sombras que cresceram por todo o lugar e pelo calor que não era mais tão sobressalente.

       Mas, para minha surpresa, vejo Wil aparecer lentamente em frente às grades. Levanto-me depressa e vou até o encontro dele.

- Wil! O que está havendo? Me diga.

Ele respira fundo.

- Preciso que se acalme e que se afaste ou não poderei abrir a grade.

Encaro-o em seus olhos azuis verdadeiros e brilhantes, ele não veio aqui para me atacar, então, faço o que me ordenou.
 
       Um soldado abre a grade, mas antes que Wil tentasse passar, o soldado impediu sua entrada. Aparentemente, ordens do rei. Então, ele coloca uma grande tigela com comida e um cálice com água e uma jarra ao lado da cela e sai, é a deixa para que o soldado tornasse a fechar a cela. Corro em direção à comida e pego um punhado e bebo freneticamente da água, levanto-me e torno a comer.

- Amberle mandou que viesse.

Isto faz com que um grande nó se forme em minha garganta, impedindo que alguma coisa passasse, e parei o que fazia.

- Eu os convenci pela lei de que não haviam provas que te incriminem de traição, apenas a palavra de um homem contra a sua. Havia apenas a prova do roubo, então...

- Então...?

- Amberle conversou com o tio... a pena de morte foi retirada.

Suspiro em alívio e sorrio para ele como agradecimento.

- É. Está tendo péssimos dias aqui dentro, não? 

Ele sorri tão levemente que quase não consegui ve-lo sorrir, era um sorriso amigo e solidário.

- Não entendo porque me ajudou, eu roubei você.

- Está no passado. Sem falar que eu não sou chegado a barbáries como esta... E quero acreditar que você é inocente.

- E sou.

Vejo a surpresa dele em minhas palavras, embora achasse que a boca cheia tornasse difícil que ele me entendesse.

- Tamlin... ou Lyria. Tanto faz. Elas roubaram a estatueta para que Amberle voltasse a não confiar em mim, me consideraram traidora, já que os abandonei. Então me puniram.

- Mas e quanto à conspiração?

Torno a olhar para ele, respiro fundo e coloco a tigela de comida de lado.

- Eu realmente disse aquelas palavras. - admito

- Então conspirou mesmo contra Arbolon.

- Não eu. Tamlin.

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