Um mês e duas semanas tinham se passado, o dormitório estava reconstruído e os alunos passavam de um lado para o outro com caixas e mais caixas. O pai de Todoroki, os pais de Momo e mais alguns pais com mais dinheiros deram alguns objetos que foram perdidos no incêndio.
Midoriya passava com um carrinho de mercado com três caixas com seus remédios e coisas necessárias, Todoroki o ajudava carregando duas caixas menores para ajudar. Shinsou carregava alguns lençóis enquanto Kaminari carregava duas caixas grandes.
O corredor era uma bagunça, as caixas tinham sido colocadas do lado de fora do dormitório, então a todo momento se via alunos com aquelas caixas.
— Eu perdi a foto com a minha mãe e meus irmãos. — Shouto disse assim que pôs as caixas no chão junto com Midoriya.
Sero apareceu com suas caixas e colocou ali, as cicatrizes estavam marcadas no braço e enroladas com faixas. Ele ainda sentia dor mas não era muita, Ojiro passou por ali com Mirio o empurrando na cadeira de rodas e gritando "cuidado, caixas motorizadas passando!", enquanto todos davam espaço e riam daquela loucura, o – ex – jogador nunca mais poderia jogar e sentiria dor pelo resto da vida, mas estava vivo e comemorava isso todos os dias.
Tokoyami pegava a pequena caixa com os itens que tinham sobrado do incêndio, tinham colocado em caixas em cada quarto como uma lembrança, ele estava sentado na cama tirando as coisas dali de dentro, tinha sua correntinha que tinha ganhado de uma garota doida que conheceu a anos atrás.
Olhou a marca no braço direito, rindo soprado. — Se fosse no braço esquerdo pelo menos eu tinha me livrado desse maldito nome.
Um jovem de quinze anos apaixonado tinha tatuado o nome Yuki no braço com o namorado, e carregaria o fardo de ter o braço marcado para sempre. Era irônico ter se queimado no mesmo lugar da tatuagem mas no outro braço.
Midoriya estava no quarto de Shinsou enquanto Kaminari ajudava Sero em seu quarto – uma desculpa para que os dois garotos ficassem juntos um tempo –, Shinsou estava colando os pôsteres que tinha trazido consigo enquanto o esverdeado balançava as pernas para fora da cama.
— O que fez lá fora? — Midoriya questionou enquanto Hitoshi tirava uma caixa da porta.
— Fiz mais um piercing. — Deu língua para o garoto mostrando a peça metálica em seguida passando pelos dentes fazendo um barulho engraçado. — E você?
O esverdeado se jogou para trás suspirando. — Fugindo dos cuidados excessivos da minha mãe. Eu amo ela, mas eu não posso fazer nada quando eu to em casa, na verdade se eu aparecesse com um piercing ela surtaria, eu tenho certeza.
Shinsou sorriu de lado passando a língua pelos lábios. — Tá aí, adoro ver os velhos surtarem, vou te levar pra fazer um piercing, você pode começar pelo da sobrancelha ou pela orelha.
Midoriya deu um sorriso pela ideia.
A noite caiu mais rápida que o esperado, o "toque de recolher" já havia sido feito, todos deveriam estar nos devidos quartos, menos Sero que estava no quarto de Kaminari e Shinsou. O arroxeado que estava sentado na janela fumando um cigarro enquanto Kaminari jogava Nintendo DS (que tinha conseguido salvar). Sero estava sentado na cama perto de Shinsou e os dois cantavam uma música qualquer.
O arroxeado olhou para o namorado observando o fone de ouvido e então se pronunciou, olhando para Sero. — Eu sei que você gosta dele.
Sero engasgou negando com a cabeça. — Que isso cara, não, somos – mais tosse – amigos.
— Não me incomoda você gostar dele ou ele gostar de você, felizmente meu loirinho nasceu com o dom de saber amar todo mundo, e saber distribuir esse amor sem deixar faltar. — Shinsou então apagou o cigarro e desceu da janela pulando na cama, Kaminari estava concentrado demais no jogo para perceber algo. — Sabe, você é bonito, maneiro pra caralho e faz meu loiro feliz, eu gosto de você moleque.
Shinsou era um ou dois anos mais velho que os garotos. — Ah, obrig- engoliu os agradecimentos com o arroxeado pressionando os lábios nos dele. Sero se obrigou a se afastar mesmo que seus membros parecessem congelados no lugar.
— H-Hey! — Protestou assim que se separou, Hitoshi desviou o olhar cansado ainda sorrindo, Kaminari os olhava. — Ah Denki e-eu...
Os dois namorados abraçaram o moreno, que ficou no meio. Denki fechou os olhos distribuindo beijinhos na bochecha do melhor amigo, enquanto Shinsou apertava a cintura dele. — Gostamos de você Sero, não gosta da gente?
Ok. Ou ele tinha usado as drogas que ele sabia que Hitoshi usava, ou ele tava sonhando, afinal ele gostava ou não? De Denki ele sabia que sim, mas e do Shinsou, ele gostava?
Uraraka estava quase dormindo quando uns grunhidinhos chamaram sua atenção, ela se virou da parede para a outra cama (de sua colega de quarto), que dormia com uma touca e dava tremidas. — Hagakure-san, tá com frio?
— Ah, e-eu te acordei? — Ela virou devagar, a escuridão impedindo que a outra menina visse seu rosto. — Não, não é nada.
Ochaco se levantou indo sentar na cama da outra menina, acendeu o abajur de nuvem posto do lado da cama. — Você tá chorando. — Concluiu enquanto a outra tentava esconder seu rosto debaixo do grosso edredom. — Ah, vai me dizer que é por causa daquilo?
— Uraraka-san, eu tenho um... Um pênis, incompleto, mas ele está ali. — Disse abafado pelo cobertor, e então o tirou do rosto. — Isso me torna uma porra de uma aberração.
A segunda garota bateu na própria testa. — Você esquece que o Sero-san é um garoto que tem uma vagina, não é? Então você acha que ele é uma aberração, que coisa horrível.
— Não! — Ela passou as mãos no rosto com força. — Sero-kun é um garoto perfeito, perfeito! Eu, só eu sou uma aberração! Eu!
— Se você se acha uma aberração por ser uma garota com pênis, você acha que Sero-san é uma aberração por ter uma vagina e ser um garoto.
Hagakure pontuou o que Uraraka tinha dito e então agarrou o tronco da outra menina, se apoiando nas pernas dela para chorar, a segunda passava a mão devagar pelas costas da (ex) líder de torcida, enquanto começava a cantar uma música baixinho.
— Eu não acho o Sero-kun uma aberração, nem qualquer outra pessoa diferente do padrão. — Fungou.
Uraraka então respirou fundo. — Então não se ache uma, porque assim você ofende a toda uma comunidade de pessoas.
Hagakure Tooru era uma garota, não era uma aberração de jeito nenhum.
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Boys Don't Cry •KiriBaku•
Teen FictionExiste um grande clichê de colocarem o nerd e o esportista no mesmo quarto. Um pouco diferente quando o nerd não é pequeno, nem fraco e muito menos submisso. Estamos falando de Bakugou Katsuki, o explosivo loiro de notas altas, cabelo espetados e ol...