𝑨𝒎𝒐𝒏𝒈 𝑻𝒉𝒆 𝑫𝒆𝒂𝒅 ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ

69 - Resolvendo os problemas que vocês criaram

SUMMER

Os zumbis passavam por mim e eu podia ouvir alguns gritos ao longe. A minha visão no topo daquele morro não podia ser melhor, de lá eu podia ver o desespero dos sussuradores, podia ver o fogo avançando e podia sentir o medo se instalando.

As outras armadilhas estavam armadas, todas ao longo de vários quilômetros a dentro da floresta, na nossa parte da fronteira. Se eles quebrassem o acordo iriam sofrer ainda mais.

Encaro o chão por alguns momentos e penso no povo de Alexandria, de Hilltop e Reino, eles ficariam gratos pelo que eu estava fazendo, mas também pensariam que eu havia me tornado alguém fria, o que não era nem verdade nem mentira, so estava matando para salvar minha família, meus amigos, criando tempo para enfim podermos entrar em uma guerra contra aquele povo carniceiro.

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As grades fizeram barulho quando se abriram, assim como o portão logo depois. O olhar assustado das pessoas me lembravam da vez que me confundiram com minha irmã morta.

Passei por eles vendo alguns correrem para longe e caminho até minha casa, onde encontro Henry sentado no sofá da sala. Seu olhar não mudou quando me viu, eu apenas me sentei ao lado e tombei minha cabeça em seu pescoço.

- Está feito. - digo. - A fronteira está posta e...

A porta foi aberta com violência e Carl entrou me encarando. Seus braços me puxaram para cima e ele me abraçou com força, seus lábios colaram nos meus e eu me senti aliviada.

- Onde estava?

- Resolvendo alguns problemas futuros! - respondo caminhando até meu quarto. Não queria platéia pra minha conversa com Carl, não queria que ninguém escutasse nossa briga - que eu sabia que iria acontecer -. - Entra aí.

- Henry disse que você tinha saído pra matar zumbis, pensei que você voltaria no mesmo dia, só que não voltou, aí ele disse que era longe, que você precisava daquele tempo sozinha e eu deixei. Onde estava?

- Já disse; resolvendo problemas futuros.

- Isso não explica muita coisa.

Fecho os olhos e tiro minha blusa manchada de sangue, a colocando no canto do quarto para poder lavar depois.

- Fiquei dias observando os sussuradores, matei alguns do grupo deles, arranquei suas cabeças e no fim coloquei elas em estacas, as quais se tornaram a fronteira. Se eles passarem eles morrem pelas armadilhas e minas terrestres, eu sempre vou saber se algum deles resolver dar uma de esperto. - digo mostrando o aparelho pequeno em minha mão. - Sensor de temperatura, consegui em uma busca ano passado, não tinha conseguido achar uma forma de usar até que tive a idéia de...

- Começar uma guerra?

Bufo de raiva e me sento na cama.

- Não começa, ok? Eu dei um tempo pra nós enquanto você e  qualquer um dessa comunidade tenta viver normalmente, esquecendo que lá fora tem coisas que precisam ser resolvidas, problemas que vocês criaram.

- Não estamos tentando viver normalmente, sabemos as coisas que existem lá fora, por isso todos tem que dar suas opiniões e esperar pelo meu pai.

- Seu pai já foi um líder melhor. - digo - A merda dessas comunidade já foi mais organizada. Desde quando vocês não enxergam as coisas que estão acontecendo? Primeiro a morte da Rosita, depois veio a Lydia, depois vocês entregaram ela pra mãe, o grupo de sussuradores próximos ao muro. Vocês só estão de braços cruzados enquanto eu, a única pessoa que parece estar pensando nessa porra, arruma um jeito de dar mais tempo para nos preparar para a guerra que está por vir.

- E matar o povo dela e colocar a cabeça deles em uma estaca ajuda nisso?

- Claro que ajuda, assim eles sabem do que somos capazes. - respondo puxando minha toalha e uma muda de roupas novas.

- Do que somos capazes? Do que você é  capaz, Summer. Ninguém pediu pra você dar uma de guerreira apocalíptica e arrancar as cabeças de algumas pessoas, ninguém pediu pra você...

- Eles mataram minha amiga, mataram alguém da minha família e isso eu não vou aceitar calada. Esperando que eles aparecem mais uma vez no nosso portão. Abre o olho Carl, abre a porra do seu olho que ainda funciona.

Passo por ele entrando no banheiro e bato a porta. Meu reflexo no espelho não parecia nada mau se fosse levar em consideração as várias noites sem dormir e toda a agitação.

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