Nova York - 1998

2 0 0
                                    

Os "dark days" se foram rápido, eu havia perdido a vontade de me distrair e me pegava sempre olhando para trás, imaginando se estava sendo seguida, se Solfieri iria me atacar com sua presença novamente. Ficava aliviada que não o via me seguindo e ao mesmo tempo, quando abria meu quarto de hotel para entrar, me sentia desapontada de não vê-lo lá. No primeiro dia de ensaio encontrei meu artista rindo com sua banda.

– Ela está aqui, você vai adorar. – ele disse e eu fui ver o que era, animada para saber quem ele iria me apresentar, e fui tomada como um soco. – M, esse é Solfieri, nos conhecemos na gala, você precisa ver o que ele aprontou.

Eu fingi que não sabia quem ele era e o cumprimentei.

– Você não disse que ela era tão linda.

– Calma, não a desrespeite, a M não é do tipo que você e eu estamos acostumados. Ela é a verdadeira, (the real deal), eu estaria morto se ela não estivesse nesse projeto comigo.

– Aposto que sim. – ele diz, daquele jeito sedutor que eu odeio. Eu imediatamente saio e tento fazer o que fui lá pra fazer, mas momentos depois Solfieri me pega novamente desprevenida.

– O que você faz aqui demonio? – eu disse. – Eu disse pra você desaparecer.

– Eu vou adivinhar que é justo com ele que você está trabalhando?

– Você bem sabia Solfieri, não se faça de tolo!

– Eu conheci ele no dia que você pagou minha fiança. De qualquer forma... – ele tirou um bolo de dinheiro e tentou me entregar – Aqui está o que te devo.

– Esconde isso idiota. – falei nervosamente – Desde quando você paga suas dívidas?

– Ué... achei que você quisesse. – ele disse se fingindo de confuso.

– Me fala logo o que você quer para que eu possa me livrar de você.

– Eu não quero nada, meu amor. - ele disse – Minhas dificuldades não são pertinentes a você.

– Ah é?

– Sim

– O negócio da cadeia então...foi o que?

– Eu não vou te importunar mais. Perdão. - e se virou, mas eu peguei em seu braço.

– Que dificuldades? – perguntei, mas ele exitou em dizer – Ora vamos, não se finja de virgenzinha na noite do baile. Você quer me falar desde o dia que me ligou.

– Não aqui. – ele disse – Eu te conto tudo que está acontecendo hoje a noite. Você vem na suíte do seu artista (pois não quero revelar aqui quem é) e nós conversamos.

– Porque lá?

– É lá que estou ficando.

– Jamais. Você vem até mim, não misturo meu profissional dessa forma, isso é coisa que leprosos que nem você faz. Eu sou profissional.

– Ok, ok, madame, eu lhe encontro depois. – ele me deu um rápido beijo no rosto antes que eu pudesse impedi-lo e saiu rindo como quem conseguiu roubar com sucesso. "Tonto" pensei passando a mão onde ele havia beijado. Olhei pro lado e "meu artista" estava apontando pra mim e dando "joinha" aprovando o relacionamento. Mal sabe ele que já passamos de 15 décadas de encontros e desencontros.

Hilton Hotel - Nova York – 1998



Por volta das duas da manhã havíamos terminado o ensaio para a estréia no dia seguinte e quando entrei no meu quarto, como nos dias anteriores eu temia, Solfieri estava lá na poltrona de costas para a grande janela de vidro, apenas uma luz ambiente acessa, lembrando as luzes de vela e querosene que usávamos antigamente.

A BaronesaOnde histórias criam vida. Descubra agora