XIII

233 18 11
                                    

Amberle

       Passeava os dedos por entre as tranças de Eretria, a forte luz que vinha de fora e envolvia seu corpo causava uma grande sombra em seu rosto. Ela estava de Bruços em cima da minha cama enquanto eu estava ao seu lado, um pouco mais acima e em meia lua. Ela estava séria desde que deitara, os olhos não me olharam em momento algum, observava sua própria tatuagem que percorria todo o exterior de seu braço.

      Desde que chegou, contei sobre nossos antepassados e ela me ensinou teoricamente e fisicamente o arco e flecha. Meu coração batia em disparada quando ouvi sua batida na porta, perfumei-me e vesti um belo vestido. Por que estava fazendo estas coisas? Por que tais batidas aceleradas que começaram antes mesmo do nosso beijo na floresta? Não tenho respostas. Mas seguirei o conselho dela e apenas sentirei o que devo sentir, pelo menos uma vez na vida. Assim como senti suas mãos sobre meu corpo enquanto me ensinava, como seu sorriso sexy era acompanhada de um olhar sapeca todas as vezes que falava coisas da antiguidade... Mas não importa agora que ela só está calada. Algo obviamente a perturba e meu peito se enche de furia por não ter percebido antes. Mas eu a conheço, não se abriria tão fácil.

- Acho seu prendedor bonito. Pra cada trança uma cor diferente. Tem algum motivo?

Ela apenas sorri com minhas palavras.

- Por que teria?

Então finalmente ela me olhou nos olhos, o sorriso ainda estava lá, mas sei que ela não está verdadeiramente sorrindo. Acaricio a bochecha dela, fazendo com que parte do seu sorriso se desmanche.

        Ela se arrasta para cima e vira sua posição, fazendo-me sentar igualmente, mas com os joelhos encolhidos para cima. Ela apoia as costas nas minhas pernas, coloca a mão no bolso, toma a minha mão na sua e finalmente fala:

- Aqui.

Agora ela sorria até mesmo com seus lindos olhos castanhos e dentro da minha mão estava um prendedor roxo.

- Eu estava mesmo fazendo um pra você.

Suas palavras me fizeram encara-la com surpresa e encanto. Seus olhos estavam no prendedor agora, obviamente envergonhada. Então pegou em mãos e começou a dar voltas no meu pulso.

- Mas os seus são de outras cores.  São...

- Laranja, amarelo e Verde-azulado. - ela completa - Laranja pra me lembrar de onde eu vim, também significa destreza; amarelo pra me lembrar de que nada é tão extremo sempre, que eu acabei naquele lugar, mas aquilo não me define... também significa o se importar não só comigo, mas com as outras pessoas; e o Verde é pra me lembrar que existem pequenos paraísos no meio de toda maldade, pequenos lagos de alegrias em cada noite não dormida, pequena caridade na casa de um Rover... também significa o futuro, pra mim. Além de que são cores que eu gosto, claro.

Ela deu um singelo laço e sorriu para mim, mas meu coração era preenchido por uma sensação agonizante que fazia com que eu mal respirasse. Acariciei sua bochecha novamente e ela permaneceu com seu sorriso gentil, como se entendesse o que eu estava sentindo. Como se não me culpasse e nem repudiasse.

- Ao menos está feliz agora em Leah, certo?

Seu sorriso se esvaiu aos poucos e eu finalmente contive a evidência que precisava. Há sim algo errado. É por isso que Eretria passou a ficar comigo por muito mais tempo, é por isso que ela não quis voltar pro quarto antes de ontem, por isso mudou de quarto e é por isso que não usa mais suas vestes reais. Agora usa vestes que lhe dão um ar selvagem e misterioso, vestes que lhe denunciam: Rover. Mas não ousaria lhe perguntar, é ela quem realmente importa agora.

Reino Caído Onde histórias criam vida. Descubra agora