7

487 46 24
                                    

Lauren estava sentada em uma cadeira velha de madeira que rangia criando um som que ecoava pelo ambiente vazio.

Não se passava de uma imensidão escura e ela só podia ver um espelho na sua frente que refletia sua imagem inteira.

Na imagem ela sorria, mas ela sabia que seus lábios não emitiam reação.

Não era ela, não era um reflexo.

— Você é tão fraca…— a voz raspou pelo ambiente. Era mais rouca e mais forte do que a de Lauren.

— Não sinto medo de você.

Uma risada metálica ecoou revirberando pelas paredes.

— Deveria.

Lauren acordou sentindo o suor escorrer pelo seu rosto, ela arregalou os olhos e respirou fundo levantando de uma vez. Por sorte estava sozinha, a esposa já havia saído e ela não teria a assustado ao acordar tão assustada desse pesadelo tão realista.

Sonhos como esse estavam se tornando frequentes para ela. Era por isso que Lauren acreditava que Michelle planejava algo. Algo grande.

A mulher respira fundo tentando acalmar os batimentos cardíacos e estica os braços para alonga-los.

Nessa manhã não havia nenhum bilhete de sua amada, o que significava que provavelmente Camila acordou atrasada e não teve tempo de fazer nada.

Como sempre Lauren acorda de tarde, são poucas as vezes que ela acorda cedo, se levanta preguiçosamente e caminha em direção ao banheiro para tomar um longo banho.

Encara seu reflexo no espelho e sente raiva de si mesma. Ela queria não ser a fodida que ela é, queria não ter que conviver com o seu outro lado maligno, queria dar uma vida digna para sua esposa, não essa merda que as duas vivem…

Lauren sabe que isso não incomoda a esposa, mas ela se sente culpada por estragar a vida de Camila.

A de olhos castanhos sempre teve grandes sonhos e nunca poderia realiza-los porque estava presa a esposa, nas próprias palavras de Lauren "estava presa a um monstro".

Ela queria acabar de vez com tudo isso, mas sabia que não era capaz, já tentou algumas vez, mas sempre pensou em Camila e acabou desistindo.

Em seus piores pensamentos ela prefere viver assim do que não viver.

Não que a vida dela significasse alguma coisa, afinal, ela não faz absolutamente nada, só é mais uma cruz que Camila tem que carregar.

Caminhou para o corredor e foi diretamente para o seu escritório onde deu de encontro com a pintura em um quadro vazio, olhou as bisnagas de tinta vazias e os pincéis velhos e sujos, de repente não sentiu mais nenhuma vontade de pintar, queria voltar para cama e se encolher nos lençóis até desaparecer.

Seu estômago deu notícias evidenciando sua fome, mas por alguma razão agora ela estava sem forças para ir até a cozinha, foi nesse instante em que ela sentiu um empurrão e perdeu a consciência.

(…)

Camila estava animada, teve que sair cedo de casa porque antes de ir ao trabalho passou em uma loja de artesanato e comprou uma grande maleta, com dezenas de tintas e pincéis, além disso comprou mais telas e argila. A esposa sabe que Lauren sempre consegue inventar algo novo e queria que ela tivesse tudo ao seu alcance.

Ficou empolgada em imaginar a reação de sua esposa ao ver a enorme maleta. Estava tão sorridente que abraçou Allyson na recepção, a mulher a encarou franzindo ainda mais os lábios, pensava que a diretora havia perdido finalmente o completo juízo. Camila nem se importou com os olhares de fúria que Tyler entregava para ela durante a reunião de professores.

MICHELLE Onde histórias criam vida. Descubra agora