Sorte? Não para mim

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Leslieville - Toronto - Canadá 

Sorte? Não para mim

Finn 


Antes mesmo de me conhecer por gente, já era  considerado um bebê azarado. Sou o filho mais novo de um casal, tidos por absolutamente todo mundo, como o mais amável da história. Quer um exemplo da minha falta de sorte? Nasci um dia antes do Natal, e isso é quase uma tragédia de proporções mundiais para uma criança. Vivi seis anos da minha vida em Manhattan. Meu pai, Eric Wolfhard, era um bem sucedido investidor de imóveis, mas com a grande crise de 2008, às coisas acabaram mudando drasticamente, e para a pior, como sempre. 

Após a falência do Lehman Brothers, e do caos, meu pai, junto da minha mãe, Mary, decidiram, mais por força do que por vontade própria, levar a família para Toronto, no Canadá. Desde então, eu e meu irmão, Nick, vivemos em Leslieville, em uma casa pequena e bagunçada, próxima à residência dos meus avós, pais do meu pai. 

Sem grandes ambições, meu pai decidiu entrar para o negócio dos Wolfhard, carros. Investiu o que restou da compra da casa, e da mudança, em uma auto mecânica. Estávamos falidos, era isso. Uma nova vida no Canadá.

Não me lembro de muitas coisas de Manhattan, para ser bastante honesto, mas gosto do Canadá e de tudo que vivo aqui, mesmo sendo meio monótono na maior parte do tempo. 

Todos os dias, lá pelas 08h da manhã, eu e meu irmão nos apertávamos no carro do papai e íamos rumo ao centro, para mais um dia todo de aulas para nós, e de trabalho para ele. O colégio, está aí um lugar complicado de explicar.

Nunca fui um dos mais populares, mas com a chegada do Hight School, as coisas pioraram consideravelmente. Ao contrário de Nick, não sou muito do esporte, no entanto, me esforcei para acompanhá-lo em quase todos, por isso, minha vaga no time de hóquei não foi surpresa para ninguém. Mas se com isso você pensa que as festas e as garotas chegaram com facilidade, está enganado, passava mais tempo no meu quarto tocando e jogando do que qualquer outro jovem das redondezas. 

Não me considero o verdadeiro retrato de um loser, mas chego bem perto. Além de Nick, que também não é lá tão sociável, tenho grandes amigos. Malcolm, Ayla, Jack, Caleb e Sadie são minha equipe para tudo, estamos sempre juntos, de um jeito ou de outro. No time, apesar de não termos quase nada em comum, Quincy e Cole são os que chegam mais próximos do que posso chamar de amigos. 

Neste ano, o segundo sem meu irmão, decidi tomar uma iniciativa drástica quanto ao que quero ser daqui a alguns anos, vou ser músico, e pronto. Meus pais não são de cobrar essas coisas, pelo contrário, querem que eu me arrisque, mas com os pés no chão, já que não poderiam me ajudar caso escolhesse alguma faculdade maluca, fora do país. Há alguns meses, eu, Jack, Malcom e Ayla nos reunimos na garagem dos Tesler e tocamos algumas músicas juntos. É libertador. Ensaiamos juntos desde que nós conhecemos, em um dos retiros ridículos promovidos pela igreja em que nossos pais frequentam, tínhamos uns 10 anos, por aí, mas agora estamos fazendo do jeito certo, levando a sério, ou o máximo que conseguimos nesse quesito. 

Mas, vocês devem estar se perguntando: Tá, mais onde a sua falta de sorte entra em toda essa história? E eu explico. Meu amigo, Caleb, tem uma boa frase sobre isso. 

"Se algo pode dar errado, e ainda não deu, deve ser porque o Finn ainda não chegou". E ele não está errado. 

Eu sempre parei para pensar na grande sacanagem que isso é. Nasci em 23 de Dezembro, um dia antes do menino Jesus, o mínimo que eu esperava era ter alguma sorte, algo especial que me fizesse não entrar em tantas roubadas, mas nada disso, eu literalmente, só me fodo, em tudo. E nem é meme. Porém, apesar do meu diploma de azarado, as coisas tomaram proporções ainda piores na segunda semana de setembro, com o início de um novo ano letivo. Millie Bobby Brown aconteceu. 

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