7- História Revelada

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CAPÍTULO 7|
H i s t ó r i a  r e v e l a d a

          Está tudo escuro, o ar está com um cheiro metálico — sangue, presumo —, tudo está frio e úmido. Está silencioso. Começo a andar, mesmo sem ver o caminho. Tateio o ar até achar algo para me apoiar, acabo encostando a mão na parede fria. Vou andando me guiando nela.

Não sei onde estou, não sei como vim parar aqui e nem sei o que vou encontrar, mas sei que não vai ser nada bom.

Minha mão encosta em algo gelado, não é mais a parede, acho... acho que é uma barra de ferro. Continuo passando a minha mão e percebo que eu estou encostando em uma grade de ferro, parece ser como de uma cela. Onde estou? Não me lembro de ter saído do meu quarto desde aquele dia horrível.

Minha mão passa entre as barras de ferro e o ar, fazendo um barulho no meio de todo esse silêncio. O cheiro de sangue vai ficando mais forte, ficando enjoativo.

Uma luz aparece no final do corredor, à luz de uma tocha. Com essa pouca iluminação posso ver onde estou: em um calabouço. Vejo que a minha mão está em uma das grades de uma cela e tiro dali.

Todas as celas estão vazias, sem nenhum habitante. Ando devagar pelo corredor, parece que estou em um filme de terror, tudo está silencioso, o único som que ouço é dos meus passos pelo chão de pedra. Bom, nem todas as celas estão vazias, tem esqueletos em algumas delas e nas paredes estão gravadas algum tipo de calendário, como se eles contassem os dias que estiveram presos.

Estremeço.

Enquanto olhava para as celas, acabei pisando em algo molhado, olho para o chão com receio e percebo que pisei em uma poça... uma poça de sangue. Recuo um passo, assustada. Olho para o chão e vejo que a poça de sangue segue até a última cela, onde está iluminada pela chama da tocha.

Algo me diz para não ir até lá, mas deixo de lado esse aviso. Ando, hesitante, até a cela, a poça de sangue só vai aumentando à medida que me aproximo. Minhas mãos começam a tremer, meu coração fica acelerado.

Eu sei que não deveria ver o que há dentro da cela, eu sei que deveria ter voltado, mas eu não me escutei e entrei dentro da cela. Meus olhos se arregalaram e eu gritei em pânico.

Ali, no chão frio da cela, está Jace... Não, está só a cabeça dele.

Acordei assustada, minha respiração estava acelerada, meus batimentos cardíacos estavam do mesmo jeito. Estava suando, minhas mãos tremendo.

Toda noite eu tenho o mesmo pesadelo: a cabeça do Jace jogada em algum lugar escuro, eu sempre sigo a poça de sangue até encontrar ele e eu odeio isso. Odeio tudo isso!

Meu estomago está embrulhado e corro até o banheiro, me jogo de joelhos em frente a privada e ergo a tampa, logo sinto tudo subindo e vomito as tripas. Esses pesadelos acabam comigo, estão me destruindo, e eu não aguento mais isso! Já faz uma semana desde aquele jantar, onde na bandeja de prata estava a cabeça do Jace.

Sebastian o matou! Ele matou o Jace!

Desde aquele dia eu não saio mais do meu quarto para nada, eu estou destruída. Jules é o único que vem aqui, ele me traz comida, mas eu não como. Tem vezes que ele não sai do meu quarto até ver o prato vazio. Quando ele passa pela porta eu posso ver que o seu olhar é de pena, pena de mim.

Depois que acabo de vomitar, eu encosto a minha cabeça no azulejo frio do banheiro e tento me tranquilizar, mas eu não consigo. Um rio de lagrimas caem dos meus olhos.

Os Reis de Edom | 𝖢𝗅𝖺𝗌𝗍𝗂𝖺𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora