Nova York - 1998

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– Eu ajudo, mas quero meu anel de volta. – eu disse.

– O anél é meu.

– Não é seu, nós não trocamos.

– O anel foi feito pra mim.

– O anel é uma representação do meu amor por você, e foi feito antes de você cagar em cima dele e de toda nossa história juntos.

– Eu não te entendo! – ele disse se levantando – Você quer um relacionamento platônico, mas se enfurece se eu transo com alguém? – ele disse se levantando – Eu não sou celibato, e você nunca me disse que eu deveria ser fiel a você.

– Você está desviando do foco da discussão!

– Esse anel não deveria significar nada pra você – ele disse tirando o colar do pescoço. – Não foi você mesmo que disse que perdeu o seu? Que largou em alguma gaveta...

– Usar o anel é uma afronta ao que você me fez passar aquele dia.

– Eu nunca iria seguir com aquela farsa, nunca! – ele admitiu – Tudo aquilo foi uma distração pra eu fugir com a Mary. – ele desferiu essas palavras como adagas, ele lançou sem se importar onde iria me acertar. Eu me silenciei. – Você achou que ia rolar algo entre nós? Não havia padres, não havia documentos e mesmo se houvesse, não é seu nome, não é o meu, quem eram aqueles dois ali, posando de noivos?

– Eu não quero que você carregue meu nome verdadeiro em seu pescoço. Eu exijo que me devolva. – concluí.

– Você só vai destruí-lo. – ele disse, segurando a jóia nas mãos.

– Qual o problema? Tudo atrelado a ele já foi destruído.

– Não foi não. – disse Solfieri – Nunca foi, não tem como destruir algo que-

– "Que" o que? Que nunca existiu?

– Não. – ele disse – Da minha parte pelo menos, existiu, e ainda existe e certamente não foi destruído.

– Pra quem causa a injúria a memória é mais branda do que quem é injuriado. – eu disse.

– Ninguém me julga porque acha que eu te larguei no altar, todos sabem que era um teatro aquilo. – ele disse.

– Não me importa o que pensam. Eu tinha uma missão que eu desperdicei tempo e recursos, para que a esnobe da Mary, aquele ser repugnante e fútil não fosse devorada viva, consegui completar a missão por um lado, quando o verdadeiro sanguessuga estava debaixo do mesmo teto o tempo todo. – eu me levantei e fui até ele – Eu fui vítima do mesmo, não posso negar, você jogou muito bem, mas acabou. – eu estendi a mão e ele colocou o anel e a corrente alí, eu segurei mas ele não soltou, eu puxei e ele deixou que eu pegasse.

Em seguida fomos para um clube no Brooklyn conversar com um informante mortal e tentar adotar uma identidade temporária para Solfieri.

– Uau...vocês parecem vampiros de filme! – disse o cara.

– Porque você diria algo assim? – falei irritada.

– Não foi uma ofensa. – corrigiu Solfieri.

– Como não? Para mim é bem óbvio o que ele pensa!

– Ele se refere a filmes dessa década querida, não do começo do século – ele olhou para o informante em desculpas – Não liga não.

– Eu quis dizer que vocês são imponentes, sexy... – ele disse com medo.

– A que ele se refere?

– Caralho M, Entrevista com Vampiro, filme lançou ano passado, como você perdeu isso? – disse Solfieri – Porque você acha que tem tanto mortal ajudando o conselho agora?

A BaronesaOnde histórias criam vida. Descubra agora