O grupo se juntou novamente, Solfieri enrolava infinitamente o casamento com Delfine e eu notava, cada vez mais ela parecia apaixonada por ele. Naquele mesmo retiro, foi notado nossa aproximação, Solfieri passava os dias comigo no meu quarto, conversávamos, líamos, discutíamos todo tipo de coisa. Uma dessas noites, logo no começo do nosso relacionamento, minha porta se abriu de repente. Eu estava na cama, embaixo dos cobertores, de camisola preparada para dormir com um livro nas mãos. Solfieri estava sentado na poltrona do outro lado do quarto na janela, na minha mesa de chá com uma cópia de um livro semelhante que estávamos comparando. Era Delfine.
– Jesus mulher, a mansão está pegando fogo? – ele perguntou.
– Ah...não é nada. – ela disse – Achei que ia pegá-los fazendo sexo. – nós não nos manifestamos. Ela riu nervosamente.
– Não ofenda-nos. – ele disse – se sexo fosse o suficiente para nós nos perdermos dentro um do outro, estaríamos trepando que nem dois coelhos no cio desde o dia que descansei meus olhos nela. – ele disse com desdém. Delfine olhou pra mim, nervosamente.
– Quer se juntar a nós? – eu disse. Ela ia dizer que sim, mas Solfieri se levantou. – O sol está de pé, melhor irmos. – ele saiu levando Delfine, minutos depois ele bateu em minha porta e entrou, eu ainda estava lendo o livro. Sorri quando o vi.
– Hey, vamos dormir juntos. – ele disse e se deitou ao meu lado, e dividimos a cama pelo resto das noites ali, ele jamais traiu a promessa dele com Delfine, pelo menos não até 1888, mas ele adiou o máximo que pode.
Embaraçada pelo que aconteceu e pelas tentativas de nos flagrar que se tornaram constantes e adotadas por outros membros do nosso grupo, a fim de jogar na nossa cara que mentimos a respeito de um relacionamento platônico, Delfine resolveu ficar na frança quando retomamos nossa vida habitual, farra e jantar fora nas periferias das grandes cidades. Eles sabiam da minha particularidade a respeito da itália, mas Roma era um lugar que eles insistiam muito em ir, incluindo Bertran e Yohann que jamais me abandonaram para ir para itália. Todos iam, e eu não disse que não ia, mas no último momento não consegui. No speakeasy que estávamos, eu decidi voltar cedo para nossa casa da cidade, Solfieri me seguiu, ele notou minha tristeza entre os risos e diversão dos nossos colegas.
– Eu te acompanho, estou cansado disso também. – ele disse, e foi sensível o suficiente para não fazer perguntas. Chegando em meu quarto, como era costume ele me ajudou com meu vestido eu me sentei e fui pentear meus cabelos em minha penteadeira, eu notei que estava menos comunicativa, mas eu não queria falar, se eu falasse eu ia falar demais. Solfieri tomou a escova de minhas mãos, se posicionou atrás de mim no banco que seria da camareira.
– Cuidarei da senhora, madame. – ele disse fazendo graça, como se fosse minha camareira. – Eu adoro seus cabelos longos, assim, soltos.
– Devo andar com eles a mostra então?
– Não! – ele disse em urgência – Eu gosto mais ainda que só eu tenho acesso. – ele sorriu no espelho.
Solfieri posicionou a escova de volta na penteadeira e eu coloquei minha mão em cima da dele, não queria que ele fosse embora, ele não ia, mas eu senti como se ele estivesse de saída. Ele manteve a mão lá e abraçou meus ombros com seu outro braço, descansando sua cabeça no meu ombro direito. – O que foi? – ele sussurrou.
– Você sabe que minha transição foi atrasada. – eu disse. – Em Firenze. Não foi algo tão limpo quanto aparenta ser, e eu não sou essa menina de ouro que Caius faz parecer.
– Eu tenho certeza disso. – ele disse.
– Eu cometi um crime terrível contra minha família e fugi. – Solfieri não reagiu – Minha família, meu nome real, não é Fragale, não é Meredith, nem Marienne...eu sou de uma família conhecida, e a verdadeira baronesa, ela me teve caçada na itália. Eles me encontraram certa noite. – eu apertei mais a mão de Solfieri. – O que fizeram comigo não é apropriado nem para por em meu próprio diário, Caius chegou antes que eu não pudesse mais voltar, ele resolveu a situação e salvou minha vida. Mesmo assim, eu quase morri com os ferimentos que sofri naquela noite.
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A Baronesa
Mystery / ThrillerQuando cheguei em Seoul, nunca imaginei que fosse encontrar o que encontrei. Mergulhada em uma teia de misterios e desencontros esperando emergir do outro lado, ilesa. Ao encarar a mortalidade o rosto das pessoas que cruzaram meu caminho durante os...