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De volta ao escritório...

— Você vai deixar ela, não vai?— é a primeira frase que Michelle diz quando Camila entra na sala.

A morena segura a respiração, dá cada passo sem fazer um som e a outra permanece de costas para ela, observava a pintura no cavalete. A dor do machucado no pé havia sumido, sendo substituída por um calafrio intenso.

— Eu e ela somos tão diferentes…— Camila se arrepiou mais uma vez, odiava ouvir a voz de Michelle, dava a ela uma sensação horrível que percorria pelo seu corpo e gelava o seu sangue. Definitivamente não era igual a voz doce e roca de Lauren. — Nem sei como fazemos parte do mesmo corpo.

Camila nada disse, permaneceu parada em uma distância considerável.

— Você vai deixar ela, não vai?— Michelle insistiu na pergunta, dessa vez com um tom mais rude e bruto.

Camila prendeu a respiração, queria ser capaz de controlar os próprios batimentos cardíacos porque eles agrediam o seu peito com força.

— Vai deixar ou não?!— a mulher esbravejou se virando na direção de Camila que segurou as lágrimas de medo que se formaram em seus olhos.

Ela mordeu o lábio e negou com a cabeça apertando as mãos em punho.

Michelle a analisou e revirou os olhos, se sentia entediada.

— Vocês duas são tão fracas, por isso estão juntas.

Camila permaneceu em silêncio, fechou os olhos porque não queria ver alguém que não era a esposa no corpo de Lauren.

— Lauren, por favor…

— Eu já disse Camila!— gritou alto e a morena deu um passo para trás com o nervosismo.— Ela não está aqui.

Camila só queria que essa noite acabasse de uma vez, queria sua esposa de volta, queria chorar até não poder mais.

— Lauren, eu trouxe tinta para você, lembra que você  me pediu ontem?— Camila dizia com os olhos fechados, sentia o suor frio se formar na sua nuca e em suas mãos. — Eu comprei uma maleta cheia de cores, eu quero te levar para pintar o mar…

Camila esperava que isso trouxesse Lauren de volta, mas era só Michelle que escutava e ela já estava irritada com todo esse discurso.

— Calada.— pediu e Camila choramingou, mas abafou o som com as mãos.

Isso divertiu tanto Michelle que ela não conseguiu esconder um sorriso vitorioso, ela amava observar a fragilidade de Camila.

— Você vai deixá-la?— ela insistiu mais uma vez e dessa vez seria a última.— Quero ouvir você dizer em voz alta.

— Nu-nunca.— Camila reuniu coragem para dizer, mas gaguejou e sua voz saiu fraca e quase inaudível.

— NÃO MINTA!— A voz de Michelle soou alta e metálica, como um trovão que ecoou por toda a casa, Camila amedontrada arregalou os olhos e deu um passo para trás engolindo em seco sentindo lágrimas se formarem nos seus olhos e suas pernas tremerem.

A expressão de sua esposa só não a deixava apavorada porque ela sabia que a pessoa que a amava ainda estava ali. Mas mesmo com isso, Michelle ainda conseguiu sentir a pontada de medo que surgia no peito de Camila e ela se alimentou disso abrindo um enorme sorriso cruel que rasgou seu rosto, suas pupilas começaram a se dilatar e nesse instante Camila estava pensando em correr, mas sabia que não seria rápida o suficiente e se Michelle a pegasse, sabia que não haveria escapatória, ela era muito mais forte.

Também não podia gritar por ajuda, ninguém poderia ver essa cena.

— Sabe Camila…— a morena permanecia parada, imóvel enquanto Michelle andava ao redor dela, tão perto que seus corpos se encostavam.

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