Depressão pós-parto

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Âmbar Smith

Os dias que se passaram foram estranhos. Nina continuou no hospital e eu e as meninas nos revezávamos com Gaston para que ele saísse de lá e fosse descansar um pouco. A verdade é que o caso de Nina era delicado já que a pequena Beatrice ainda não era forte o suficiente para nascer.

Com tudo isso eu e Simon quase não conversamos. Eu sentia como se ele estivesse me evitando e me escondendo algo e ficava preocupada. Thomas disse que, com ele, Simon estava normal e isso me fazia acreditar que o problema era comigo.

Será que ele já não me amava mais?
Será que ele não encontrou uma mulher bem mais bonita e atraente do que eu?

Respiro fundo e tento colocar minhas inseguranças de lado apenas para não piorar a situação.

- Âmbar? - Nina me chama. Eu e Yam estávamos com ela. - Para onde viajou?
- Não é nada. - Espanto todas as minhas preocupações e forço um sorriso
- Vocês precisam parar de tentar me proteger.- Nina diz com raiva. - Sei que estou aqui e eu juro que se não fosse pela minha filha, eu já tinha dado no pé. Mais ainda sou a amiga de vocês.
- Eu sei Nina. - Suspiro - É só o Simon que está estranho.
- Ah é mesmo. - Yam diz - Você voltou com ele. - Eu assinto. - Por que será que ele está desse jeito?
- Eu não sei meninas. Ele ficou assim depois que Nina veio pra hospital. - Confesso
- Será que ele não está pensando no que pode ter acontecido na sua gravidez e estar se culpando por te deixar sozinha? - Yam pontua e me faz pensar.

Simon nunca teve culpa por eu ter escondido a gravidez. Eu sei que, se ele soubesse que eu estava grávida, ele não teria saído do meu lado. Talvez se ele tivesse do meu lado, eu não tivesse desenvolvido depressão pós parto...

Quando chego em casa após deixar Tom na casa do meu avô para uma pequena festa do pijama, tudo está em silêncio. Simon ainda não tinha chegado e eu estava sozinha com meus pensamentos.

Entro no chuveiro gelado para tentar me acalmar e eu posso ouvir quando a porta da frente é aberta e fechada, o que me faz apressar o meu banho. Saio do banheiro e encontro Simon sentado na cama.

- Eu precisava mesmo falar com você. - Digo parando ainda enrolada na toalha na frente dele
- Tá. O que foi? Algo com Tom? - Simon diz sem me olhar.
- O que tá acontecendo Simon? - Pergunto insegura e ele me olha. - Por que está me evitando? Quer terminar comigo? Porque se for isso eu juro que vou tentar entender. - Começo a andar de um lado para outro.
- Âmbar. - Simon me para e segura meus ombros.
- Eu não quero terminar, eu amo você. - Simon diz e eu fecho meus olhos com força deixando as lágrimas que eu não sabia que tinham se acumulado cair.
- Então, por favor, me diz o que é. - Imploro baixo. Posso ouvir Simon suspirar e se afastar. Seus pés descalços andam pelo carpete até ele voltar a ficar de frente para mim.
- Eu quero outro filho. - Simon fala e eu abro os olhos. Ele está parado na minha frente com traços de esperança no olhar.

Eu nego com a cabeça enquanto as dolorosas lembranças do parto de Tom me vem à cabeça. Tudo o que eu escutei e passei. O fato de eu não conseguir olhar para o meu filho durante os seus dois primeiros meses de vida. Sinto minhas pernas enfraquecerem e eu sento na cama.

- Âmbar? - Simon se senta ao meu lado. - Está tudo bem? - Nego com a cabeça e tento respirar.
- Não, Simon. Eu não posso passar por isso de novo. Eu não posso engravidar de novo. - Digo e vejo ele ficar decepcionado.
- Por que? - Ele me pergunta baixo.
- Porque eu não quero passar por toda a dor de novo, não quero escutar todos me dizerem que na hora de fazer eu gemi gostoso e na hora de parir eu tava gritando de dor, eu não posso ver os olhares de pena... - Estou completamente entregue às lembranças do meu parto.
- Âmbar. Não. - Simon me abraça forte enquanto meu corpo treme e eu choro em silêncio.
- Eu não consegui olhar pro nosso filho. - Confesso. - Levou dois meses para que eu conseguisse olhar para ele sem sentir culpa por estar sozinha.
- Me desculpa. - Simon me aperta mais em seus braços e eu sinto suas lágrimas tocarem meus ombros.
- Não é sua culpa. - Falo e me afasto. - Não é sua culpa eu ter desenvolvido depressão pós parto.
- É sim. - Simon diz enfaticamente. - Eu nunca deveria ter te deixado, eu deveria ter lutado contra Emma por você e por Delfi e não ter escolhido uma de vocês. Eu deveria ter ficado do seu lado na hora do parto e ter sido quem te dava forças e coragem. Eu te amo tanto e às vezes acho que esse amor não cabe em mim mais dai eu descubro que te machuquei e me sinto um cretino.
- Eu, - Seguro o rosto dele e o forço a me olhar. - eu te amo Simon. Amo muito. Só não sei se posso passar por tudo isso de novo.
- Então não passaremos. - Simon beija minha testa. - Tom será o nosso único filho.

Assinto e Simon me beija lentamente mais em algum momento ele ganha intensidade e logo eu estou sentada no colo dele e a toalha que cobria o meu corpo está jogada no chão junto da camisa dele.
As roupas que sobraram no corpo dele logo está no chão e sua boca percorre minha pele nua antes de ele me invada e me complete. Amo Simon e amo saber que ele me ama na mesma intensidade, mesmo depois de tudo o que passamos e tudo que ainda vamos passar. Talvez ele mereça ter outro filho e talvez eu deva ser a mãe dele.

Deito minha cabeça sobre o peito nu dele enquanto seus dedos deslizam pela minha pele nua. Sua boca beija meu ombro e eu solto um gemido satisfeito.

- Você em algum momento achou que não poderia amá-lo? - Simon me pergunta e eu apoio minha cabeça sobre o seu peito o olhando.
- Eu sempre o amei. Só acreditei que não seria a mãe ideal para ele. - Confesso. - Pensei seriamente em entregá-lo para a adoção.
- E o que te fez mudar de ideia. - Simon me pergunta.
- Ele. - Suspiro. - Eu estava na porta do orfanato prestes a deixá-lo quando eu olhei para ele e pedi desculpas. Tom olhou para mim e sorriu. Eu chorei e ele continuou sorrindo enquanto passava sua mãozinha no meu rosto. Eu não consegui deixá-lo. Fui fraca e, Deus, ainda bem que eu fui fraca. Levei ele pra casa e prometi que ia tentar ser uma mãe melhor. Tom teve tanto amor e paciência por mim...
- Ainda bem que você foi fraca. - Simon deu um sorriso de lado. - Vocês dois são tudo o que tenho na vida.

Eu me estiquei e beijei Simon o que nos levou a mais uma rodada de sexo.

O passado estava para trás.
Só que eu não sabia que estava errada...

Where Do Broken Hearts Go - Prove You Wrong 2Onde histórias criam vida. Descubra agora