Aurora nunca se questionou sobre o que aconteceria após sua morte. Ela achava que morreria bem velha, que seus familiares a enrolariam em seda e deitariam seu corpo em uma cama de rosas, que seus prováveis futuros netos lhe escreveriam poemas ou canções, que provavelmente alguém tocaria sua canção favorita no piano. Eles cobririam sua pele enrugada e pálida, e seus cabelos brancos, de pétalas vermelhas. E eles se lembrariam dela.
Mas ela nunca imaginou como seria morrer jovem.
E ela com certeza não imaginou voltar a abrir os olhos depois disso.
Jasper, Jackson, Rosalie e Emmett estavam espalhados pela sala do chalé, imóveis, como estátuas de mármore. Todos concentrados em ouvir o único coração ali que ainda batia. No fim do corredor, no quarto, deitada sobre os lençóis brancos da cama, estava Aurora.
Sua pele, mais pálida do que nunca, estava agora livre de marcas, ferimentos e cicatrizes, exceto por uma única em seu pulso, a marca da mordida. Os fios ruivos e ondulados estavam com a cor e brilho mais vivos que nunca. Os lábios adquiriram um tom vermelho arroxeado. E sua pele estava fria. Sua roupa havia sido trocada por Rosalie, e agora eram limpas e finas. Elas não precisaria mais se preocupar com frio ou calor.
Suas memórias repassaram, uma por uma, desde o seu primeiro suspiro, até o último. Tudo seria mais intenso agora.
E seu coração bateu, de novo, e uma última vez.
Então, parou de bater.
Aurora estava morta.
Mas ela abriu os olhos.
E Aurora enxergou tudo, as menores partículas de poeira sobre os livros da estante, o menor floco de neve preso à janela. Ela respirou, mesmo que não precisasse mais, e sentiu, em uma intensidade absurda, o cheiro de carvalho que tinha em volta da casa, o cheiro de camomila na cozinha, e o cheiro de Jasper, bem ali, parado na porta.
E, em um piscar de olhos, ela estava diante dele, tocando seu rosto com os dedos frios. Ela via cada detalhe da aparência de Jasper agora, a curva mínima que seus lábios faziam quando ele sorria tenso, ou como suas pupilas dilatavam quando ele estava tão perto de si, os cachos sutis de seu cabelo.
— Você é tão bonito. — Aurora disse, estranhando sua própria voz. Ela já achava que tinha a voz suave antes, mas agora era como uma brisa de verão.
— Você não se olhou no espelho, não é? — Ele perguntou, vendo-a balançar a cabeça em resposta. Jasper segurou sua mão e a guiou até o espelho grande no closet.
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𝐁𝐑𝐈𝐆𝐇𝐓 ¹ ࿐ ʲᵃˢᵖᵉʳ ʰᵃˡᵉ
Fantasy𝐁𝐑𝐈𝐆𝐇𝐓 ¹ ࿐ "Porque Aurora era a estrela mais brilhante do céu que era a vida de Jasper." A eternidade era um tempo muito longo, e poderia ser cruel quando se está sozinho. Jasper sabia, e como sabia. Por sorte, em um mar de morte e sem nenhum...