Aquele que sabia demais

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Sam

Sam não conseguia mexer um músculo. Ele abriu a boca para responder ao mordomo, que o encarava com o rosto impassível, transbordando de desconfiança. Ele não sabia o que responder sem ser menos suspeito.

- O que me diz? – o mordomo perguntou.

- E-Eu não estava escutando a conversa de ninguém. – Sam gaguejou. – De onde o senhor tirou isso?

O mordomo franziu a testa enrugada. Bem provavelmente ele havia conseguido chegar a tempo de pegar o garoto escutando a conversa de Morgan e seus sócios. A verdade era que Sam não sabia se eles eram sócios ou capangas do pai de Jade, as informações ainda pipocavam dentro da sua cabeça.

- O que está acontecendo? – a voz de Jade surgiu por trás dos dois, trazendo uma onda de alívio imensa a Sam. Ele virou-se para olhar a garota, que parecia muito aborrecida.

- Errr...nada! – disse Sam. – Estava no banheiro e ele veio me fazer umas perguntas.

- Que tipo de perguntas? – Jade se aproximou dos dois. – Você demorou muito. – ela olhou para o namorado, desconfiada.

- Pois é. – Sam riu, nervoso. – Dor de barriga.

- Porque não foi no banheiro do segundo andar, bobinho? – Jade riu, olhando desconfiada para o mordomo.

- Acho que tinha gente. – Sam pensou rápido. – Não consegui abrir a porta, então vim correndo para o terceiro andar. Aliás, preciso ir embora...não estou me sentindo bem.

- Sério? – Jade ficou séria. – Pensei que iríamos passar a noite juntos. Posso arranjar um remédio para a sua barriga. – ela olhou para o mordomo. - E o que faz aqui, Ernesto?

O mordomo deu um pigarro e ergueu as sobrancelhas, como se tivesse acabado de lembrar de alguma coisa. Ele deu um breve sorriso e disse:

- Bom, senhorita Jade, vim até o terceiro andar para ver se seu pai precisava de algo. Fiquei preocupado pois o jantar estava prestes a ser servido e nada dele retornar. – ele olhou para Sam. - Logo vi que havia alguém passando mal no banheiro, e lá estava o seu namorado. Eu estava apenas perguntando se ele estava melhor.

- Isso. – Sam concordou. – Foi isso.

- Ah. – Jade disse. – Bom, obrigada pela preocupação. Pode ir, meu pai está lá no primeiro andar.

O mordomo assentiu e caminhou de volta às escadas, deixando Jade e Sam sozinhos. A garota olhou para o rosto do namorado, ainda preocupada. Sam estava pálido demais e suas roupas ainda estavam grudando de tanto suor.

- Você está péssimo. Tem certeza que quer ir para casa?

- Sim. – Sam disse, segurando as mãos de Jade. – Preciso muito ir. Te ligo depois, ok?

- Tudo bem. – ela sorriu.

Sam desceu as escadas o mais rápido que pode, e quando chegou no primeiro andar, foi lentamente em direção ao elevador para que ninguém percebesse sua presença. Corria muito risco estando ali, gostava nem de pensar no que poderiam fazer com ele. Aqueles caras não estavam ali de brincadeira.

Foi quando finalmente chegou na rua que o desespero e o medo lhe encontraram com toda força. Ele corria perigo. Aquela família tinha muita coisa escondida por baixo dos tapetes, e fariam de tudo para acabar com qualquer um que ousasse entrar em seu caminho. Morgan Evans não era o cara bondoso que muitos pintavam por aí, por trás daquela máscara ele escondia uma face muito diferente. Mas será que todos os ricaços eram assim?

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