Escócia - 1911

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O castelo se erguia sobre mil acres de pastos verdes e bosques com lagos límpidos, sobrevia uma pequena vila. Foi a casa de muitos Earls e Dukes, hoje quem era seu mestre era o Lorde Clayden de Westminster. Vim fazer um favor para o conselho e depois de muitos anos fechada em meu próprio círculo, estou de volta a sociedade humana. Acontece que tem um revenant chamado Átila, ele havia hibernado e voltou agora e está obcecado pela filha do Earl, Lady Mary. Earl conectado como é, pediu ajuda para proteger sua filha.

Nosso tipo se entedia fácil, por isso eu digo e afirmo sempre: que viver uma vida moral é difícil. Quando se vive tanto, você vai deixando pra trás certos valores, e muitas vezes seguir alguém, violar alguém, tomar banho com o sangue de uma família inteira, não passa de uma terça a noite. Eu passei muitos anos sem incidentes, eu nunca fui de me entregar aos meus desejos mais vorazes e sempre tentei ao máximo respeitar todos que habitam o planeta. Eu sou da crença moral que eu tenho liberdade a partir que essa liberdade não interfira com a do próximo. Por conta desse histórico de tolerância e respeito eu fui instruída a posar como sobrinha do Earl, Lady Madelyn. Você vê, por mais conectado que o Earl seja, a família dele não sabe o que sou, apenas Lorde Clayden estava privi deste conhecimento e eu tinha que viver como uma Lady, da forma mais idiota e entediante. Eu me pegava as vezes sonhando que Átila viesse e eu acabasse com ele de uma vez, para que eu pudesse sair. Jantares eram os piores. Ficar acordada durante o dia era uma merda sem fim e ter que comer a noite era pior ainda. "Lady Madeline come tão pouco" bla bla bla...cala a boca. É importante para alguém de minha constituição se manter hidratado, mas da mesma forma que entra o líquido desce, a gente mija e já era. Mas revenant raramente vai ao banheiro, o sistema digestivo não funciona como alguém que está completamente vivo, estamos apenas não mortos e quando eu como esses grude fedido de humano da mesma forma que entra sai. Eu vomito tudo e é horrível ter que fazer isso noite após noite. E ir até a cidade beber alguém que nem uma succubus no meio da noite. Eu reclamava para Caius extensivamente via cartas, e as cartas que eu recebia eram sempre as mesmas, proteja lady Mary, estamos enviando alguém para ajudar e esse alguém nunca chegava.

Com o pretexto de manter relevante minha estadia no castelo, Lorde Clayden estava encarregado de me conseguir um marido. Afinal já era tempo que eu conseguisse alguém. Não podia ser um mortal, tinha que ser alguém que soubesse do nosso segredo e aparentemente o conselho combinou tudo com ele e ninguém pensou em me incluir na história. No jantar certa noite ele bateu com a colher na taça e fez um anúncio.

– Iremos receber um amigo meu, Barão de Vera Cruz de portugal e seu primo. Mary e Madelyn, espero que tomem companhia desses cavalheiros. Especialmente você Madelyn, o primo do Barão é quem eu me referi para vosso pai.

– Obrigada meu tio. – eu disse fingindo. Alguns dias se passaram e eu me atrasei para ir recebê-los como a boa moça que estava fingindo ser. Da carruagem saíram dois rapazes bonitos, o Barão era um rapaz jovem, sorridente e parecia sagaz. Em seguida desceu uma figura alta de preto, e sem chapéu. O céu ficou mais azul e eu respirei um ar mais puro, era ele, Solfieri em carne e osso. Entrou no castelo, e me cumprimentou como se fosse a primeira vez.

– Solfieri de Wintere, muito prazer. – com o sorriso dele que eu conheço bem. Eu não acreditava no que via. Ele cumprimentou todos ali, conversamos e a noite todos se retiraram, Solfieri foi com seu Valete até o quarto, assim que o silêncio da madrugada se estabeleceu eu fui até o quarto dele.

– Que merda é essa? – exclamei enquanto ele abriu a janela rindo, como quem já esperasse pela minha visita. – Eu esperava qualquer um menos você. Nossa eu estava morrendo aqui Solfieri, pelo amor de deus, que lugar entediante. – ele me abraçou do beiral da janela e me desceu dali, mas não deixou de me abraçar.

– Eu sei, eu sei. – ele disse no meu ouvido e me soltou – Eu queria vim antes mas o conselho ficou fazendo caso pra eu poder entrar para sociedade com você. Eu conheço Átila, deve ser mais fácil pra mim localizá-lo em vez de esperar. E agora que o Barão vai cortejar Lady Mary, Átila pode aparecer mais facilmente para clamar o que ele julga ser dele.

A BaronesaOnde histórias criam vida. Descubra agora