81- Pequena Jasmine

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Meses depois

SUMMER

Acordei de madrugada com o suor escorrendo por minha testa e  com dor. A cama também estava molhada e aquilo pareceu acordar Carl, já que ele me encarou assustado.

- Sua bolsa... - ele diz se levantando da cama e vestindo sua calça. - Vou chamar o Siddiq! Não sai daqui.

- Não sairia nem se pudesse - digo entre dentes tentando não sentir toda a dor que estava vindo.

Eu já tinha passado por aquilo uma vez, já tinha consciência do que estava por vir e o que teria que fazer. Só que só de pensar que teria que fazer toda aquela força me dava vontade de desanimar, de pedir para ele enfiar a faca logo de uma vez e tirar minha filha pra fora.

Por sorte a casa de Siddiq era apenas duas a frente da nossa, fazendo com que Carl e ele voltassem mais rápido do que imaginava.

- Sua dilatação nem começou. - Siddiq diz - Summer tem alguma coisa errada.

Seus dedos se mancharam de sangue e eu senti medo. A mãe de Carl havia morrido por causa daquilo.

- Carl!

- Vão dar tudo certo, vai dar tudo certo!  - ele diz beijando minha testa e segurando minha mão. - Vai dar tudo certo Sum.

- E se não der Carl? E se eu morrer? E se nossa filha morrer?

- Vai dar tudo certo, eu vou buscar os equipamentos que eu preciso e vou fazer o parto. Vai ter que ser uma cesariana Summer, senão for você ou a bebê podem morrer e não queremos isso aqui!

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Meu corpo estava fraco. Minha respiração ofegante. E uma enorme vontade de chorar. O choro da minha filha preenchia o quarto e me deixava extasiada.

- Ela é uma menina muito forte! - Siddiq diz - Saudável e grande. Deu tudo certo Summer. Você tem sua filha.

Abro os olhos e encaro o pequeno corpo que estava sendo colado contra meu peito. Seu choro de vida me trazia alegria e tudo havia dado certo. - tirando a parte que a minha barriga estava cortada e sendo costurada, só que aquilo era de menos agora -.

- Nossa filha meu amor, nossa bebê! - Carl diz se sentando ao meu lado - Nossa pequena Jasmine. 

Jasminy era o nome do meio da minha irmã. Era o nome da nossa avó pelo o que sabíamos e pelo o que Enid me contou, dizendo que os presentes de dia das crianças ou Natal que ganhávamos no orfanato, eram dela.

- Nossa segunda chance! - digo - Nossa chance de sermos melhores, de fazer dar certo.

O contato da boca da pequena criança em meu seio me causava alegria e uma onda de anestesia. Era um momento meu e dela. Eu estava alimentando minha pequena filha.

- Posso leva - la para a enfermaria depois? - Siddiq pede me vendo o encarar e concordar - Preciso pesar, medir e ver se está tudo bem com ela.

- Tudo bem. Eu...eu só quero aproveitar esse momento mais um pouco. - digo passando a ponta dos meus dedos sobre seus cabelos ralos e rosto gordo.

Suas mãos pequenas batiam no meu seio, ela parecia querer pega - lo.

- Alguém está querendo mais! - Carl diz passando seu braço por minhas contas e me abraçando. - Você tá com muita fome meu amor? Muita né!

- Acho que ela vai ser uma comilona! - digo o encarando - Ela está dando sugadas fortes.

- Seu peito pode estar entupido - Siddiq diz - Se ela continuar assim, temos que resolver essa questão.

- O leite estava vazando sem parar! - Carl conta me fazendo concordar - Tanto que ela passou a usar roupa preta pra dar uma disfarçada, já que nada estava dando certo.

- Vou avaliar isso depois!

Encaro minha filha e vejo Siddiq se aproximar para pega -la.

- Vou fazer - la arrotar no caminho.

- Carl, pega as cobertas dela no armário, segunda porta! -peço.

Minha filha foi enrolada na coberta e Carl entregou a Siddiq uma muda de roupas para vestir nela depois que a examina - se.

- Amanhã de manhã, você pode ir na enfermaria pega - la. Vou passar a madrugada de olho nela, não se preocupe.

A falta do peso da minha bebê em meus braços me deixou triste e com um sentimento de que algo estava faltando.

- Queria ficar mais com ela! - digo vendo Carl se aproximar de mim. - Pode me colocar na poltrona se quiser.

Meu corpo foi carregado até a poltrona e eu sorri ao sentir um beijo em minha testa. Carl retirou o colchão da cama, assim como os lençóis sujos e os deixou em um canto do quarto.

- Eu vou buscar o outro colchão! - ele diz saindo.

Respiro fundo e sorrio.

𝑨𝒎𝒐𝒏𝒈 𝑻𝒉𝒆 𝑫𝒆𝒂𝒅 ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora