Um

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Copyright © 2020 by Mrs Stilinsky
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•••

Eu não poderia ter desconfiado, porque as circunstâncias nem denunciavam.

Eu estava no segundo ano de enfermagem, satisfeita com o curso, tinha um namoro maravilhoso e tudo o que poderia quer.
Realmente minha vida estava em sua melhor fase.

Sorri sentindo os braços fortes e quentes de meu namorado abraçarem meu corpo deixando beijinhos em meu rosto.

- que tal uma pizza hoje?- perguntou e fiz careta.

- pizza, amor?

- o que foi? Você ama pizza!

- não estou muito afim.- peguei minha garrafa de água a fim de diminuir a sensação estranha em meu estômago. Além de estar muito preguiçosa.

- você nunca está afim, Liara!- ele me encarou de cenho franzido.- o que está acontecendo?

- nada amor, só estou cansada!

- hoje é terça!

- Zach!- gritei e ficamos em silêncio nos encarando enquanto eu tentava não surtar.- por favor, apenas me deixe em casa.

Ele dirigiu em silêncio por todo o caminho. Parou em frente a minha casa e suspirou finalmente me encarando.

- você está mesmo bem?

- sim, amor, só descanso.

- não, Lia. Ultimamente você está assim, estranha, cansada e sei la que outras coisas.

- não é nada de mais.

Saí do carro e entrei rapidamente em casa procurando algum sinal de minha mãe.

- mãe?- ninguém respondeu.- dona Nívea?

Concluí que minha mãe não estava e fui diretamente para meu quarto tirar as roupas que tanto me causavam fadiga e desconforto.
Deixei meu sutiã cair sobre a cama e massageei meus seios doloridos me encarando no espelho.
Eu havia ganho peso desde que só ando de carro com Zach e como besteiras. Mas nada muito grande.

Tomei um banho rápido e me coloquei confortável num pijama felpudo descendo até a cozinha em busca de algo para extinguir minha fome de gigante.
Abri o frigorífico e minha careta foi instantânea com o cheiro forte de alguma coisa nada agradável.
Corri para o banheiro e vomitei o que havia em meu estômago.

- filha?

- estou aqui, mãe!- dei a descarga e começei escovando meus dentes quando notei sua presença na porta.- pensei que chegaria mais cedo.- falei.

- não pude sair mais cedo.- deu de ombros.- tudo bem? Estas pálida.

- estou bem mãe.

- bem, Lia?- ele inclinou a cabeça e se apoiou na porta.- você tem estado muito cansada ultimamente, ou preguiçosa, não sei. Ou come tudo, ou não come nada. E agora está mais branca do que um fantasma.- falou.- alguma coisa para me contar?

- coisa? Que coisa, mãe?

- você que sabe.- saiu da porta.- amanhã te levo no médico.

- mãe!!- andei atrás dela protestando.- tenho 19!

- e daí?!

- quase 20. Posso ir sozinha.

- Liara Benson, eu te levaria ao médico até se tivesse 45!

•••

Eu me recusava a pensar naquilo, por alguma razão. Mas ali no fundo do meu subconsciente, a ideia veio na minha cabeça e por isso não pude dormir.

Mas como seria possível?

Na manhã seguinte eu passei no médico com minha mãe e fiquei mais tranquila com a ideia de ser apenas uma virose.
Mas o tempo foi passando, e nada melhorou, nem mesmo com os medicamentos.
E então quando eu tomei coragem, e ela desapareceu tão rápida quanto veio.

Meu corpo gelou por completo encarando o objeto sobre a pia e eu não pude me mexer. Meu estômago embrulhou e meu tudo saiu novamente de meu estômago.

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Um bebê.

- não, não, não pode ser.

O pânico se apoderou de meu corpo por completo e tudo começou se encaixando.

Os enjoos, o cansaço...
Eu estava grávida. Grávida aos 19 e com a porra de um DIU hormonal no meu útero exatamente para impedir essa desgraça.

Pela terceira vez, eu tirei toda a comida de meu estômago já não sabendo se era enjôo ou pânico.
Meu corpo estava gelado e tremia tão rápido quanto a velocidade de meus pensamentos confusos e ansiosos.
Lágrimas deslizaram por minha bochecha e um soluço escapou.

- meu deus! Meu deus!

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