Eu te amo

9:10

Anne Shirley-Cuthbert

Depois do dia ontem, todos nós conversamos e comemos, e até o Gilbert tava lá. Trocamos alguns olhares, mas nada mais que isso. A noite chegou e eu e as meninas subimos para o nosso quarto. Comentei com elas da festa que a Tillie nos convidou, e elas se animaram muito. É claro que teríamos que comprar vestidos pela manhã, mas iríamos com quem? Não podíamos sair sem alguém da faculdade. Meu celular vibra no meu bolso, e eu verifico a notificação. Um número aleatório.

Desconhecido
Oie

Eu
Oi, qm é?

Desconhecido
O amor da sua vida

Eu
É o Gilbert, né?

Blythe
Já pensa logo em
mim?

Eu
Menos, bem menos

Blythe
Hahahaha
A Diana me passou
teu número
E eu abracei a oportunidade
Queria conversar cntg
Qnd a gente vai ficar dnovo e
tal
N que eu esteja com pressa
A pressa é a inimiga da perfeição

Eu
Hahaha
A gnt poderia ficar
Tipo amanhã
De manhã

Blythe
Isso me parece bom
Q horas
E onde

Eu
Numa loja de Toronto
Leva eu e minhas amgs
Por favor

Blythe
Ih
Cm suas amgs?
N acho q dê p rolar nada
E vc tmb né, Anne Shirley

Eu
Por favor, meu bem
A Tillie me contou da festa
Tu nem p me convidar
Tamo sem roupa

Blythe
Tá bom, ruivinha
Eu levo vcs

Eu
Obg, tu apareceu no
momento certo, juro
Vc: minha salvação

Blythe
Ata

Bloqueei meu celular e olhei para as meninas, que conversavam por algum motivo sobre shampoos.

–Gente. –chamo, e elas olham pra mim. –Já temos com quem comprar roupas! –elas se levantam dando pulos e gritos de felicidade e eu e a Diana éramos as únicas controladas. Jogamos travesseiros na Ruby e na Jane, porque haviam pessoas querendo dormir tanto no andar de baixo, como no andar de cima.

–Vocês não tem noção de nada não? Tem gente que dorme, suas doidas. –Diana avisa com seu tom de voz baixo e eu concordo, ainda rindo um pouco da situação.

–E quem vai ser o azarado ou azarada? –Jane pergunta olhando diretamente para mim, surpresa.

–Gilbert Blythe. –Elas fazem "hummmmm" e eu quase viro um tomate de tão vermelha.

–Menos, tá. A Diana, minha queridíssima... –a belisco de leve, e as meninas riem. –passou meu número pra esse ser, e eu pedi pra ele levar a gente.

–Ele só é próximo de você e da Diana, Anne. Na verdade, nem da Diana direito. Vocês trocam olhares direto e acham que ninguém percebe. –Ruby "desabafa" e eu dou um riso de leve.

–Eu acho ele muito legal. Vocês deveriam ser próximas dele. –eu digo cruzando os braços, e a Jane revira os olhos.

–Digamos que não temos assunto com ele. Que ele é um gostoso, lindo, maravilhoso, maxilar perfeito, ninguém pode negar... mas ele não gosta de puxar assunto com a gente. Geralmente fica cochichando com o Cole. E troca olhares com você. –Jane diz tudo isso e eu estranho um pouco. Eu era uma exceção? Isso significava que ele gostava de mim? Peraí, por que eu tô pensando isso?

–Tem gente que é assim mesmo. Talvez eu seja o tipo de pessoa dele. –elas dão risadinhas com segundas intenções e eu me corrijo imediatamente. –Tipo de pessoa para conversar! É tipo quando você não se sente à vontade com alguém que não faz seu tipo de conversa ou personalidade... é totalmente normal.

–Anne, para de negar seus sentimentos, ok? Quero dormir, acho bom desligarem as luzes. -Diana se deita em sua cama, e desliga a luz do abajur que estava do seu lado.

–Mas, ninguém tá com sono... –Ruby fala sussurrando mas Diana interrompe.

–Eu quero dormir e acabou. -a mesma disse, por fim e todas nós fomos dormir.

