6- Bon Appétit, Petite Soeur

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CAPÍTULO 6|
B o n  a p p é t i t ,  p e t i t e  s o e u r

          Os dias foram se passando, cada vez mais silenciosos e vazios. Sebastian praticamente sumiu, não aparecia mais no meu quarto (não que eu esperasse por ele, claro), nem nos jantares, almoços ou cafés da manhã. Simplesmente sumiu. E toda vez que eu perguntava a Jules aonde o meu irmão estava, ele apenas dava de ombros e respondia vagamente.

Hoje eu acordei com um pressentimento ruim, muito ruim mesmo, me deixou inquieta, nervosa e ansiosa, eu sabia que algo muito ruim iria acontecer hoje. Mas mal eu sabia que ruim era até uma palavra bonita para descrever o dia de hoje, porque as coisas estavam prestes a ficarem feias. Muito feias.

***

Abri as portas da sala de jantar e me deparei com a mesma imagem de sempre: Jules devorando a comida... sem mim, e nada do Sebastian, de novo.

— Comendo sem mim, Jules? Que traição. — Coloquei a mão no peito de uma forma dramática.

Ele mordeu o pão e revirou os olhos.

— Você demorou demais — justificou-se —, eu estava com fome.

Me sentei na mesma cadeira de sempre e coloquei o café da manhã no meu prato.

— Que belo amigo você é. — Ele mandou um beijo no ar em minha direção.

Durante esses dias, eu e Jules ficamos mais próximos, viramos amigos. Eu ainda não consegui descobrir porque de ele estar aqui junto com o meu irmão, toda vez que eu abordo o assunto seus olhos ficam vazios e tristes e ele sempre muda de assunto. Eu estou tentando saber a sua história, mas ele não quer falar.

— Cadê o Sebastian? — perguntei com falso desinteresse.

— Resolvendo assuntos — respondeu vagamente.

Resolvendo assuntos, ocupado, ele não vai aparecer, essas eram as respostas do paradeiro do meu irmão sempre que perguntava. Sempre respostas vagas, nada mais que isso.

Depois daquela noite no jardim eu não vi mais ele, e, sempre que o via, ele dava uma desculpa e sumia. Não é como eu estivesse com saudades dele nem nada, eu apenas sinto que tem alguma coisa errada, mas eu não sei o que exatamente.

Aquela luz vermelha dentro da minha cabeça ainda estava aqui, é como se fosse um alerta de que alguma coisa estava errada, mas ele não falava o que era. Eu decidi ignorar essa sensação, às vezes não era nada, só coisa da minha cabeça.

Depois que eu terminei de comer, saí da sala de jantar e fui em direção ao meu quarto, enrolava o dedo na minha camiseta amassando-a. Quando dei por mim, já havia chegado no corredor do meu quarto. Eu estava prestes a entrar nele quando reparei que à porta do quarto do Sebastian estava meio aberta.

Olhei para o corredor para ter certeza que não havia ninguém ali e entrei no quarto dele sorrateiramente, estava vazio. Onde será que ele está? Quando saí do meu quarto pela manhã, me lembrava muito bem que a porta dele estava fechada.

O quarto dele não é tão diferente do meu, mesmo tamanho (embora pareça que o dele é maior), as mesmas janelas. Só, que diferente do meu, o quarto dele é uma bagunça. Tem roupas jogadas pelo chão, a cama está toda desarrumado. Como ele consegue dormir no meio de tanta bagunça? O quarto dele é de um tom escuro, sombrio.

É, isso combina com ele.

Comecei a andar pelo quarto — o que era quase impossível no meio de tanta bagunça —, talvez eu conseguisse achar algo, não sei, talvez uma carta, ou qualquer coisa do tipo que me daria alguma informação sobre ele. Talvez eu não tivesse tanto tempo para achar algo importante, porque eu acho que ele vá chegar em breve, não sei quando ele saiu.

Os Reis de Edom | 𝖢𝗅𝖺𝗌𝗍𝗂𝖺𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora