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Pov's Narrador

-Não foi assassinato, S/N. Foi um acidente - diz Josh para sua irmã pela milésima vez desde que saíram do enterro.

-Não, Josh. Não foi.

-PARA DE SE ENGANAR, S/N! - Beauchamp grita, parando de andar e fazendo S/N parar também. - ELES ESTÃO MORTOS! E NÃO É CULPA DE NINGUÉM! TEVE UMA TEMPESTADE E, INFELIZMENTE, ISSO ACONTECEU. NINGUÉM TEM CULPA, CACETE! SE FOR CULPAR OS OUTROS, MELHOR CULPAR À SI MESMA! - Ele vai em direção ao seu carro e fecha os olhos com força, irritado consigo pelo modo como falou com sua irmã. - Vai vir não? - ele pergunta, se referindo se ela iria com ele para casa.

-Vou andando - ela diz, quase inaudível, mas Josh entendeu quando ela começou a andar.

S/N tinha certeza que não havia sido um acidente. Afinal, qual era a probabilidade de ser? Em pleno século XXI, qual navio naufraga?

Sua teoria era que a tempestade era só algo para despistar a polícia. Ou algo que a polícia estava usando para se livrar.

Mas e as outras pessoas? Foram mortas por serem testemunhas?

Josh estava triste pela morte do único pai que teve na vida, e também pela mãe de S/N que ele considerava como mãe. Eles eram a única família que o garoto conhecia, além de S/N.

Joshua se sentia como um assassino. Tecnicamente, ele não era, mas ele se sentia assim. Assim que ele nasceu, sua mãe morreu. Seu pai morreu três meses depois, por dirigir bêbado. Depois de anos e anos no orfanato, um gentil senhor decidiu adotar um adolescente. Estranho, não? Pois é.

Augustus e sua ex mulher, Clarissa, o cuidaram como se fosse seu próprio filho. Depois que eles se separaram, Josh achou que nunca mais teria uma "mãe", já que depois do término Clary, como ele a chamava, nunca mais deu sinal de vida. Aí apareceu Mary.

Desde o dia que se conheceram, Mary não o tratou como filho, mas sim como amigo. Foi aí que Beauchamp percebeu do quanto precisava de um amigo.

Mary o aconselhava, dava broncas às vezes, mas acima de tudo, o amava.

E, parece que, segundo a linha de raciocínio do garoto, aquilo não era de merecimento dele.

O que eu te fiz de tão cruel, universo?, Josh se perguntava.

Ah, garoto, mal sabe você que o universo não liga pra você. Às vezes, nem sabe da sua existência. Ele só quer cumprir seus planos. Não liga pra quem vai gostar ou não.

Josh também estava preocupado com a irmã. Ela estava paranóica com isso de "não foi acidente". Obviamente foi acidente, não?

Josh saiu de dentro do carro e corre pelas ruas de Los Angeles, em busca da sua irmã.

Ele conhecia S/N. Ela podia fazer qualquer besteira enquanto está triste ou paranóica.

E adivinha? Ela está os dois.

Ele andou por todas ruas, sem exceção. Passou até pelo estudo de Hollywood. Mas não achou S/N.

Ela já deve estar em casa, pensou. Melhor eu ir logo.

Josh começou a fazer todo o percurso de volta para o seu carro e se arrepende de ter andando tanto. Sua perna ruim começou a doer e ele começou a mancar.

As lembranças de como sua perna ficou assim começaram a voltar e ele obrigou-as a ir embora. Não tinha necessidade de abrir velhas feridas que já estavam curadas há muito tempo.

Quando finalmente chegou em seu carro, o destrancou e se sentou no banco de motorista. Sentiu um alívio por finalmente parar de andar, mas ele logo passa quando ele se lembra que tem que dirigir.

Seu celular toca. Ele acha que é S/N, então atende sem olhar quem é.

-Alô? - disse Josh, assim que atendeu.

-Você é o próximo - uma voz eletrônica diz e desliga.

Josh estranha, mas logo da de ombros e começa a dirigir de volta para sua casa.

𝑰𝑴𝑨𝑮𝑰𝑵𝑬 𝑱𝑶𝑺𝑯 𝑿 𝒀𝑶𝑼Onde histórias criam vida. Descubra agora