10- Sem Amor, Apenas Ódio

460 39 11
                                    

CAPÍTULO 10|
S e m  a m o r ,  a p e n a s  ó d i o


          Se você tivesse a chance de tirar o amor que você sente por uma pessoa, você tiraria? Eu estou presa nessa questão filosófica, a resposta para isso é tão difícil, mas ao mesmo tempo tão fácil. Eu tenho uma poção, agora eu só preciso da minha resposta.

O que eu tanto desejei está em minhas mãos, mas eu não sei o que fazer agora.

Quando você deseja algo impossível a resposta parece ser fácil, na ponta da língua, já que é algo impossível de acontecer. Você tem a resposta, mas não o porquê faze-la. Mas quando você tem o que tanto desejou, tudo parece ser mais difícil. Você começa a questionar se é isso mesmo que você quer, se vale mesmo a pena. A resposta se torna difícil demais. A simples resposta de antes se torna complicada.

Aquela poção vermelha brilhante que estava em cima do meu criado-mudo me chamou a atenção à noite inteira, parecia que ela estava me chamando, sussurrando para mim toma-la e acabar logo com esse sentimento. Eu juro que podia ouvi-la falar:

"Beba-me"

Talvez tudo isso esteja me deixando louca, toda essa confusão, essas decisões e acontecimentos. Ficar em um castelo com o seu irmão assassino e ser a rainha de Edom pode te deixar maluca, fazer você pirar na batatinha.

Claro, eu também estou me deixando pirar, não fazendo nada para salvar a minha saúde mental.

Fecho à porta do jardim e tranco com a chave, que por sinal é muito bonita e brilhante. Em um desses dias, quando estava em meu quarto, eu reparei que havia uma chave no meu criado-mudo junto com um bilhete, que só podia ser do meu irmão, nele dizia que está chave era do jardim, que eu podia tranca-lo para ninguém entrar. E que agora este jardim é apenas meu!

Claro que eu fiquei muito feliz por ter a chave do jardim, mas ao mesmo tempo eu fiquei muito triste, porque Sebastian deu-me a chave do jardim e o que eu fiz em troca? Falei que o odiava.

Ótima pessoa que eu sou.

Guardo a chave no bolso da minha calça e sigo para fora daquele corredor, já sabendo que terei que andar bastante até chegar no meu quarto, já que ele está a uns andares acima. Ajeito a minha jaqueta de couro e aliso a minha blusa branca, jogo a chave no ar e a pego repetidas vezes.

A minha jaqueta de couro é a minha melhor companhia neste castelo monótono e chato. Claro que de vez em quando eu uso alguns vestidos, quando estou de bom humor ou quero provocar, mas tirando isso é sempre calças e jaquetas.

Quem disse que rainhas só usam vestidos?

Assim que viro o corredor eu bato de frente em algo, será que eu estava tão imersa em meus pensamentos que acabei não vendo a parede e bati com a cara nela? Isso é realmente possível vindo de mim.

Mas não, eu não bati de cara na parede sem querer. Eu bati em uma coisa pior: Sebastian.

Suas mãos seguraram o meu quadril para eu não cair, seus olhos negros me analisaram atentamente. Nós estávamos muito perto, e eu não gostei nada disso. Que má sorte à minha trombar com ele bem agora, quando eu mais queria evita-lo.

Certo, nossos peitos estão praticamente colados e meu coração está a mil, eu tenho certeza que ele também sabe disso, e isso é uma coisa que eu não queria que ele soubesse. Que ele mexe comigo. Esses olhos negros mexem comigo de uma tal maneira que eu não sei explicar, é como se eles me prendessem toda a atenção. Eles me hipnotizam. E a sua boca, que é macia como veludo. Eu queria tanto repetir o beijo que demos no jardim naquele dia, eu queria sentir a sua boca na minha novamente, queria sentir as nossas línguas se tocando.

Os Reis de Edom | 𝖢𝗅𝖺𝗌𝗍𝗂𝖺𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora