Harry
As arquibancadas do imenso campo de futebol da Escola Harper era o lugar favorito de Harry desde seu primeiro dia. O silencio e a privacidade eram reconfortantes, lá ele podia fumar seu cigarro sem ninguém perturbar.
E também era um dos poucos momentos que ele conseguia privacidade durante o dia. Seus pais não conseguiam deixa-lo sozinho nem por um momento quando ele chegava em casa, e na escola seus amigos do futebol sempre enchiam sua paciência.
- Por onde você andou? – Austin Evans, seu melhor amigo, perguntou em um dia, no ano passado, que Harry tinha sumido por mais de 3 horas. – Te procuramos por mais de 2 horas. Você perdeu a aula de Literatura.
- Hmm – Harry pensou em uma resposta. – Biblioteca.
Austin não tinha engolido aquela resposta, mas também não se importou muito com a mentira do amigo. Logo os assuntos de garotas e treinos voltaram e Harry não precisou se preocupar com a perturbação do amigo. Tudo aquilo não fazia mais sentido para Harry, ele estava cansado de toda aquela pressão. E também estava confuso.
Confuso de uma forma que ele temia em procurar respostas. Pois ele já sabia, ou talvez não, qual seria a conclusão daquilo tudo.
- Como vai a Bridgit? – perguntou Austin, um dia, nas férias.
Bridgit era a namorada, na verdade a ex-namorada de Harry. Os dois se conheceram no baile de inverno, no qual a bebida o ajudou bastante a levar uma conversa com ela e no final de tudo, os dois transarem no banco traseiro do carro do pai de Harry. Logo, depois de dois meses ou três, Harry e Bridgit estavam namorando. Ele gostava muito dela, mas não via futuro. E a confusão em sua cabeça embaralhava ainda mais a situação com Bridgit.
- Estamos...- Harry gaguejou. – Mal. Sei lá, tô de saco cheio dela.
- Sério? – riu Austin. – Já tava na hora de sairmos pra pegar umas gatas mesmo. Quando que vai terminar com ela?
- Não sei.
E na mesma semana, Harry terminou com Bridgit por mensagem. Foi horrível para ela, ele não se sentiu confortável mas foi uma alívio e tanto.
Bridgit : O que houve, benzinho?
Harry : Não me chame assim.
Bridgit : Vc nunca reclamou que eu te chamasse de benzinho. O que houve Harry?
Harry : Quero terminar com você.
Simples e direto. E assim era Harry, ele não conseguia medir as palavras. Foram horas de desespero de Bridgit e Harry tentando se explicar, e no final, ela xingou ele de todos os nomes possíveis e finalizaram a conversa. Hoje, ela não olha mais na cara dele e passa direto pelo corredor.
- Meu Deus. – riu Austin, após o término dos dois. – Você é muito frio.
- Eu sou assim. – Harry riu. – Me desculpa, eu não consigo fingir um sentimento que eu não tenho!
- Ela vai te odiar pelo resto da sua vida.
- Ela é louca. – Harry disse. – Ela guardou um ursinho decepado no meu armário.
Os dois caíram na gargalhada nesse dia. Agora, com a volta as aulas, Harry sentia saudades das férias quando ele tinha todo o tempo para conversar com seus amigos e fugir para algum lugar sem ser perturbado.
Seu celular vibrou, era a mensagem que todos tinham recebido. Ele franziu a testa e deu um longo trago em seu cigarro.
- Que merda. – ele resmungou e digitou uma mensagem para Austin.
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The Black List
Teen FictionNova York. A cidade que nunca dorme também é a cidade onde se esconde inúmeros segredos. É na Escola Harper onde a nova geração da elite americana começa a desenvolver seu futuro e suas próprias tramas. Após a chegada de 3 novos alunos, os estuda...