Festa Milenar em Madrid

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Três milênios coroava Farouff como o mais antigo dos revenants na ativa. Era muito importante homenageá-lo e só os mais importantes iriam estar presentes, eu tive muita sorte disso acontecer em minhas proximidades e como Baronesa fui fazer presença. A gala ocorreu no museu Del Prado e seria um evento misto (com humanos) parte da organização que o conselho faz parte. Eu e Gennaro fomos juntos, lá encontraria Augustus novamente. O evento era white tie, e graças aos deuses isso não mudou tanto quanto a moda popular. Gennaro foi com a habitual gravata branca (daí o nome do código de vestimenta der) e eu usei um vestido longo, azul escuro corte A, levemente drapeado e uma calda singela, era todo bordado com flores e hibiscus como se tivessem crescendo da barra e terminavam gradativamente antes de chegar na cintura, o decote era canoa expondo meus ombros, os bordados voltavam no decote para harmonizar, usei um colar de diamantes, e cabelos presos para cima e uma tiara bem fina a fim de não conflitar com o colar. Luvas brancas até o cotovelo e uma pulseira de diamantes que fazia par com o colar. Ambas presentes que ganhei de Carlota antes dela ir para o Brasil.

Quando chegamos avistei Augustus, mas ele parecía ocupado entretendo alguns colegas.

– Baronesa. – disse um rapaz, mortal – A senhorita conheceu meu Tataravô, da família Matarazzo.

– Certamente! – eu disse me lembrando desse nome ele beijou minha mão. – Que alegria ver que vocês continuam a prosperar.

– Alegria a minha, e imensa honra Baronesa. – então ele se virou para Gennaro, também em italiano. – Felipe Matarazzo, muito prazer.

– Gennaro. O prazer é todo meu. – Da mesma forma que eu nunca revelo meu primeiro nome, Gennaro nunca revela seu sobrenome. Sei que não somos da mesma família, senão ele teria dito algo, mas mesmo se fôssemos não iria me surpreender, já o considero como tal. Felipe se foi e essa foi a deixa para mais pessoas notarem nossa presença, Gennaro em um dos meus braços e os demais me cumprimentando, elogiando e trocando anedotas. Entre um e outro, ele cochichava piadas no meu ouvido, e eu contribuia com alguns detalhes que eu me lembrava dos que ali se encontrava. Aí então a multidão foi se abrindo como o mar vermelho para do outro lado do salão, entre pinturas e obras impecáveis, uma outra obra impecável. Solfieri.

Com aquele sorrisinho debochado, que parece sempre estar rindo de você e não pra você, ele andou em câmera lenta até nós e conforme ele se aproximava eu sentia a mão de Gennaro apertar e minha como quem diz "eu estou aqui, está tudo bem." Com a maior simpatia do mundo, Solfieri diz em voz alta "GENNARO!" e os dois se abraçam como irmãos perdidos que acabam de se encontrar. Então se vira pra mim, e me abraça mais delicadamente.

– Ma, que bom te ver aqui. – ele se afastou, eu sorri e retribui. – Sei bellissima in blu. – "Fica linda de azul", em minha língua nativa.

– Tu es belle dans n'importe quelle couleur. – "Você é lindo, não importa a cor" respondi na língua nativa dele. Ele sorriu, segurou minha mão, parecia que ia dizer algo, ficou flutuando um pouco no momento. Então Augustus veio.

– Vou roubar ela um pouquinho. – disse em Latim, Solfieri é fluente, Gennaro entende mas não fala. O gesto no entanto, foi universal e eu fui com Augustus.

– Te salvei? – ele disse.

– Mais ou menos. – admiti.

– Salvei ele então. – disse Augustus sorrindo. – Eu nunca me desculpei por ter passado seu paradeiro pra ele no México, eu havia passado um tempo em Napole com Gennaro, lembra quando enviamos cartas?

– Eu sei, eu sei...

– Gennaro falou tão bem do tempo que vocês passaram juntos, com tanto carinho.

A BaronesaOnde histórias criam vida. Descubra agora