Acordamos 8 horas no dia seguinte. Todas tomamos um banho de 10 minutos, para não nos atrasarmos tanto. A festa seria pela tarde! Assim que terminei meu banho, vesti um short, um all star e uma blusa amarela. Fiz um coque no meu cabelo e desci correndo. Fui a primeira a tomar banho e me arrumar totalmente, então fui procurar pelo Gilbert. Entretanto, esbarrei em alguém.

–Ai! –dissemos ao mesmo tempo. Era uma voz feminina. Quando me viro para olhá-la para pedir desculpas, era a Winifred. Dou um tapa em seu rosto. Estava desejando isso por dias. Ela me encara irritada e esfrega sua mão no local do tapa.

–Você já conseguiu tudo que queria. Quer estragar meu rosto também? -arqueio a sobrancelha e ela me encara de cabeça erguida. Perde o caráter, mas não deixa de ser metida.

–Era algo que eu estava ansiando a muito tempo. Você mereceu, sua vadia. –saio de lá, desfilando e sinto seu olhar raivoso sobre mim. Sem perder mais tempo, procurei o quarto de Gilbert. Avistei Moody, e perguntei onde era seu quarto. Ele me deu as instruções de como chegar, e eu bati na porta. Gilbert abriu, e o mesmo me pareceu bem surpreso em me ver.

–Shirley. –ele diz, e dá um meio sorriso logo em seguida.

–Blythe. –faço uma reverência com a cabeça, e ele dá uma gargalhada.

–Entra, sem cerimônia, por favor. –entro e analiso o local. O quarto aparentemente era dividido em "bagunçado" e "limpo". Me pergunto qual seria seu lado, e chuto o desorganizado.

–Não repara na minha bagunça. Admira o lado do Moody, ele é muito mais organizado que eu. -ele diz enquanto passava perfume. Até o momento, não havia reparado no que ele estava usando. Estava com os cabelos molhados, uma bermuda e uma blusa polo. Aquele perfume que ele passou, encheu minhas narinas de felicidade. Então, aquele era o seu segredo. –Anne? –ele me chama, e eu desperto dos meus pensamentos.

–Eu penso demais. –eu rio sem graça pra ele, e o mesmo se aproxima. O observo vindo, e me arrepio quando ele toca minha bochecha.

–Às vezes, você poderia reparar mais na realidade. Eu sou real, Anne.

Ficamos nos encarando e eu não conseguia me desprender daqueles seus olhos verdes. Me aproximo também. Apoio minhas duas mãos em sua nuca. Com a outra mão, Gilbert agarra minha cintura, me puxando para perto. Nos aproximávamos cada vez mais sem pararmos de olhar um pro outro. Em seguida, olho para os seus lábios entreabertos e os beijo como se fosse uma dependência. Dei passagem para a sua língua e nos agarramos com força. Ele me puxa cada vez mais pra perto e percebo sua excitação. Ele se senta na cama e eu vou para o seu colo. Nossas línguas se roçavam com tanta vontade que eu achei que aconteceria algo a mais naquele quarto. Sorriamos durante o beijo, e nossas bocas se encaixavam perfeitamente. Nunca vou contar pro Gilbert, mas esse foi um dos melhores beijos da minha vida. De repente, paramos por falta de ar. Ficamos naquela posição, nos olhando, enquanto recuperávamos o ar. Encostei minha testa na dele. Após alguns segundos ele me dá um selinho longo e demorado. Estranho, mas o permito. Ele passa as mãos pelo meu cabelo, o acariciando. Em seguida, nos beijamos de novo, mas dessa vez, sem muito "fogo". Estávamos apenas aproveitando o momento, enquanto fazíamos carinho um no outro. Paro o beijo para olhar o relógio no meu pulso. 9:10.

–Gilbert, temos que ir. –falo sussurrando em seu ouvido e sinto ele se arrepiar. Ele se aproxima do meu ouvido, também.

–Sua voz é muito gostosa quando você sussurra... –me arrepio também. Me levanto do seu colo, e saímos do quarto como se nada tivesse acontecido.

...