Os "dark days" se foram rápido, eu havia perdido a vontade de me distrair e me pegava sempre olhando para trás, imaginando se estava sendo seguida, se Solfieri iria me atacar com sua presença novamente. Ficava aliviada que não o via me seguindo e ao mesmo tempo, quando abria meu quarto de hotel para entrar, me sentia desapontada de não vê-lo lá. No primeiro dia de ensaio encontrei meu artista rindo com sua banda.
– Ela está aqui, você vai adorar. – ele disse e eu fui ver o que era, animada para saber quem ele iria me apresentar, e fui tomada como um soco. – M, esse é Solfieri, nos conhecemos na gala, você precisa ver o que ele aprontou.
Eu fingi que não sabia quem ele era e o cumprimentei.
– Você não disse que ela era tão linda.
– Calma, não a desrespeite, a M não é do tipo que você e eu estamos acostumados. Ela é a verdadeira, (the real deal), eu estaria morto se ela não estivesse nesse projeto comigo.
– Aposto que sim. – ele diz, daquele jeito sedutor que eu odeio. Eu imediatamente saio e tento fazer o que fui lá pra fazer, mas momentos depois Solfieri me pega novamente desprevenida.
– O que você faz aqui demonio? – eu disse. – Eu disse pra você desaparecer.
– Eu vou adivinhar que é justo com ele que você está trabalhando?
– Você bem sabia Solfieri, não se faça de tolo!
– Eu conheci ele no dia que você pagou minha fiança. De qualquer forma... – ele tirou um bolo de dinheiro e tentou me entregar – Aqui está o que te devo.
– Esconde isso idiota. – falei nervosamente – Desde quando você paga suas dívidas?
– Ué... achei que você quisesse. – ele disse se fingindo de confuso.
– Me fala logo o que você quer para que eu possa me livrar de você.
– Eu não quero nada, meu amor. - ele disse – Minhas dificuldades não são pertinentes a você.
– Ah é?
– Sim
– O negócio da cadeia então...foi o que?
– Eu não vou te importunar mais. Perdão. - e se virou, mas eu peguei em seu braço.
– Que dificuldades? – perguntei, mas ele exitou em dizer – Ora vamos, não se finja de virgenzinha na noite do baile. Você quer me falar desde o dia que me ligou.
– Não aqui. – ele disse – Eu te conto tudo que está acontecendo hoje a noite. Você vem na suíte do seu artista (pois não quero revelar aqui quem é) e nós conversamos.
– Porque lá?
– É lá que estou ficando.
– Jamais. Você vem até mim, não misturo meu profissional dessa forma, isso é coisa que leprosos que nem você faz. Eu sou profissional.
– Ok, ok, madame, eu lhe encontro depois. – ele me deu um rápido beijo no rosto antes que eu pudesse impedi-lo e saiu rindo como quem conseguiu roubar com sucesso. "Tonto" pensei passando a mão onde ele havia beijado. Olhei pro lado e "meu artista" estava apontando pra mim e dando "joinha" aprovando o relacionamento. Mal sabe ele que já passamos de 15 décadas de encontros e desencontros.
Hilton Hotel - Nova York – 1998
Por volta das duas da manhã havíamos terminado o ensaio para a estréia no dia seguinte e quando entrei no meu quarto, como nos dias anteriores eu temia, Solfieri estava lá na poltrona de costas para a grande janela de vidro, apenas uma luz ambiente acessa, lembrando as luzes de vela e querosene que usávamos antigamente.
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A Baronesa
Mystery / ThrillerQuando cheguei em Seoul, nunca imaginei que fosse encontrar o que encontrei. Mergulhada em uma teia de misterios e desencontros esperando emergir do outro lado, ilesa. Ao encarar a mortalidade o rosto das pessoas que cruzaram meu caminho durante os...