Uma decisão

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Ambar Smith

A noticia de que a minha mãe chegaria em poucas horas me pegou de surpresa. Ela tinha me ligado minutos antes do avião decolar apenas para me contar isso e que tinha algo muito importante para me contar.

Eu sentia saudades da minha mãe. Conversávamos constantemente através de vídeos chamadas mais não era a mesma coisa de estar sentindo seus carinhos e seu calor. Sei que tivemos um passado conturbado mais eu soube amadurecer e deixar para trás. Sharon Benson Smith pode não ter me gerado mais ainda assim era a minha mãe.

- Será que podemos ter aquela conversa seria? – Ela me pergunta.

- Podemos deixar para depois. – Digo. – Tem pouco mais de três horas que você chegou e deveria descansar.

- Ambar eu não vou poder descansar enquanto eu não te contar a verdade. – Minha mãe me diz e eu olho para Simon que está com um Tom adormecido nos braços.

- Tudo bem então. – Digo respirando fundo e controlando meu nervosismo. – Vamos então.

Para a minha surpresa, minha mãe e meu avô se levantam e caminham em direção ao escritório. Eu olho para Simon que me tranqüiliza com um olhar antes de segui-los. Assim que entro, vejo meu avô servindo três doses de whisky grandes e eu sei que a conversa é muito seria.

- O que está acontecendo? – Pergunto enquanto pego o copo que meu avô me oferece e tomo um gole da bebida.

- Eu preciso te contar algo importante. – Minha mãe aponta para o sofá e eu me sento. Vovô Alfredo se senta ao meu lado e segura minhas mãos. – Lembra que eu te disse que seus pais biológicos morreram em um acidente de carro?

- Claro. – Digo ainda sem entender nada.

- Eles não morreram. – Minha mãe diz. – Quer dizer, seu pai biológico morreu mais sua mãe biológica está viva.

- O que? – Pergunto chocada.

- Exatamente. – Minha mãe diz. – Ela vem te procurando tem alguns anos para fazer algo.

- O que ela quer? – Pergunto ríspida.

- Ela quer que você assine um documento transferindo a herança que você tem direito por parte deles para ela. – Ela me explica calmamente.

- Me explica tudo, por favor. – Peço confusa.

Então a minha mãe me conta toda a minha história. Eu escuto cada detalhe da minha vida completamente chocada e abismada. Escuto como Silvana tentou matar minha mãe e meu avô e como ela conseguiu matar meu pai. Então eu percebo como eles me protegeram bem enquanto eu fiquei pensando ser odiada pela minha mãe e amada apenas pelo meu pai.

Ao final de tudo, minhas mãos tremem e meu avô me encoraja a beber todo o liquido amarronzado do copo na minha mão.

- Então ela me abandonou? – Pergunto e minha mãe me confirma com um leve aceno de cabeça. – E agora está me procurando apenas porque quer o dinheiro?

- É. – Minha mãe engole seco. – É exatamente isso. Eu sinto muito Ambar.

- Tudo bem mãe. – Digo me sentindo confusa mais ainda confiante. – Marque um dia para que eu possa encontrá-la.

- Você quer realmente fazer isso? – Meu Avô me pergunta chocado.
- Quero. – Digo e sorrio levemente para eles. – Apenas para dar todo o dinheiro que aquela mulher quer e acabar com qualquer vinculo que eu possa possuir com aquela família. – Vejo meu avô suspirar e minha mãe sorrir. – Você são minha família mesmo eu não possuindo o mesmo sangue que vocês. Eu sou uma Benson. Sou uma Smith. Meu filho é um Smith. Os Meirelles nunca foram minha família e eu não quero que seja a partir de agora. Deles eu só quero distancia.

Abraço minha mãe e meu avô e minha mãe me garante que entrará em contato com Silvana para por um fim nessa perseguição que já durou tempo demais. Saio do escritório apenas para encarar os olhares nervosos dos meus primos e do meu noivo. Apenas sorrio e assinto que está tudo bem e vejo eles se tranqüilizarem.

- Bem, acho melhor levarmos Thomas para casa. – Digo.

- Ainda acho que está cedo. – Minha mãe diz.

- Sim, eu sei, mais Tom está dormindo e só deve acordar agora amanhã. – Falo e uma idéia me surge. – Amanhã deixo ele aqui para passar o dia com vocês.

- Isso vai ser perfeito. – Vovô Alfredo diz feliz e minha mãe sorri.

Me despeço de todos junto de Simon e nós vamos para nossa casa. Quando chegamos, Simon cuida de ajeitar nosso filho em sua cama enquanto eu vou e tomo um longo banho quente. Enquanto a água cai sobre as minhas costas, eu reflito e noto algumas semelhanças entre eu e Silvana como os olhos mais deixo isso de lado e desligo o chuveiro dando por encerrado qualquer tipo de pensamento em torno dessa mulher.

Quando abro a porta do Box, encontro Simon encostado no batente da porta me olhando. Ele se aproxima de mim enquanto enrolo meu corpo na toalha e me abraça sem se importar se estou molhada.

- Eu te amo. – Ele diz baixo enquanto beija meu ombro.

- Tambem te amo. – Digo e ele se afasta e me beija levemente.

Simon me leva ao nosso quarto e trata de secar meu corpo e fazer uma massagem relaxante com um hidratante sem nenhum cunho sexual. Ele não diz nada e apenas me espera falar o que quer que eu quero falar. No fim, ele me dá uma de suas camisetas para que eu possa vestir e vai para o chuveiro. Me ajeito debaixo das cobertas e espero por ele que volta alguns minutos depois e se junta a mim me envolvendo em seus braços.

- Eu tenho uma mãe biológica. – Digo enquanto me aninho em seu peito.

- Eu sei. – Ele diz.

- E ela só quer saber do meu dinheiro. – Falo suspirando.

- Eu sei. – Simon beija minha cabeça.

- Como você sabe? – Pergunto e me levanto olhando para ele.

- Pedro me contou enquanto estávamos em Madrid. Esse foi um dos motivos para ele nos fazer uma visita. – Simon confessa e eu apenas assinto. – Não queria te esconder isso mais também entendendo que esse não era um assunto meu.

- Está tudo bem. – Digo e volto a me deitar.

- O que você vai fazer? – Ele me pergunta voltando a me aquecer com seus braços.

- Vou dar o dinheiro que ela tanto quer. – Falo. – Não quero ter ligação com uma família que nunca se importou comigo.

- Não quer nem saber as razões deles? – Simon me pergunta e me faz pensar por trinta segundos.

- Não. – Suspiro. – Eles tiveram tempo para correr atrás de mim, agora só é tarde demais. – Olho para ele. – Agora eu tenho você, tenho Tom, tenho nossos amigos e a nossa família. Eu não preciso de mais nada.

- As vezes acho que eu não posso me apaixonar mais por você, Peixinha, só que você vem e mostra que eu estou errado.

Simon me beija e me faz com que eu me sinta a mulher mais sortuda do mundo apenas por ter seu amor. Me sinto em paz com as minhas decisões porque sei que tenho o apoio da minha família.

Da minha verdadeira família.

Where Do Broken Hearts Go - Prove You Wrong 2Onde histórias criam vida. Descubra agora